«Para além dos destinatários, este email é
dirigido especialmente aos deputados João Almeida, Luís Menezes, Luís
Montenegro e Miguel Frasquilho, que estão constantemente a acusar o Governo de
Sócrates da grave crise que o país atravessa.
De uma vez por todas metam nas vossa
cabeças que estais a roubar o país, a segurança social e a engordar os vossos
bolsos com as verbas que a UE nos está a enviar.»
Foi
no último programa " Quadratura do Circulo ".
Os outros intervenientes, Pacheco Pereira e
Lobo Xavier, nem abriram a boca.
Claro que o moderador também não.
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Merece ser lido
ANTONIO COSTA abriu a boca
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Comentadores e analistas políticos não têm a coragem de dizer o que disse
António Costa, em menos de 3 minutos, na quarta-feira, no programa
"Quadratura do Círculo".
RE
LEMBRAR
E
aqui está textualmente o que ele disse (transcrito manualmente):
(...)
A situação a que chegámos não foi uma situação do acaso. A União Europeia
financiou durante muitos anos Portugal para Portugal deixar de produzir; não
foi só nas pescas, não foi só na agricultura, foi também na indústria, por ex.
no têxtil. Nós fomos financiados para desmantelar o têxtil porque a Alemanha
queria (a Alemanha e os outros países como a Alemanha) queriam que abríssemos
os nossos mercados ao têxtil chinês basicamente porque ao abrir os mercados ao
têxtil chinês eles exportavam os teares que produziam, para os chineses
produzirem o têxtil que nós deixávamos de produzir.
E portanto, esta ideia de que em Portugal houve aqui um conjunto de pessoas que
resolveram viver dos subsídios e de não trabalhar e que viveram acima das suas
possibilidades é uma mentira inaceitável.
Nós orientámos os nossos investimentos públicos e privados em função das opções
da União Europeia: em função dos fundos comunitários, em função dos subsídios
que foram dados e em função do crédito que foi proporcionado. E portanto, houve
um comportamento racional dos agentes económicos em função de uma política
induzida pela União Europeia. Portanto não é aceitável agora dizer? podemos
todos concluir e acho que devemos concluir que errámos, agora eu não aceito que
esse erro seja um erro unilateral dos portugueses. Não, esse foi um erro do
conjunto da União Europeia e a União Europeia fez essa opção porque a União
Europeia entendeu que era altura de acabar com a sua própria indústria e ser
simplesmente uma praça financeira. E é isso que estamos a pagar!
A ideia de que os portugueses são responsáveis pela crise, porque andaram a
viver acima das suas possibilidades, é um enorme embuste. Esta mentira só é
ultrapassada por uma outra. A de que não há alternativa à austeridade, apresentada
como um castigo justo, face a hábitos de consumo exagerados. Colossais fraudes.
Nem os portugueses merecem castigo, nem a austeridade é inevitável.
Quem viveu muito acima das suas possibilidades nas últimas décadas foi a classe
política e os muitos que se alimentaram da enorme manjedoura que é o orçamento
do estado. A administração central e local enxameou-se de milhares de
"boys", criaram-se institutos inúteis, fundações fraudulentas e
empresas municipais fantasma. A este regabofe juntou-se uma epidemia fatal que
é a corrupção. Os exemplos sucederam-se. A Expo 98 transformou uma zona
degradada numa nova cidade, gerou mais-valias urbanísticas milionárias, mas no
final deu prejuízo. Foi ainda o Euro 2004, e a compra dos submarinos, com
pagamento de luvas e corrupção provada, mas só na Alemanha. E foram as
vigarices de Isaltino Morais, que nunca mais é preso. A que se juntam os casos
de Duarte Lima, do BPN e do BPP, as parcerias público-privadas 16 e mais um rol
interminável de crimes que depauperaram o erário público. Todos estes negócios
e privilégios concedidos a um polvo que, com os seus tentáculos, se alimenta do
dinheiro do povo têm responsáveis conhecidos. E têm como consequência os
sacrifícios por que hoje passamos.
Enquanto isto, os portugueses têm vivido muito abaixo do nível médio do
europeu, não acima das suas possibilidades. Não devemos pois, enquanto povo,
ter remorsos pelo estado das contas públicas. Devemos antes exigir a eliminação
dos privilégios que nos arruínam. Há que renegociar as parcerias
público--privadas, rever os juros da dívida pública, extinguir organismos...
Restaure-se um mínimo de seriedade e poupar-se-ão milhões. Sem penalizar os
cidadãos.
Não é, assim, culpando e castigando o povo pelos erros da sua classe política que
se resolve a crise. Resolve-se combatendo as suas causas, o regabofe e a
corrupção. Esta sim, é a única alternativa séria à austeridade a que nos querem
condenar e ao assalto fiscal que se anuncia."
M.
M.
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