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quinta-feira, 4 de abril de 2013

«O QUE E QUEM É NORMAL»


Como sabemos o que é ou não é normal?

Os seres humanos estão imersos nas suas culturas como os peixes estão na água. Assim, a avaliação de um comportamento como normal, ou de um cidadão ser ou não normal, ou anormal, tem sempre de levar em conta o contexto social e cultural em que ocorre esse comportamento ou quem se imagina o cidadão.

Cultura é uma designação genérica que abrange a sociedade e as suas tradições, religião, governo e costumes, tais como as cerimónias, o vestuário, as canções, as danças e os jogos.

Todas as culturas tendem a preservar-se educando os seus membros nos seus princípios, tradições e crenças desde a primeira infância.

Antes da linguagem escrita, as tradições eram transmitidas oralmente de geração em geração, pelos sacerdotes, pelos narradores de histórias e pelos trovadores.

Aquilo que numa cultura é considerado normal é, em geral, amplamente apoiado no seu seio, mas actos semelhantes podem, noutras culturas, ser considerados marginais  ou condenáveis..

A maioria das culturas, por exemplo, aceita como natural matar insectos nocivos, mas a seita indiana dos Jain recusa-se a matar qualquer ser, mesmo um mosquito.

A veneração de um ser divino, as sanções contra certas formas de morte e o tabu do incesto parecem existir em todas as culturas – à parte estas, há poucas ou nenhumas leis culturais universais.

Quando dizemos acerca do comportamento de alguém “isto não é normal”, os nossos amigos, provavelmente, concordam.

Mas os nossos amigos partilham naturalmente os nossos padrões culturais.

A flexibilidade individual que nos é permitida nalguns aspectos, como o sexo, a idade e a posição social, torna difícil o estabelecimento de distinções absolutas entre o comportamento normal e o anormal.

Em face disto, percebe-se porque razão os psicólogos se munem de todas as precauções ao examinarem o comportamento humano.

Com efeito, um diagnóstico errado pode originar discriminação social e o tratamento inadequado da pessoa mal diagnosticada.

E, pergunto, se o ainda presidente da Câmara de Oeiras é ou nãqo um cidadão normal, como ele próprio afirma, dizendo que não é, afinal, um cidadão normal, dizendo: “Se fosse um cidadão normal não teria sido condenado”!

Ora, para além dos psicólogos existem os psiquiatras que avaliam até que ponto este ou aquele possuem um grau de normalidade ou de anormalidade. Pelo que, e sem mais demoras, deveriam os Juízes mandar proceder a um exame médico-legal acerca da anormalidade confessada pelo senhor Isaltino de Morais.

Se o EML traçar um diagnóstico de anormalidade, de inimputabilidade, então o senhor Isaltino deve ser novamente julgado e condenado, desta vez a um tratamento em hospital psiquiátrico, uma vez que além de ele próprio não se considerar um cidadão normal, tudo deverá ser visto e revisto por um especialista forense e depois tido em conta pelos juízes. Entretanto, tal como muitos outros, já deveria estar na prisão pelos crimes cometidos, julgados de modo (im) parcial, visto que, como ele próprio afirma, não se trata de um cidadão normal.

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