Numa
reunião à porta fechada com os deputados da maioria, o primeiro-ministro voltou
a elogiar o líder do CDS.
Passos e
Portas estiveram numa reunião à porta fechada com os deputados dos dois
partidos
Tanto o primeiro-ministro como o líder do CDS – este numa
aparição inédita em reuniões com deputados das duas bancadas – voltaram a
tentar trazer o PS para o diálogo sobre as novas medidas, mas Paulo Portas
admitiu que os socialistas têm a agenda sequestrada pelas eleições autárquicas,
o que deixa pouca ou nenhuma margem para consensos.
Segundo os
relatos recolhidos pelo PÚBLICO, na reunião, que decorreu à porta fechada, os
deputados do PSD e do CDS (que somam 121 no total) ouviram mais do que
perguntaram. Pouco mais de sete inscrições para perguntas e nenhuma sobre a
contestada taxa sobre as pensões. Na intervenção inicial, Passos Coelho
confirmou que o Governo apresentou à troika um conjunto de medidas com um
impacto financeiro superior (4,8 mil milhões de euros) ao fixado para permitir
negociar com a própria troika, com os partidos e com os parceiros sociais.
Num discurso em que voltou a
elogiar Paulo Portas – que estava sentado ao seu lado – pelo trabalho feito no
desenho das medidas, Passos Coelho disse esperar que a sétima avaliação da
troika seja finalizada esta semana. E desafiou os partidos da oposição, em
particular o PS, a dizer qual a alternativa às medidas anunciadas, lembrando
que os socialistas assinaram o tratado orçamental que fixa limites da despesa
do Estado.
Na mesma linha, o ministro de
Estado e dos Negócios Estrangeiros disse ser necessário chamar o PS às suas
responsabilidades e referiu que António José Seguro está a pedir eleições
legislativas, mas que ainda falta muito tempo para o fim da legislatura. O
diálogo com a UGT voltou a ser sublinhado como importante pelo líder do CDS,
numa aproximação que tem vindo a fazer àquela central sindical. Questionado
pelos jornalistas sobre essa aproximação, o líder da UGT, Carlos Silva, saudou
que o CDS tenha vindo a mostrar essa convergência.
No final da reunião das duas
bancadas, só os líderes parlamentares falaram aos jornalistas para salientar o
tom de coesão na maioria. Confrontado pelos jornalistas com a contestação de
Paulo Portas à taxa sobre as pensões, Nuno Magalhães (CDS) lembrou que as
medidas estão ainda em aberto. E sobre se irá mesmo cair, o líder parlamentar
centrista deu uma resposta curta: “Veremos”.
PS: “Há
menorização” da AR
Apesar de o Governo garantir que
todas as portas estão abertas para o diálogo com o PS, os socialistas parecem
não sentir essa disponibilidade.
O líder parlamentar da bancada
socialista, Carlos Zorrinho, disse “estranhar” que o Governo não tenha pedido o
agendamento do debate no Parlamento do Documento de Estratégia Orçamental (DEO)
e considerou que essa é uma “estratégia de menorização” da Assembleia da
República.
As declarações foram feitas após a
conferência de líderes que também não marcou o debate sobre o Orçamento
Rectificativo, por não ser essa a vontade do Governo, tendo fechado os
agendamentos até ao dia 31 de Maio.
Assim as medidas de compensação ao
chumbo do Tribunal Constitucional só serão discutidas na Assembleia da
República em Junho, depois de o Governo ter indicado que o final de Maio era o
prazo para apresentar o Orçamento Rectificativo.
O líder parlamentar socialista
defende que o DEO deve ser discutido dez dias após a sua entrada no Parlamento
– o que aconteceu na terça-feira da passada semana –, uma vez que este
documento substitui o Pacto de Estabilidade e Crescimento.
O vice-presidente da bancada do
PSD Luís Menezes disse aos jornalistas que o debate sobre o DEO deve ser
acompanhado do “menu de medidas” anunciadas pelo primeiro-ministro e que ainda
serão debatidas com os partidos da oposição.
=Público=
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