Com uma idade superior à sua e bastante
experiência da vida, desde criança que quer meus pais quer na escola, aprendi a
conjugar o verbo ceder.
E isso não se deu sem inconveniente muito
sério, mais tarde, pois de uma vida que não se partilha, é-se progressivamente
excluído.
Não se compreende bem o que não se procura
compreender todos os dias.
Os portugueses não lhe têm reconhecido – e olhe
lá – senão um direito de uma governação que se nega pôr em prática, ou porque
não sabe ou porque imagina que o povo não lhe merece mais que uma forte
fiscalidade mas também fiscalização.
O resto, “caro senhor Pedro” tornou-se em
assunto pessoal, porque se nega aprender a conjugar, no presente do indicativo,
o verbo ceder, tal como eu aprendi até na universidade, ou sobretudo nela com
professores que souberam fazer compreender a todos os seus alunos qual o
verdadeiro significado da palavra “ceder”.
Segui um rumo que nem todos os colegas de
liceu, de turma, seguiram. No percurso desse rumo e caminho, encontrei pessoas
eruditas, mas também iletradas, umas mais teimosas que as outras, muitas delas
sem saberem sequer o que é um verbo, mas que sabiam ceder aos conselhos que
lhes dava, a uma alteração que se exigia para que pudessem continuar a viver,
embora com certas dificuldades.
Souberam aprender a ceder, mas aprenderam
também a não ceder face a uma morte quase certa sem que cedesse aos conselhos que
lhes proporcionava.
Através dos perigos que nunca suspeitará, de
hesitações, de tentativas sucessivas, nem todas bem sucedidas, eles formaram
formar uma consciência nova, não sem uma certa dificuldade, mas que os tornou
felizes, permitindo-me, e aos meus colegas, tornar os danos menos graves que se
não tivessem sabido aprende a ceder.
Quando alguém, com uma certa cultura – e ninguém
é tão culto como deseja – recorre a um confidente, como se se tratasse de um
confessor, seguindo o velho ditado de que “ao médico, ao advogado e ao padre
dizer só a verdade”, talvez tenha chegado o momento de perder ou colocar de
lado toda essa sua arrogância e começar a aprender a ceder.
Recorde-se de que “nunca é demasiado tarde
para aprender”, e aprender a ceder deve tornar-se prioritário em si, uma vez
que é impossível poder ficar impávido e sereno face ao nível de vida que impôs,
um tanto estupidamente ao povo que afirma, orgulhoso, estar a governar.
Peço-lhe, pois, que abra um parentesis na sua
ainda curta carreira política, que não se coloque de um lado e o povo do outro,
mostrando-se inteligente ao ponto de aprender a ceder aos seus anseios. Por
eles, votaram no seu partido.
Lembre-se que não deve nem pode valer tudo
para atingir determinados fins, e que servir-se de mentiras como se serviu na
campanha eleitoral, faltando a todas elas e ultrapassando-as com toda a sua
arrogância e soberba, como também na sua forma de falar, de se dirigir aos
cidadãos e aos deputados das oposições, são provas de que está fortemente
necessitado de aprender a ceder, a saber ceder, dentro do que é razoável,
deixando de pensar que “tem o rei na barriga”, e verificar por si só que todos
somos iguais à superfície da Terra.
Por isso, senhor Pedro, queira dedicar algum
tempo de sua vida a aprender a ceder, e poderá ainda tentar salvar-se da total
derrocada que o ameaça.
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