Esta semana, Cavaco Silva, Poiares Maduro e Arménio
Carlos viram a nova face da UGT. Nenhum deles ficou satisfeito. Se o Governo,
na concertação social, e Cavaco Silva, que recebeu Carlos Silva, perceberam que
ficou mais difícil o consenso, a CGTP está a enfrentar uma nova realidade:
disputar o mesmo terreno – o da marcação de greves e protestos – com a central
rival.
No anúncio da greve da Função Pública, Carlos Silva
ficou irritado por saber da greve marcada para Junho pela CGTP, sem ter sido
ouvido para um entendimento comum. A par com as suas declarações públicas de
protesto, telefonou a Arménio Carlos. A_UGT estava disposta a marcar uma greve
para outro dia se não se chegasse a um entendimento. «Não nos deixarão fora da luta»,
disse Carlos Silva ao SOL.
Ana Avoila, a dirigente da frente comum de sindicatos
da Função Pública (CGTP), que tinha afirmado que o entendimento com a UGT não
era necessário, foi levada a recuar. Na terça já elogiava a vantagem da unidade
na acção.
Carlos Silva sinaliza a nova postura da central, que
pressiona a CGTP.«Os trabalhadores estão à espera de um sinal. Se esse sinal
for construído em unidade – concretamente pela UGT e a CGTP –, isso teria um
impacto extraordinário. Se for cada uma para seu lado, tem menos impacto e é
isso que não interessa», declara.
A nova liderança da UGT está a disputar um terreno
antes ocupado exclusivamente pela CGTP. O substituto de João Proença tem sido
duro na concertação social e radical nas palavras contra o Governo. E mostra
que não vai ficar para trás na marcação de greves.
Carlos Silva até se adiantou a Arménio Carlos a
defender uma greve geral. Se o Governo não recuar no aumento do horário de
trabalho e de novos cortes nas remunerações da Função Pública e nos despedimentos,
será esse o caminho. Simbolicamente, falou à saída de Belém, após uma audiência
com o Presidente da República. Um encontro em que Cavaco Silva pôde perceber
como será mais difícil ‘amarrar’ a UGT ao acordo tripartido.«Se em cima da mesa
se mantiver, com intransigência, um conjunto de medidas que agravam a vida dos
portugueses, não temos outra alternativa senão fazer aquilo que queríamos
evitar, que é conflitualidade social» – outra mensagem clara do sindicalista.
Nesta semana de todos os avisos, Poiares Maduro foi
outro dos receptores da via musculada de Carlos Silva. A ronda da concertação
que o ministro queria que tivesse uma agenda restrita ao chamado acordo de
parceria deslizou para temas que o Governo não quer ouvir. «Antes de avançarmos
com uma nova agenda têm de perceber que o acordo anterior tem de ser cumprido»,
explica Carlos Silva.
O ministro adjunto saiu da reunião descontente.«Diria
uma coisa, e essa crítica faço-a aos parceiros sociais, eu fui para a reunião
para discutir o acordo de parceria dos fundos comunitários e grande parte das
intervenções dos parceiros sociais não foram sobre esse tema», queixou-se.
Proença sai até Agosto
Esta UGT mais aguerrida é saudada pela direcção do PS.
Seguro contribuiu para deixar Carlos Silva mais solto ao escolher João Proença
para o Secretariado do partido. Com as novas funções, deixa de ter o papel de
conselheiro do novo líder da UGT.
Ao que o SOL apurou, Proença deixará até Agosto de
prestar ajuda, sobretudo na concertação social, ao seu sucessor. Carlos Silva,
antes de ser líder, em entrevista ao SOL, sublinhava o papel activo que Proença
continuaria a ter. Essa contribuição foi encurtada.
PS: A rua chega para todos e todos são
bem-vindos a ela. Só unidos se venccerão esses sicários de “satanás”!!!!
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