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quarta-feira, 1 de maio de 2013

«A SEMPRE MAIOR AUSTERIDADE DESTE GOVERNO»

Uma grande ideia os possuía: a do destino; eu, como muitos cidadãos, repudio-a com todas as minhas forças, não via nem vejo nela mais que um subterfúgio de poltrões, uma desculpa para todas as abdicações, uma expressão do bom senso e da sua filosofia fúnebre.

A que me agarrar? O meu país, cuja existência visivelmente não tinha sentido, apresenta-se-me como um resumo do nada ou uma materialização do inconcebível, como uma espécie de El Dorado para eles, com um Dom Quixote das nossas amarguras. Fazer parte dele é mais que uma lição de humilhação e de sarcasmo, uma calamidade sem igual.

Q grande ideia que cá reina é a de um governo demasiado impertinente, demasiado presunçoso, demasiado ladrão, para entender a sua origem, a sua profundidade, ou as experiências, o sistema do desastre que pressupõe.

Colocando de lado o PEC, uma nova designação foi inventada – DEO – que em latim significa Deus – mas que para esses comediantes politiqueiros significa Documento de Estratégia Orçamental – que, quando for começada a fazer-se sentir bem na pele dos cidadãos, os vai obrigar a agir seja como for, pois que os povos oprimidos, por princípio, entregam-se ao “destino”, salvação negativa e, ao mesmo tempo têm uma visão determinista que s empurrará para as ruas da amargura, onde se manifestarão.

Só espero que não vão sozinhos!

Se fosse deputado de um dos partidos da oposição, devotar-me-ia a tentar com todas as minhas forças, a tentar conseguir a demissão em bloco de todas as oposições, abrindo um enorme vazio no hemiciclo, que por razão e questão de princípio deveria ser dissolvido, devendo o senhor Silva ver-se obrigado a convocar eleições antecipadas, dando de novo a voz ao povo que esses indivíduos tanto pisam.

Para o concebermos como exterior a nós, omnipotente e soberano, é necessário um vastíssimo ciclo de fracassos, que é o que tem acontecido nos dois últimos anos.

Torna-se indecente que o governo creia no esforço, na utilidade de toda essa encenação, cometendo os mais vis roubos na pessoa do povo e dos seus fracos proventos, e que, por exemplo, pretenda para 2015 – ano de eleições legislativas se antes disso nada houver que as antecipe – uma redução dos esforços da cidadania de 700 milhões, no ano anterior, 2014 2800 mil milhões e para 2016 1200 milhões.

Por isso, o povo português não acredita neles, resignando-se alguns ao que têm por inevitável e por respeito pelas conveniências.

Apoiando sempre prontamente as decepções e revelando à nossa indolência o segredo da conservação, torna-se evidente quais serão as reacções da sociedade em geral, que não pode nem admitir nem suportar mais sacrifícios impostos pelo actual governo de Portugal.

Cabe-nos então em herança a certeza da inutilidade, como um bem que os políticos do tal arco do poder adquiriram para nós, ao preço de inúmeras humilhações. E nós, infelizes herdeiros, beneficiários desses males, ostenta-mo-los e, quanto às nossas próprias humilhações, teremos sempre a possibilidade de as embelezar ou de as escamotear, de adoptar uma atitude de aborto elegante, de ser honradamente os últimos dos homens na Europa e no Mundo.

As boas maneiras, os brandos costumes, o hábito da desgraça, privilégio daqueles que, tendo nascido perdidos, começam em vida a viver o seu próprio fim, por única culpa desses que, armados em patriotas e em gente que pretende velar apenas pelo bom nome da nação, fazem com que toda uma população viva na mais profunda miséria, na fome e na desgraça humanas.




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