O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, não terá sido apanhado de
surpresa pelas declarações que o ministro dos Negócios Estrangeiros e líder do
CDS, Paulo Portas, fez ao País, impondo fronteiras às medidas do Governo.
Aliás, de acordo com a edição desta terça-feira do Jornal de Notícias, Passos
sabia e terá aprovado o conteúdo da comunicação de Portas.
A oposição ao Executivo de Pedro Passos Coelho fala em “teatro,
fingimento e cinismo”, no que remete para a posição pública do ministro dos
Negócios Estrangeiros e líder do CDS, Paulo Portas, que, no passado domingo, se
demarcou de algumas das medidas do Governo, sobretudo daquelas que reportam aos
cortes a pensionistas. Outros há que fazem uma leitura diferente desta
divergência pública manifestada por Portas, interpretando-a enquanto moção de
censura no seio da coligação governamental.
No entanto, segundo relata a edição de
hoje do Jornal de Notícias, o primeiro-ministro estava ciente do que Portas
iria dizer no domingo aos portugueses. Mais. Os dois líderes ter-se-ão
encontrado antes da comunicação de Portas, e o seu discurso terá recebido a
‘bênção’ de Passos Coelho, que, por sinal, um dia antes, havia elogiado o
“talento” e o “muito grande sentido de responsabilidade” do democrata-cristão,
isto, saliente-se, quando já conhecia o teor da mensagem de divergência que o
ministro viria a veicular.
Esta estratégia, indica o Jornal de
Notícias, permitiu a Passos anunciar na sexta-feira um conjunto de medidas que
ultrapassam as exigidas pela troika, por forma a que Portas, de forma
calculada, pudesse piscar o olho ao seu eleitorado, discordando publicamente da
linha traçada pelo chefe do Executivo, ou pelo menos, das medidas que vão para
lá da meta imposta pela troika.
Assim, um provável recuo, pelo menos
face ao que foi anunciado por excesso, por assim dizer, não beliscará qualquer
das facções da coligação, nem tampouco a imagem do País junto da troika, que
assim deverá conceder luz verde à disponibilização da tranche associada à
sétima avaliação do programa de ajustamento português.
B. M.
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