A aquisição da capacidade de leitura está
ligada ao desenvolvimento do cérebro da criança.
Habitualmente, só aos quatro anos possui a
via óptica (que liga os olhos com os dois hemisférios cerebrais) suficientemente
desenvolvida para poder analisar e armazenar as informações requeridas para o
domínio da leitura.
As complexas estruturas mentais necessárias á
leitura dão-nos uma ideia da complexidade da tarefa de aprender a ler, tarefa
esta que se revela surpreendentemente fácil para umas crianças e dolorosamente
difícil para outras.
Não há métodos infalíveis para ensinar a ler.
Certos principiantes reagem bem à técnica de relacionamento de determinados
sons com determinados símbolos, formando em seguida palavras a partir destes
elementos e criando depois frases completas.
A mente de outras crianças consegue apreender
palavras completas logo de uma vez. Mas, seja qual for a técnica, cada criança
tem, efectivamente, o seu ritmo: umas aprendem depressa, outras devagar.
Porque é que ler é importante?
É indiscutível: para chegarmos onde queremos,
desde conseguir um emprego e fazer compras para casa, temos de saber ler. Mas
ler é mais do que decifrar palavras.
O historiador da cultura Jacques Barzun vê a
leitura como um estímulo essencial na criação de uma identidade sólida e
bem-formada. A leitura consegue-o, porque apela à nossa imaginação, dando-nos
assim um antídoto ao desgaste diário do imediato e do concreto que “estreita a
mente e sufoca o espírito”.
A leitura proporciona-nos “o contraste, a
diferença, a novidade e o que é estranho; o choque com o outro e o
reconhecimento do próprio”.
“A nossa imaginação tem de actuar de minuto a
minuto, reconstruindo as vidas, os eventos e as emoções traduzidas da escrita”.
Obviamente, a leitura pode também ajudar-nos
sob aspectos muito práticos. A extensão do nosso vocabulário depende daquilo
que lemos, e existe indiscutivelmente uma correlação entre o número de palavras
que conhecemos e sabemos utilizar e a capacidade de nos sairmos bem em toda a
espécie de tarefas.
Embora no mundo actual o indivíduo possa
funcionar apenas com uma bagagem de cerca de cinco mil palavras – o vocabulário
característico dos cinco anos – esse indivíduo está desde logo privado de
conhecer e fruir de muita riqueza que a vida e o trabalho podem oferecer.
Há ainda todo o prazer e consolação que nos
dá a leitura. Richard de Bury, erudito inglês do século XIV, dizia acerca dos
livros que “eles nos deleitam quando a fortuna nos sorri, nos confortam quando
a má fortuna nos atinge… Não se escondem quando os procuramos, não criticam
quando erramos, não troçam quando somos ignorantes”.
O problema das crianças cujos bês parecem dês
e escrevem palavras ao contrário chamava-se “escrita de espelho”. Em geral,
estes erros desaparecem pelo final da instrução primária – excepto entre os 10
e 15% das crianças que sofrem de uma deficiência da capacidade de leitura
conhecida hoje por dislexia.
O termo “dislexia” abrange um largo espectro
de dificuldades de leitura em crianças na idade escolar., desde as mais
ligeiras a graves.
A forma mais comum é a dificuldade em
apreender a forma de letras e em associá-las com os sons que simbolizam. Muitos
disléxicos trocam a ordem das letras numa palavra.
Toda a criança cujo desempenho na leitura
esteja notoriamente abaixo da maioria dos seus colegas deve ser examinada com o
objectivo de se verificar se o seu problema é a dislexia.
Quase todos os disléxicos acabam por aprender
a ler, embora sempre pelos métodos usuais. A televisão pode influenciar o
hábito da leitura.
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