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domingo, 19 de maio de 2013

«TERRORISMO DE ESTADO»

Que se leve tempo para reflectir e para perspectivar determinados princípios emitidos e essas leis votadas a par da realidade, tal como ela é hoje, apenas quatro décadas após a revolução de Abril de 1974, todos podem constatar o quanto uma mística de esquerda parece, mais que nunca, necessária para manifestar a permanência de ideais, princípios e virtudes postas a dormir, quando não, pura e simplesmente, achincalhadas.

As pessoas da província estarão em pé de igualdade de oportunidades com as que vivem na capital, relativamente ao acesso às riquezas, ao saber, à cultura, aos serviços?

As pessoas de cor serão tã bem consideradas quanto os brancos, em todo o lado, em todos os locais, circunstâncias e ocasiões? Os não católicos, sobretudo quando são muçulmanos, poderão prevalecer-se dos mesmos tratamentos que os daqueles que frequentam as igrejas e seus adros aos domingos de manhã?

Os excluídos do saber e da cultura, os que deles são privados, terão as mesmas oportunidades que os letrados para circularem no labirinto dos conhecimentos?

Os soldados nas casernas, aqueles que ainda há pouco foram recrutados, disporão dos direitos que podem usufruir fora do recinto das casernas?

Os pobres estarão em pé de igualdade com os ricos? E as mulheres com os homens? É inútil ir mais longe, desenvolver o tema pois, hoje, mais que nunca, a diversidade é contrariada em proveito da celebração destinada unicamente àqueles que tiveram a sorte de estarem em conformidade com as categorias colocadas no Levitã e que fazem o bom cidadão: branco, português de boa cepa, homem, católico ou de formação católica, letrado, rico.

Quem poderá dizer o que pode representar em Portugal a mulher, tisnada, de origem vulgar, pouco letrada e pobre?

Em que pé se encontram as crianças, os doentes mentais, os incuráveis, os sem-abrigo, os desempregados, os operários, os proletários, em matéria de igualdade, de dignidade, de direito puro e simples à existência,, ao reconhecimento?

Os direitos do homem e a Constituição para os que têm fome e dormem ao relento como cães, são meras frivolidades.

Aos olhos de quem conhece a miséria, a procura de um emprego, de quem esmola o trabalho ou aquilo que lhe possa assegurar os fins de mês, os decretos, as leis e as declarações de princípio são meras ninharias.

O anjo da revolução, mais que nunca necessário, esquece-se deles, dos danados, dos rejeitados e dos escravos, para os quais, ainda e sempre, se trata de relembrar a necessidade de uma mística de esquerda que impulsione os ímpetos,, solicite as energias, insufle os ventos esmorecidos para deles fazer tempestades, as únicas que o Levitã, esparramado na sua pocilga, entende e compreende.


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