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terça-feira, 21 de maio de 2013

«VIVA O FOLCLORE PORTUGUÊS»

É caso para dizer que adoro o folclore e que detesto o fado. Aliás, temos bons cantores de folclore, bons bailadores e bailadoras, como também bons apresentadores que sabem da matéria.

Por exemplo ontem, tivemos a rara oportunidade de tomar conhecimento de que no palácio de Belém iria ter lugar um dos maiores festivais de folclore nacional de que há memória desde há um pouco mais de 39 anos.

Lá esteve o também cicerone e anfitrião senhor Silva, que não deixou de cantar, enquanto todos os outros dançavam, o «Malhão», acompanhado por uma concertina dedelhada pelo senhor Mendes, que parece ser o seu tocador preferido dessa espécie de acordeão com teclas redondas e bem colorida, a concertina.

Ali, todos eram polivalentes. Por exemplo, o senhor Sousa, MR, cantou a Chula Vareira Chula, acompanhado por vários instrumentistas do grupo, enquanto mais tarde o próprio senhor Mendes interpretou o Corridinho Algarvio e, como não podia deixar de ser, o senhor Alberto conseguiu impor-se com o Bailhinho da Madeira.

Quem não esteve para cantorias e tocadorias, decidiu sair cedo do encontro, alegando estar com problemas de saúde, o que deveria tê-lo retido em casa.

Depois, e penso não estar a divulgar qualquer segredo de Estado, houve ainda quem se esganifasse com  o Vira do Minho, com o senhor Lobo nos ferrinhos.

Depois procedeu-se a um curto intervalo, para refrescar as goelas e retemperar forças, continuando cerca de meia hora depois com uma moda vilarrealense, semelhante a uma mistura de Vira e de Malhão, tendo no entanto desentoado e obrigado os tocadores a esforçar-se para que ninguém se apercebesse das notas falsas retiradas a uma Rebeca desafinada.

Faltou, e é preciso salientar esse facto, o único representante dos Açores, razão pela qual foi impossível ouvir-se tocar e cantar algo do arquipélago.

Ao que parece, o instrumento mais ouvido e também mais numeroso, era o cavaquinho, embora tivesse as cordas um tanto usadas, pelo que era necessário ter cuidados acrescidos para que não quebrassem.

Naquele salão de Belém, com quase todas as regiões de Portugal presentes, cantou-se e tocou-se muito folclore, comeu-se e bebeu-se – água, claro – deu-se à língua, cantou-se alto e baixo, sendo que alguns se limitavam a dançar, já que a noite era de alegria, pelo menos para uma boa parte dos presentes.

Houve quem chamasse a essa reunião de “Conselho de Estado”, que no fundo se limitou a mais um Conselho de Folclore do Estado Português, que até teve, já no fim, cerca da meia noite, e para evitar fazer mais barulho, não fossem os vizinhos chamar as autoridades devido ao ruído ali produzido.


E, como adoro o folclore, estava á espera que hoje surgissem notícias sobre o verdadeiro festival de ontem à noite em Belém, mas, curiosamente, em vez de louvores, só ouço críticas aos convidados do senhor Silva que, e macacos me mordam se não tenho razão, se remeterá a mais um prolongado tabu, depois da “orgia musical e dançante” na noite de ontem.

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