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sábado, 25 de maio de 2013

«TAPETES MÁGICOS»

A aquisição da capacidade de leitura está ligada ao desenvolvimento do cérebro da criança.

Habitualmente, só aos quatro anos possui a via óptica (que liga os olhos com os dois hemisférios cerebrais) suficientemente desenvolvida para poder analisar e armazenar as informações requeridas para o domínio da leitura.

As complexas estruturas mentais necessárias á leitura dão-nos uma ideia da complexidade da tarefa de aprender a ler, tarefa esta que se revela surpreendentemente fácil para umas crianças e dolorosamente difícil para outras.

Não há métodos infalíveis para ensinar a ler. Certos principiantes reagem bem à técnica de relacionamento de determinados sons com determinados símbolos, formando em seguida palavras a partir destes elementos e criando depois frases completas.

A mente de outras crianças consegue apreender palavras completas logo de uma vez. Mas, seja qual for a técnica, cada criança tem, efectivamente, o seu ritmo: umas aprendem depressa, outras devagar.

Porque é que ler é importante?

É indiscutível: para chegarmos onde queremos, desde conseguir um emprego e fazer compras para casa, temos de saber ler. Mas ler é mais do que decifrar palavras.

O historiador da cultura Jacques Barzun vê a leitura como um estímulo essencial na criação de uma identidade sólida e bem-formada. A leitura consegue-o, porque apela à nossa imaginação, dando-nos assim um antídoto ao desgaste diário do imediato e do concreto que “estreita a mente e sufoca o espírito”.

A leitura proporciona-nos “o contraste, a diferença, a novidade e o que é estranho; o choque com o outro e o reconhecimento do próprio”.

“A nossa imaginação tem de actuar de minuto a minuto, reconstruindo as vidas, os eventos e as emoções traduzidas da escrita”.

Obviamente, a leitura pode também ajudar-nos sob aspectos muito práticos. A extensão do nosso vocabulário depende daquilo que lemos, e existe indiscutivelmente uma correlação entre o número de palavras que conhecemos e sabemos utilizar e a capacidade de nos sairmos bem em toda a espécie de tarefas.

Embora no mundo actual o indivíduo possa funcionar apenas com uma bagagem de cerca de cinco mil palavras – o vocabulário característico dos cinco anos – esse indivíduo está desde logo privado de conhecer e fruir de muita riqueza que a vida e o trabalho podem oferecer.

Há ainda todo o prazer e consolação que nos dá a leitura. Richard de Bury, erudito inglês do século XIV, dizia acerca dos livros que “eles nos deleitam quando a fortuna nos sorri, nos confortam quando a má fortuna nos atinge… Não se escondem quando os procuramos, não criticam quando erramos, não troçam quando somos ignorantes”.

O problema das crianças cujos bês parecem dês e escrevem palavras ao contrário chamava-se “escrita de espelho”. Em geral, estes erros desaparecem pelo final da instrução primária – excepto entre os 10 e 15% das crianças que sofrem de uma deficiência da capacidade de leitura conhecida hoje por dislexia.

O termo “dislexia” abrange um largo espectro de dificuldades de leitura em crianças na idade escolar., desde as mais ligeiras a graves.

A forma mais comum é a dificuldade em apreender a forma de letras e em associá-las com os sons que simbolizam. Muitos disléxicos trocam a ordem das letras numa palavra.

Toda a criança cujo desempenho na leitura esteja notoriamente abaixo da maioria dos seus colegas deve ser examinada com o objectivo de se verificar se o seu problema é a dislexia.

Quase todos os disléxicos acabam por aprender a ler, embora sempre pelos métodos usuais. A televisão pode influenciar o hábito da leitura.



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