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quarta-feira, 3 de abril de 2013

«VISITA AO HOSPITAL PSIQUIÁTRICO»


Dentro de todas as políticas sociais protegidas e praticadas pelo actual governo, o mesmo programou uma visita a um hospital psiquiátrico algures no país, assim o fazendo saber à Administração, e que tal visita se realizaria dentro de dias, pela manhã.

Quando recebeu a comunicação, logo se reuniu toda a administração que, seguidamente, enviou uma ordem de serviço, para todas as enfermarias, para que se procedesse em conformidade.

Foi também enviada uma ordem de serviço ao cozinheiro, para que naquele dia se esmerasse e melhorasse a ementa, assim como a todos os médicos e enfermeiros, para que mantivessem os pacientes bem dispostos e os incitassem a aplaudir os governantes.

De imediato começaram os preparativos, dando alguns dos responsáveis a liberdade aos doentes de ornamentarem as enfermarias a seu gosto, e, como o hospital tinha uma quinta, alguns procuraram flores campestres para colocarem nas enfermarias.

Os dias iam passando e aumentava a tensão, pois todos queriam agradar a suas excelências, sobretudo os internados, que atá já tinham entoado umas formas de manifestações de regozijo pela visita dos governantes, e seriam todos os ministros em bloco.

Chegado o grande dia, manhã bem cedo, foram mandados levantar-se, tomarem banho, fazerem a barba, pentear bem o cabelo e vestir as melhores roupas que tinham sido levadas pelos familiares nas vésperas.

No comunicado recebido pala administração, era bem vincada a recomendação de todos os trabalhadores evitarem vestir qualquer bata que os identificassem como o que eram. Nem médicos, nem enfermeiros, ninguém deveria usar qualquer uniforme, o que foi cumprido.

Pelas 10,30 horas do dia marcado, chegaram os governantes em belos e pomposos carros, tendo a administração em bloco à sua espera, pois era necessário manter os protocolos. Após as apresentações, o administrador e o director perguntaram se pretendiam dar início à visita por uma enfermaria de senhoras ou de homens.

Todas estavam preparadas e disso se haviam certificado antes da chegada dos governantes.

Falou o senhor Pedro, como líder do governo, afirmando que apesar de tanto lhe dar, primeiro estavam as senhoras, e por ali começaram. Tudo estava um brinquinho e por isso foram felicitadas todas as pessoas, doentes e funcionárias, o que muito agradou ao director e ao administrador.

Seguidamente, dirigiram-se a uma enfermaria de homens, que os receberam com vivas estrondosos: “Viva o Primeiro-Ministro”, “Viva o Governo”, ousando alguns cumprimentarem de mão o feliz primeiro-ministro, que respondeu com todo o prazer.

A um canto, no entanto, estava um grupo de pessoas que não abriu a boca, não fez um único gesto, nada de nada, mostrando inclusive um ar alheado, como se estivessem longe dali.

Curioso, o senhor Pedro dirigiu-se-lhes, perguntando porque razão se mantinham afastados e frios em relação ao seu governo.

Então, um deles, respondeu: “É que nós somos médicos e enfermeiros. Não somos doentes!”

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