Dentro de todas as políticas sociais
protegidas e praticadas pelo actual governo, o mesmo programou uma visita a um
hospital psiquiátrico algures no país, assim o fazendo saber à Administração, e
que tal visita se realizaria dentro de dias, pela manhã.
Quando recebeu a comunicação, logo se reuniu
toda a administração que, seguidamente, enviou uma ordem de serviço, para todas
as enfermarias, para que se procedesse em conformidade.
Foi também enviada uma ordem de serviço ao
cozinheiro, para que naquele dia se esmerasse e melhorasse a ementa, assim como
a todos os médicos e enfermeiros, para que mantivessem os pacientes bem
dispostos e os incitassem a aplaudir os governantes.
De imediato começaram os preparativos, dando
alguns dos responsáveis a liberdade aos doentes de ornamentarem as enfermarias
a seu gosto, e, como o hospital tinha uma quinta, alguns procuraram flores
campestres para colocarem nas enfermarias.
Os dias iam passando e aumentava a tensão,
pois todos queriam agradar a suas excelências, sobretudo os internados, que atá
já tinham entoado umas formas de manifestações de regozijo pela visita dos
governantes, e seriam todos os ministros em bloco.
Chegado o grande dia, manhã bem cedo, foram
mandados levantar-se, tomarem banho, fazerem a barba, pentear bem o cabelo e
vestir as melhores roupas que tinham sido levadas pelos familiares nas
vésperas.
No comunicado recebido pala administração,
era bem vincada a recomendação de todos os trabalhadores evitarem vestir
qualquer bata que os identificassem como o que eram. Nem médicos, nem
enfermeiros, ninguém deveria usar qualquer uniforme, o que foi cumprido.
Pelas 10,30 horas do dia marcado, chegaram os
governantes em belos e pomposos carros, tendo a administração em bloco à sua
espera, pois era necessário manter os protocolos. Após as apresentações, o
administrador e o director perguntaram se pretendiam dar início à visita por
uma enfermaria de senhoras ou de homens.
Todas estavam preparadas e disso se haviam
certificado antes da chegada dos governantes.
Falou o senhor Pedro, como líder do governo,
afirmando que apesar de tanto lhe dar, primeiro estavam as senhoras, e por ali
começaram. Tudo estava um brinquinho e por isso foram felicitadas todas as
pessoas, doentes e funcionárias, o que muito agradou ao director e ao
administrador.
Seguidamente, dirigiram-se a uma enfermaria
de homens, que os receberam com vivas estrondosos: “Viva o Primeiro-Ministro”, “Viva
o Governo”, ousando alguns cumprimentarem de mão o feliz primeiro-ministro, que
respondeu com todo o prazer.
A um canto, no entanto, estava um grupo de
pessoas que não abriu a boca, não fez um único gesto, nada de nada, mostrando
inclusive um ar alheado, como se estivessem longe dali.
Curioso, o senhor Pedro dirigiu-se-lhes,
perguntando porque razão se mantinham afastados e frios em relação ao seu
governo.
Então, um deles, respondeu: “É que nós somos
médicos e enfermeiros. Não somos doentes!”
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