Número total de visualizações de páginas

quarta-feira, 15 de maio de 2013

«DELÍRIOS MÍSTICOS…»

Quando surge um sentimento de culpa exagerado, pode ser neurótico; os psiquiatras dizem que este se manifesta quando a agressividade natural do indivíduo é dirigida contra si próprio

Mas os sentimentos de culpa podem também ser úteis. As comunidades tentam, em geral, promover o bem comum e impedir os seus membros de se prejudicarem mutuamente – os indivíduos interiorizam os valores do grupo e evitam fazer coisas de que se sentiriam culpabilizados a posteriori.

É sempre arriscado empregar termos genéricos para descrever distúrbios psíquicos, mas, em termos latos, uma psicose é mais grave que uma neurose.

Exemplos de sintomas neuróticos são as fobias, os pensamentos obsessivos, as compulsões, as crises ansiosas, a conversão histérica; todos causam grande sofrimento ao doente neurótico, que os sente como desadequados e estranhos à sua vontade; no entanto, corresponderam em alguns momentos das suas vidas à melhor solução encontrada para lidar com um conflito que, de outra forma, se tornaria insuportável.

A grande diferença entre o neurótico e o psicótico é que o primeiro mantém o sentido da realidade, o que lhe permite ter consciência do seu estado; o psicótico, pelo contrário, perdeu o contacto com a realidade, confunde-a com as suas percepções distorcidas e falsas e com concepções delirantes características da psicose, não conseguindo, muitas vezes, ter desta consciência.

Se um neurótico dá mostras de religiosidade exagerada, diz-se estar a fazer uma encenação, uma forma de levar a vida, apelando aos bons sentimentos de quem o ouve; tratando-se de um psicótico, chama-se a essa expressão, “delírio místico”, que deve ser tratado por psiquiatra e, em muitos casos, em regime de internamento.

Mas existe ainda um terceiro grupo que não pertence nem às neuroses nem às psicoses, que é o designado grupo de “oportunistas”, que alguns designam por psicopatas, que tentam levar a vida da melhor forma possível, tudo fazendo para tentar captar sobre si a simpatia de uma sociedade pouco evoluída.

Servem-se de todos os meios para atingirem os fins que se propuseram e, tratando-se de um país como Portugal, onde impera uma fé um  tanto cega, esses “oportunistas” usam de todos os meios, sobretudo os religiosos ou místicos, para atingirem determinados fins, especialmente conseguidos devido a uma certa credulidade popular que, também acredita, ainda, em milagres inspirados pela “Virgem Maria”

Ouvir o senhor Silva, presidente da República de Portugal dizer publicamente que “Nossa Senhora de Fátima deu inspiração” à sétima avaliação feita pela troika ao estado das finanças portuguesas é, no mínimo, um tanto estranho, já que é uma forma, mais uma, de tratar os portugueses de atrasados mentais, tema sobre o qual deveria ser mais cuidadoso, uma vez que já provaram, quase á exaustão, que o não são.

Isto, prezados concidadãos que possam ler estas simples palavras, só porque os membros da tal troika terá dado o seu aval “precisamente a 13 de Maio do ano de graça de 2013”, em que os milhares de peregrinos que se deslocaram a Fátima ali rezavam pedindo a Maria mais e melhor saúde, mas também emprego, para poderem sobreviver aos constantes ataques feitos quer pelo actual governo sob a forma de cortes e fomentando os despedimentos, numa espécie de concubina entre governantes e patronato, que estão, uns e outros, a conduzir Portugal e os portugueses ao abismo.

Se a coisa não fosse tão dramática, seria ridícula e digna de umas boas gargalhadas, até porque o actual presidente imita na perfeição o antigo seu homólogo, Américo Tomás, fazendo sempre apelo a sua mulher que, como mandam as boas regras conjugais, o acompanha onde quer que vá proferir mais um discurso seja numa inauguração mais ou entregar mais um prémio, como foi o caso desta vez, do Prémio Bial 2012.


Efectivamente, estamos a recuar no tempo, mas também no espaço político até aos tempos da ditadura e da tentativa de implementar cada vez mais obscurantismo entre a população nacional, o que não deixa de ser muito lamentável.

Sem comentários:

Enviar um comentário