Freud acreditava que a mente era o “campo de
batalha” onde se representavam os confrontos que envolvem as três instâncias
básicas: o “id”, o “ego” e o “superego”. O id é a fracção dos impulsos
primários, a mais primitiva e hedonística; o superego é a nossa consciência
moral e social; o ego tenta a meditação entre aquelas duas e, simultaneamente,
o relacionamento do indivíduo com a realidade exterior.
A maior parte da batalha trava-se abaixo da
superfície consciente, e a maioria dos conflitos entre o id e o superego.
Destas conclusões teóricas resultou a técnica
base da psicoterapia, a forma primária, mais longa e mais complexa da terapia
pela fala – a psicanálise freudiana.
Freud acreditava que, a fim de se ver livre
de impulsos inaceitáveis, o paciente os recalca, tornando-os inconscientes.
Mas eles sobrevivem no inconsciente,
produzindo sintomas que se tornam fonte de sofrimento psicológico: ansiedade,
complexos de culpa, medos irracionais, comportamentos compulsivos, depressões…
A psicanálise, segundo Freud, aliviava a
tensão da mente ao fazer emergir estes impulsos reprimidos.
Ao trazê-los à superfície e ao conseguir
lidar com eles com a ajuda do psicanalista, conseguia-se um equilíbrio mais
estável entre o id, o ego e o superego. A ansiedade desaparecia ou tornava-se
controlável.
O cenário da psicanálise freudiana, ou
clássica, destina-se a descontrair a pessoa: a decoração é discreta e a luz é
fraca.
Existe de facto um divã onde o paciente se
deita, e o psicanalista senta-se forado campo de visão do paciente,
estimulando-o a fazer associações de ideias e a dizer aquilo que lhe vem à
mente.
Durante uma sessão típica de 50 minutos, o
paciente fala sobre as suas esperanças, temores, fantasias, sonhos, experiências, relações, o que quer que seja.
O psicanalista não faz qualquer tentativa de
conversa, embora possa, aqui e ali, introduzir uma pergunta ou um breve
comentário.
Concentra-se no que ouve, quer nos conteúdos
propriamente ditos, quer na forma como são apresentados e associados: os
factos, os impulsos, os conflitos que o paciente vem recalcando podem
manifestar-se à superfície de forma simbólica não só nos sonhos e fantasias que
descreve, mas também através de identificação (projecção nas figuras
presentes), ou serem perceptíveis através do tipo de associação feito pelo
paciente ao falar de assuntos aparentemente banais. É este o trabalho técnico
específico e complexo do psicanalista.
Que, no caso específico das mentiras ditas e
reditas tem sido descrito como alguém suficientemente doente para procurar a
análise, mas também suficientemente são para a tolerar.
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