O
ex-presidente da República Jorge Sampaio admitiu hoje implicitamente a
realização de eleições antecipadas, embora condicionando-as ao momento oportuno.
As eleições são «um dos instrumentos da democracia» e «não podem ser colocadas
de lado a todo o preço», afirmou numa entrevista à rádio Antena 1.
Sampaio
não revelou, no entanto, qual a opinião que transmitiu ao Presidente da
República no Conselho de Estado, sobre a demissão ou manutenção do actual
Governo.
«Não
acho que seja uma coisa mortal. O problema é de oportunidade, qual é a
oportunidade que se escolhe para isso. Há quem diga que este momento seria
muito negativo. Eu penso que nenhum momento destes é negativo, mas obviamente
que há razões de oportunidade. É melhor aqui do que ali (...) Não posso é
subscrever a ideia de que uma consulta popular em abstrato seja algo que se tem
que evitar a todo o preço», salientou, acrescentando: «Não é assim. A democracia
tem soluções e uma é a consulta ao povo se isso for julgado evidente e
necessário».
Sampaio
congratulou-se por não ocupar actualmente o cargo de chefe de Estado numa
altura em que o país é confrontado com uma situação muito complicada e em que
se vai «abrindo um fosso entre as instituições democráticas», referindo que
teria de ponderar muito bem as decisões que tomaria.
«Eu
tenho a minha opinião, que você já percebeu, mas não me atrevo a dizer qual
deva ser a opinião do senhor Presidente da República. Ele ouviu-nos durante
sete horas, já percebeu a opinião de cada um de nós», afirmou na entrevista
concedida à jornalista Maria Flor Pedroso.
Acrescentou que «as sondagens aCtuais provam que há mais pessoas que querem renegociar e outras que querem rasgar. Isso só pode ocasionar a medição da temperatura por parte do senhor Presidente, isso é inteiramente com ele», referiu ainda.
=Diário Digital=
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