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segunda-feira, 1 de abril de 2013

«OS ENREDOS DA MENTIRA»


Freud acreditava que a mente era o “campo de batalha” onde se representavam os confrontos que envolvem as três instâncias básicas: o “id”, o “ego” e o “superego”. O id é a fracção dos impulsos primários, a mais primitiva e hedonística; o superego é a nossa consciência moral e social; o ego tenta a meditação entre aquelas duas e, simultaneamente, o relacionamento do indivíduo com a realidade exterior.

A maior parte da batalha trava-se abaixo da superfície consciente, e a maioria dos conflitos entre o id e o superego.

Destas conclusões teóricas resultou a técnica base da psicoterapia, a forma primária, mais longa e mais complexa da terapia pela fala – a psicanálise freudiana.

Freud acreditava que, a fim de se ver livre de impulsos inaceitáveis, o paciente os recalca, tornando-os inconscientes.

Mas eles sobrevivem no inconsciente, produzindo sintomas que se tornam fonte de sofrimento psicológico: ansiedade, complexos de culpa, medos irracionais, comportamentos compulsivos, depressões…

A psicanálise, segundo Freud, aliviava a tensão da mente ao fazer emergir estes impulsos reprimidos.

Ao trazê-los à superfície e ao conseguir lidar com eles com a ajuda do psicanalista, conseguia-se um equilíbrio mais estável entre o id, o ego e o superego. A ansiedade desaparecia ou tornava-se controlável.

O cenário da psicanálise freudiana, ou clássica, destina-se a descontrair a pessoa: a decoração é discreta e a luz é fraca.

Existe de facto um divã onde o paciente se deita, e o psicanalista senta-se forado campo de visão do paciente, estimulando-o a fazer associações de ideias e a dizer aquilo que lhe vem à mente.

Durante uma sessão típica de 50 minutos, o paciente fala sobre as suas esperanças, temores, fantasias, sonhos,  experiências, relações, o que quer que seja.

O psicanalista não faz qualquer tentativa de conversa, embora possa, aqui e ali, introduzir uma pergunta ou um breve comentário.

Concentra-se no que ouve, quer nos conteúdos propriamente ditos, quer na forma como são apresentados e associados: os factos, os impulsos, os conflitos que o paciente vem recalcando podem manifestar-se à superfície de forma simbólica não só nos sonhos e fantasias que descreve, mas também através de identificação (projecção nas figuras presentes), ou serem perceptíveis através do tipo de associação feito pelo paciente ao falar de assuntos aparentemente banais. É este o trabalho técnico específico e complexo do psicanalista.

Que, no caso específico das mentiras ditas e reditas tem sido descrito como alguém suficientemente doente para procurar a análise, mas também suficientemente são para a tolerar.

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