Há ainda quem
pergunte quem são os “muito idosos”. Ora, com tantas pessoas a ultrapassarem os
65 anos, todos começaram a chamar “muito idosos” àqueles que sobrevivem aos
setenta e muitos anos.
Actualmente, nas
sociedades ocidentais, em especial europeias do sul (ou da periferia da
Europa), mais de 25% das pessoas acima dos 65 anos têm uma esperança de vida
superior aos 80 anos.
Mas, em Portugal, com
todos os cortes – verdadeiros roubos cometidos pelo actual governo – será que
podemos afirmar que a esperança de vida se manterá?
Corta-se nos serviços
de saúde, corta-se nas pensões e salários, aumentam-se as taxas moderadoras,
simula-se diminuir ao preço dos medicamentos, retiram-se isenções deferidas por
juntas médicas, encerram-se serviços de prestação de cuidados médicos e de
enfermagem, colocam-se milhares de portugueses na condição de “indigência
social”, enquanto se apontam certos exemplos…
“Segundo os geriatras,
ser-se velho já não significa, necessariamente, ser-se “doente, senil,
assexual, gasto ou incapacitado”, e, vai daí, aumenta-se a idade da reforma,
supostamente – segundo afirmam os políticos no poder – para assegurar a
sustentabilidade dos serviços para os quais todos descontavam e que davam uma
certa segurança na assistência na doença e na falta de meios de subsistência
dos cidadãos.
Agora, que alguns
cidadãos de 80 anos gozam de boa saúde e vivem independentes, subitamente
deixam de ser vistos pelos vizinhos, chama-se a polícia que arromba a porta e
dá de caras com o cadáver do saudável velho.
É verdade que a
medicina moderna cura, ou melhora muitas doenças que antigamente cedo
provocavam a morte ou a invalidez, fala-se agora de “perspectiva de saúde” em
vez de “perspectiva de vida”.
A Indigência, que
também se acreditava estar totalmente banida do vocabulário geral, voltou a ser
um facto real e já a esperança de vida começa a baixar novamente, sendo já, em
média, de 70 anos.
A perspectiva de
vivermos saudavelmente e em pleno uso das nossas faculdades durante todos esses
70 anos, vai diminuir cada vez mais no nosso país, o que começa a causar graves
problemas sociais, que têm a sua origem nas políticas praticadas actualmente.
Quanto à reacção
entre homens e mulheres ao envelhecimento natural, o conhecido psiquyiatra Carl
Jung disse que, na idade avançada, os homens têm tendência para desenvolver a
sua “sensibilidade”, e as mulheres, a sua “argúcia e inteligência”.
Nas sociedades
modernas, os papéis de cada sexo tendem a confundir-se com o avanço da idade.
Os homens mais velhos surpreendem-se experimentando nova sensibilidade, e as
mulheres descobrem um novo poder de afirmação.
A reforma significa,
habitualmente, a permanência nunca experimentada dos dois cônjuges em casa.
Contrariamente à
opinião generalizada de que esta alteração aumenta as tensões entre os dois,
tem-se verificado que a maioria dos casais a suporta bem, especialmente quando
têm problemas financeiros. Os casais que se dão melhor são os mais
comunicativos.
Ao planearem os seus
tempos de reforma, marido e mulher partilham e conjugam os objectivos e desejos
de cada um para o futuro. Mas, o futuro tem desaparecido em Portugal, não
apenas para os mais velhos, mas o que é bem pior, também desaparece
paulatinamente para as crianças e adolescentes, ou jovens licenciados que não
conseguem o seu primeiro emprego.
Por isso, tomando-nos
como reféns do presente e do futuro, o actual governo tomou-nos a todos, velhos
e jovens como suas cobaias para o regresso da indigência neste velho rincão à
beira-mar plantado, enquanto dedica todas as suas atenções aos capitalistas e
banqueiros, votando a cidadania ao mais terrível ostracismo que se possa
imaginar.
Francamente, não
posso compreender como ainda existe uma maioria que apoie o actual governo na
Assembleia da República, consentindo que os portugueses em geral definhem a
cada dia que passa.
Sem comentários:
Enviar um comentário