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segunda-feira, 27 de maio de 2013

«CARO PROFESSOR MARCELO»

Na sua entrevista semanal na TVI, diz que «É muito mau quando o presidente se encontra num contexto em que lhe chamam nomes».

Os casos de Miguel Sousa Tavares, como o das manifestações, são uma simples amostra do que se diz em conversas privadas em determinados meios, não tão pequenos como possa imaginar.

Já se colocou a pergunta: “porque se encontra Portugal mergulhado em tão profunda crise?”, então será benéfico para si e para outros que o faça e chegue a uma conclusão, dizendo-a abertamente na televisão, de modo a que todos os portugueses que o ouvem a conheçam.

Já se perguntou a si próprio – e não diga que não, já que serei obrigado a chamar-lhe mentiroso ou brincalhão – qual ou quais as verdadeiras razões que conduziram o país e os “malcriados” dos portugueses que chamam nomes àqueles que deveriam ser o exemplo vivo da lisura, da seriedade e da honestidade?

O senhor, caro professor, já fez tudo isso e muito mais! Já chegou à conclusão de que os portugueses estão correctos e que, apesar de usarem de toda a sua “vernaculidade e calão” têm todas as razões do mundo para o fazerem.

Usando de toda a franqueza, considerei infeliz a comparação entre o Beppe Grillo e o presidente português, pelo único motivo de que aquele é gordo e não um palhaço, mas um “comediante” italiano que, num dos seus sonhos ou delírios, como queira, e como cidadão em pleno uso dos seus direitos, se lembrou de se candidatar a umas eleições no seu país.

Creia que detesto o insulto gratuito. Mas, pensando bem, será que Miguel Sousa Tavares proferiu um insulto, ou, antes, usou uma frase como termo de comparação?

Não se esqueça que todos temos o inalienável direito à indignação. Estou convencido de que uns sessenta e tal por cento dos portugueses, mais perto dos setenta, se encontram indignados com o que se passa com os seus salários, as suas pensões, o desemprego no qual vegetam, a fome e a miséria em que o colocaram nos dois últimos anos sobretudo, e, como professor de direito que é, sabe perfeitamente que tudo isso conduz ao desespero.

Além disso, sabe-o tão bem como eu, pelo menos, que nem o povo se habituou a viver acima das suas possibilidades nem a classe política, em especial a dominante tem o menor respeito para com esse povo que tem vivido, de geração em geração sem a menor consideração por parte dos políticos, usando-o apenas para obterem o voto que lhes permita aplicar as medidas de austeridade, roubando-o  “a céu aberto e tão descaradamente…” que se torna impressionante apreciar o seu auto-domínio.

Onde pretende chegar com as afirmações que fez no “seu” canal televisivo? Que a culpa de tudo é dos sindicatos? Que estes deveriam ser punidos por isso? Nada me admiraria se assim fosse, embora em tribunal fosse, senão impossível de provar, muito complicado fazê-lo.

Pensará, por outro lado, que se deveriam proibir essas manifestações que levam cartazes e soltam palavras de ordem, slogans, que podem incomodar determinados “senhores?”

O seu discurso foi feito no sentido contrário, pois deveria ter dito que quem erra em Portugal são todos aqueles que agem contra os direitos da cidadania, como o direito ao trabalho e à dignidade com que deve ser executado, como também ao sistema remuneratório que, convenhamos, é vexatório, humilhante mesmo.

O grande mal das televisões é que se limitam a convidar algumas “personalidades” e nunca os membros do povo. Já viu sobreviver algum país sem o seu povo? Impossível, não é? Mas, creia, não é impossível que qualquer país sobreviva sem esses supostos intelectuais que gostam de “botar a faladura” de modo a achincalhar sempre mais “a populaça”.

Voltando atrás: quanto à troca de nomes, que políticos ou que intelectuais ou comentadores – que geralmente acumulam – sente respeito pelo povo, a quem tratam de piolhosos, de estúpidos, de ignorantes e tantos outros apodos?

Se pretende lançar já a sua candidatura à presidência da República Portuguesa, apesar de tudo, deverá mostrar inequivocamente que defende o direito à indignação de todo o povo, mas não apenas por palavras, mas por actos. Coisa que não faz, ou porque não sabe ou porque está contagiado pelo pensamento generalizado dos políticos e de outros..!

Queira passar uma boa semana, que seja rica em “casos” que lhe permitam poder arranjar matéria para comentar no próximo domingo.


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