Número total de visualizações de páginas

terça-feira, 21 de maio de 2013

«NÃO É DESTE MODO QUE SE ACALMARÃO OS ÂNIMOS»

Enquanto na capital o presidente e os conselheiros de Estado se reuniam, durante sete horas, para chegarem à conclusão que é preciso defender o equilíbrio entre a disciplina financeira e a solidariedade, no Vaticano, o papa Francisco, segundo afirmam alguns, deu-se ao trabalho de fazer um exorcismo numa criança doente.

Poderão perguntar-me que tem a ver uma coisa com a outra, e com toda a simplicidade responderei que muito, pois quem está necessitado de um verdadeiro exorcismo é Portugal e os portugueses, visto andarem por aí muitos demónios à solta, que de tudo o que renda dinheiro se apoderam ou vendem a quem dê mais, enquanto que os portugueses, que não sentem equilíbrio algum nas decisões “superiormente” tomadas, pelo contrário, decidem fazer manifestações e até greves. Imagine-se!

È que, apesar de empregarem o termo solidariedade, omitem a quem ela deverá ser dirigida, se aos mesmos de sempre, os detentores do capital, porque não creio que possam pretender que seja dirigida aos desempregados, aos doentes, às crianças que passam fome, ao “cisma grisalho” – essa peste – aos pensionistas e reformados ou aos desempregados de longa duração.

Também assim acontece quanto ao crescimento e à competitividade, crescimento saudável das crianças e competitividade mesmo que o campeonato já tenha terminado.

Sete horas de reunião, ao fim das quais Abílio Morgado, secretário do “conclave laico”, também conhecido por Conselho de Estado, limita-se a ler um comunicado aos jornalistas um comunicado com cinco pontos, citando as questões que proporcionaram o entretenimento e a justificação do recebimento das senhas da presença dos “cardeais da política nacional” que, em caso de dúvidas se encontra à disposição do presidente da República. Ora, como o actual presidente da República afirmou um dia que nunca se enganava e raramente tinha dúvidas, para quê a existência desse grupo de fazedores de nada que se limitam, quase na totalidade, a ouvir, remexerem o traseiro tentando aliviar as nádegas da sustentação do seu peso nelas depositado por tantas horas seguidas.

O que é engraçado, mas sem piada alguma, é que, falando de solidariedade ninguém tenha falado na palavra “social”. Porquê? Todavia, falaram de uma União Europeia Económica e Monetária efectiva e aprofundada, mas nada de lhe colocarem o apêndice social.
Assim, mesmo que se tratasse de mais uma mentira, às quais já começamos a estar habituados, como às mistificações – e  a reunião de ontem foi apenas mais uma – na tentativa de acalmar certos ânimos exaltados, que cerca de quinhentas pessoas manifestaram para lá das grades colocadas em frente à fachada do palácio de Belém, onde se batiam testos e se exigia a retirada da troika, a demissão do governo e a retirada do presidente e as tais eleições antecipadas que tanta falta fazem para melhorar e amainar as tempestades mentais sofridas pelos cidadãos, no activo ou já não, mas que são quem paga as favas por outros comidas e colhidas, e bem armazenadas nos seus celeiros no estrangeiro. Será que, bem refastelados como estavam na sala de reuniões podiam ouvir o que se passava lá fora? Se ouviam, nada disseram, nada se dirá.

Mas certamente que falaram sobre a necessidade de criarem postos de trabalho, mesmo usando palavras fortes ao referir-se ao desemprego galopante em Portugal, tratando-o mais uma vez de flagelo, mas também e sobretudo de ser reconquistada a confiança dos cidadãos, que se encontra de rastos, graças a todas as promessas não cumpridas pelo senhor Pedro e seus homens de mão.

Importa-lhes, especialmente, criar melhores condições para que os capitalistas e banqueiros enriqueçam cada vez mais, o que leva a concluir que, afinal, onde o exorcismo era necessário era mesmo em Portugal, para afastar todos os demónios que possuem os políticos e seus apaniguados, fazendo com que seja sobre o povo português que recaiam todos os malefícios causados pela moeda única e pela desfaçatez e forma como a Europa e sua zona euro estão a ser geridas.

O que ficou bem patente e que subirá de tom, é que é necessário romper com a troika e toda essa austeridade e que quem cometeu as fraudes que conduziram o país onde se encontra, sejam chamados a pagar por tudo quanto de mal lhe fizeram.




Sem comentários:

Enviar um comentário