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domingo, 26 de maio de 2013

Mais de 2 mil pessoas dormem nas ruas de Lisboa

Helena Roseta diz que a população sem abrigo está a aumentar
A vereadora do Desenvolvimento Social da Câmara Municipal de Lisboa, Helena Roseta, afirma que a população sem-abrigo em Lisboa «está a aumentar», ultrapassando as 2 mil pessoas, e sugere a criação de um hotel social entre as medidas para resolver o problema.

«Está a verificar-se um aumento significativo da população sem-abrigo, por razões de desorganização das suas vidas. Não tem só a ver com habitação, mas também por desemprego, problemas familiares, adições, tudo misturado. Cada vez mais, mesmo por penúria económica, incapacidade de pagar, e algumas pessoas fazem parte de uma pobreza envergonhada», diz Helena Roseta, numa entrevista à agência Lusa dedicada ao tema da pobreza.

Para a vereadora com o pelouro do Desenvolvimento Social, este é um problema que a Câmara de Lisboa «pode e deve enfrentar», em parceria com a Rede Social da capital (que integra cerca de 300 entidades), e que pode ser resolvido.

«Eu sempre ouvi dizer que não era possível acabar com os bairros de barracas e afinal foi. Eu também acho que é possível acabar com a circunstância de pessoas e até famílias não terem onde dormir. Temos de resolver isto com soluções novas», considera.

Entre as novas medidas que a autarquia está a preparar, em conjunto com a rede social, está a criação de um hotel social na Avenida Infante Santo (que faz a ligação entre Santos e a Estrela), onde existe um espaço da Fundação INATEL.

«Seria uma instalação hoteleira com preços sociais e gerida de formas sociais, mas em regime de instalação hoteleira, e não de albergue. Regime mais de proximidade e privacidade, que os albergues não têm», explica Helena Roseta, defendendo a requalificação dos atuais albergues - que apelida de
 casernas.

Tempestade perfeita

Desemprego, lojas a fechar, idosos cada vez mais fragilizados, famílias desesperadas: este é o retrato que a vereadora faz da capital criticando fortemente o Governo pelas medidas tomadas.

«A primeira coisa que verificamos no impacto da crise na cidade é o desemprego. Nós tínhamos até ao ano passado cerca de 1.000 novos desempregados todos os meses. É uma brutalidade", apontou a autarca numa entrevista à agência Lusa.

«As pessoas estão a ter rendimentos cada vez mais baixos, temos o problema da dificuldade de acesso à habitação dos que chegaram em último lugar. E agora também com a nova lei das rendas», acrescentou a representante de uma câmara muito crítica da nova lei do arrendamento urbano, pelo impacto que está a ter numa grande parte da população idosa e no comércio da cidade, nomeadamente quanto ao aumento do valor das rendas e pela facilidade de despejos.

Helena Roseta criticou ainda medidas anunciadas pelo Governo, como os cortes nas pensões, considerando que vão agravar as condições de vida dos idosos.

«Isto põe em causa tudo. Tudo o que foi a construção europeia e a construção democrática de Portugal desde 1974. Nem no tempo de Marcelo Caetano ou de Oliveira Salazar se tiravam as pensões às pessoas. Isto é terrorismo social. É uma coisa inacreditável», afirmou a autarca.

No meio de uma «tempestade perfeita», em que de «todos os lados as notícias são más», Helena Roseta afirmou que a Câmara de Lisboa «tem sido obrigada a tentar colocar soluções», como o subsídio municipal de renda (cujas candidaturas começam em junho), medidas de apoio ao empreendedorismo (para relançar o emprego) e benefícios para o comércio local.

Os pedidos de casa estão também longe de ser satisfeitos pela câmara. «Andamos à volta dos 1.800, 1.900 pedidos [de habitação] homologados por ano. A nossa capacidade de resposta anda à volta de uns 300 fogos por ano. É muito menos do que aquilo que as pessoas gostariam», disse Helena Roseta acrescentando que o problema pode ser resolvido com reabilitação de fogos municipais devolutos e construção nova.


=TVI24=

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