Centrais
sindicais falam de um dia para celebrar mas também de protesto e mobilização
pelos direitos dos trabalhadores. Lisboa será o epicentro das principais
manifestações.
Eleito há
dez dias líder da CGTP, Carlos Silva faz o seu discurso de estreia no 1.º de
Maio
O Dia do Trabalhador será assinalado esta quarta-feira por
acções de protesto das duas maiores centrais sindicais do país. Ambas têm
planeadas mobilizações independentes: a da CGTP será a nível nacional, enquanto
as comemorações da UGT terão apenas lugar em Lisboa, com uma manifestação sob o
mote “Crescimento e Emprego, Recuperar a Esperança” e com o discurso de estreia
no 1.º de Maio do seu novo secretário-geral, Carlos Silva.
O protesto
da União Geral de Trabalhadores (UGT) tem concentração marcada no Marquês de
Pombal, pelas 14h, seguindo depois em desfile pela Av. da Liberdade rumo aos
Restauradores. Carlos Silva resume assim aquelas que serão as palavras de ordem
da central sindical: “Não à resignação, capacidade de resistência ao momento
que estamos a atravessar, que é muito difícil para os portugueses, e não aos
cortes que nos querem impor”.
O novo secretário-geral, eleito há
apenas dez dias no XII Congresso da UGT, prefere não antecipar expectativas de
adesão ao protesto. No entanto, reforça o “esforço redobrado” que o sindicato
tem feito para uma mobilização forte que, “tendo em conta a situação do país”,
deve ser uma “jornada simultaneamente de luta e mobilização”.
“Espero que amanhã [quarta-feira]
a mobilização dos sindicatos seja algo que tenha visibilidade e indique uma
forte participação dos trabalhadores, reformados e pensionistas”, diz Carlos
Silva, para quem é prioritária a “defesa de trabalhadores da administração
pública e do Estado”, que podem estar na iminência de “sofrer atentados aos direitos
laborais”. “Temos de estar mobilizados e atentos”, conclui.
Esquerda em
força nos protestos
Também a CGTP vai marcar o Dia do Trabalhador com acções de protesto, aqui sob o lema “Uma vida melhor, mudar de vida e de Governo”. As comemorações planeadas pela maior central sindical do país terão lugar em mais de 39 locais, com manifestações de Norte a Sul do país.
Joaquim Dionísio, da Comissão
Executiva da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP), espera
uma grande adesão ao protesto do 1.º de Maio, um dia que “é o ponto alto da
luta dos trabalhadores mas que não será o último, porque a luta não pode
parar”.
"Vamos ter uma grande
mobilização dos trabalhadores e as razões para essa mobilização são mais que
muitas. Vamos comemorar e, simultaneamente, manifestar o sentimento de revolta
contra as medidas do Governo", diz. “Os motivos são mais que muitos para
reagir e mobilizar os trabalhadores até que haja políticas adequadas à criação
de emprego que permitam aos portugueses viver dignamente”, acrescenta ainda
sobre as motivações por trás do protesto.
Enquanto no Porto a acção da CGTP
irá decorrer na Avenida dos Aliados — onde, a partir das 15h30, haverá um
comício seguido de desfile e concerto —, em Lisboa está marcada uma marcha que
partirá do Martim Moniz, por volta das 14h30, em direcção à Alameda D. Afonso
Henriques, onde a comemoração atinge o seu ponto alto com o comício e o
discurso do secretário-geral, Arménio Carlos, mas também da parte da ala jovem
da central sindical.
Sobre o discurso de Arménio
Carlos, Joaquim Dionísio garante que “não deixará de fazer um alerta para a
situação actual e com certeza, tendo em consideração a realidade presente, não
deixará de apontar o caminho e novas acções de luta se não forem alteradas as
medidas do Governo”.
O PCP, Bloco de Esquerda (BE) e
Verdes (PEV) vão estar representados nas comemorações da CGTP, com o
secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa, e uma delegação do PEV
encabeçada pela dirigente nacional Manuela Cunha a marcarem presença no desfile
de Lisboa. Já os líderes do BE vão dividir-se pelos festejos: João Semedo
estará no de Lisboa e Catarina Martins no do Porto.
Já o PS terá representação
primeiro no desfile da CGTP e depois no da UGT, numa delegação encabeçada pelo
secretário nacional Miguel Laranjeiro e que integra ainda Jamila Madeira,
Álvaro Beleza e Nuno Sá.
=Público=
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