A actuação
da polícia portuguesa em manifestações, a violência doméstica e o impacto da
crise nos direitos humanos são as principais preocupações levantadas pelo
relatório anual da Amnistia.
Amnistia
Internacional critica a acção da polícia portuguesa, nomeadamente durante a
manifestação de 14 de Novembro
As manifestações 22 de Março e 14 de Novembro de 2012, em
Lisboa, são apontadas pela Amnistia Internacional (AI) exemplos da “força
excessiva” exercida pela polícia portuguesa. O relatório anual da organização,
divulgado esta quinta-feira, analisa também a situação da violência doméstica
em Portugal e do impacto da austeridade sobre os direitos humanos.
O documento
recorda que, em Março, num dia de greve geral e protestos contra a austeridade,
“dois jornalistas receberam tratamento médico depois de, alegadamente, terem
sido espancados pela polícia”. A carga policial infligida sobre os que se
manifestavam em frente à Assembleia da República, a 14 de Novembro, é também
apontada pela Amnistia Internacional, que acrescenta que “os meios de
comunicação social relataram a ocorrência de 48 feridos”.
Outro exemplo de "uso
excessivo da força" por parte das autoridades portuguesas ocorreu em
Setembro, quando a GNR tentou deter um homem da comunidade cigana, em Vila
Verde. “Pelo menos nove pessoas de etnia cigana, incluindo crianças, foram
espancadas e vítimas de abusos verbais e de agressão física por cerca de 30
agentes da polícia”, refere o relatório.
Para a organização de defesa dos
direitos humanos, "a violência doméstica continuou a ser motivo de grande
preocupação" em Portugal, nomeadamente porque as autoridades registaram um
aumento de queixas. Tanto a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima como o
Provedor de Justiça deram conta de um maior número de queixas de idosos por
violência doméstica. Em relação a 2011, a APAV contabilizou mais 1246 casos de
violência doméstica só no ano passado.
A influência das políticas de
austeridade sobre os direitos humanos é outra das preocupações manifestadas
pela Amnistia. O documento lembra que, depois de estar em território português,
o Comissário para os Direitos Humanos do Conselho da Europa "manifestou
preocupação pela discriminação prolongada contra as comunidades ciganas e pelo
impacto da crise económica e das medidas de austeridade financeira nos direitos
das crianças e idosos".
Um ano difícil para refugiados e
migrantes
A Amnistia explica que, numa altura em que há 15 milhões de pessoas registadas como refugiadas, os direitos destas pessoas ou daquelas que tiveram de migrar para procurar trabalho estão a ser desrespeitados. E acrescenta que "a falta de capacidade para resolver estas situações está a criar uma 'subclasse global'".
A Amnistia explica que, numa altura em que há 15 milhões de pessoas registadas como refugiadas, os direitos destas pessoas ou daquelas que tiveram de migrar para procurar trabalho estão a ser desrespeitados. E acrescenta que "a falta de capacidade para resolver estas situações está a criar uma 'subclasse global'".
Citado em comunicado, o
secretário-geral da AI alerta para o facto de milhões de migrantes estarem a
ser "empurrados para situações abusivas", como trabalho forçado ou
abuso sexual, uma vez que "muitas das políticas anti-imigração conduzem a situações
de exploração com total impunidade".
Só na Síria havia, em Dezembro,
mais de dois milhões de deslocados e a precisar de assistência humanitária, um
dos motivos que faz com que este país - que atravessa uma grave situação de
conflito interno - esteja no topo das procupações da Amnistia.
Ao longo do ano passado, e em pelo
menos 50 países, as forças de segurança foram responsáveis por homicídios em
tempo de paz. A Amnistia registou ainda restrições à liberdade de expressão em,
pelo menos 101 países (com especial incidência na Ásia Pacífico) e casos de
tortura e maus tratos noutros 112. Uma nota positiva vai para a diminuição
global da pena de morte.
=Público=
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