Conselheiros
do Presidente emitiram um comunicado com alguns princípios gerais que
debateram, mas foram parcos em conclusões. Reunião durou sete horas.
A reunião
durou sete horas
Depois de sete horas de reunião, os conselheiros do Presidente
da República defenderam a necessidade de se promover um “adequado equilíbrio
entre disciplina financeira, solidariedade e estímulo à actividade económica”
no seio dos Estados-membros, com a ajuda das instituições europeias.
Discutiu-se também a questão tão actual da garantia dos depósitos bancários abaixo
dos 100 mil euros.
Em
comunicado lido pelo secretário do Conselho de Estado, os conselheiros
consideram que cabe ao programa de aprofundamento da União Económica e
Monetária criar condições para que a União Europeia e os Estados-membros
“enfrentem, com êxito, o flagelo do desemprego que os atinge e reconquistem a
confiança dos cidadãos”.
Há um mês, em viagem de Estado à
Colômbia, o Presidente da República afirmou que os portugueses têm feito
grandes sacrifícios e que o país “estaria melhor se as instituições europeias
também fizessem a sua parte”.
Numa só página com cinco pontos,
os 18 conselheiros de Cavaco Silva descrevem ainda as temáticas que abordaram
nesta longa reunião, mas sem tomar mais nenhuma posição concreta. Se temas de
política interna foram abordados, isso não consta desta comunicação oficial.
Nos restantes pontos do
comunicado, o Conselho de Estado descreve que se debruçou sobre os “desafios
que se colocam ao processo de ajustamento português no contexto das reformas em
curso na União Europeia e tendo em vista o período pós-troika”. Mas não identifica
tais desafios nem como os ultrapassar.
No quadro da criação de uma União
Bancária, lê-se também no documento, “o Conselho analisou a instituição dos
mecanismos de supervisão, de resolução de crises e de garantia de depósitos dos
bancos”, considerada um “passo da maior importância para corrigir a actual
fragmentação dos mercados financeiros da zona euro”. Sobre a questão da
garantia dos depósitos bancários, o ministro das Finanças assegurou há dias que
os depósitos abaixo dos 100 mil euros estão sempre assegurados e são
intocáveis.
Os conselheiros do Presidente da
República contam ainda que se debruçaram sobre a perspectiva do “reforço da
coordenação das políticas económicas e da criação de um instrumento financeiro
de solidariedade destinado a apoiar as reformas estruturais dos
Estados-membros, visando o aumento da competitividade e o crescimento
sustentável”. Mas também não se manifestam sobre como e até que ponto pode ser
reforçada essa coordenação nem as condições desse instrumento financeiro.
Sampaio:
Reunião “foi interessante”
A reunião do Conselho de Estado terminou no palácio de Belém cerca da meia-noite. À saída, boa parte dos conselheiros limitou-se a dizer "boa noite" aos jornalistas.
A reunião do Conselho de Estado terminou no palácio de Belém cerca da meia-noite. À saída, boa parte dos conselheiros limitou-se a dizer "boa noite" aos jornalistas.
O ex-Presidente da República Jorge
Sampaio foi mais explícito: deu um passo atrás para afirmar que a reunião
"foi interessante". Parecia querer dizer mais alguma coisa, mas
depois retraiu-se. Questionado se saía “preocupado” do encontro, Sampaio
respondeu que “preocupante está tudo": "Olhem para a Síria…”
Questionada pelos jornalistas
sobre se a reunião correu bem, a presidente da Assembleia da República
respondeu "correu, correu". “Bom, agora não vamos falar mais disso”,
apressou-se a acrescentar Assunção Esteves. O ex-Presidente Ramalho Eanes
também lançou um “bem, muito bem”, à mesma pergunta.
Mário Soares foi o primeiro a sair da reunião às 19h40,
enquanto os restantes conselheiros só abandonaram a sala depois da meia-noite.
No fim da reunião os conselheiros saíram quase todos aos pares. O
primeiro-ministro saiu a conversar, sorridente, com o ex-ministro centrista
Bagão Félix, mas nem sequer levantou os olhos para os jornalistas. Os dois
ficaram depois largos minutos a conversar ao fundo das escadas do palácio.
=Público=
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