Mas não. Não se trata de fazer sermões como
acontecia com o Padre António Vieira ou outros que, em dias de festa ou
romarias importantes, se deslocam ali para com ardor falarem ao povo acerca do
santo ou da santa patrono da terra.
Não se trata também de criar o novo, mas de
manter e adaptar meios a uma situação nova.
Antigamente que se fazia? Vivia-se mal e no
totalitarismo político-social, viamo-nos obrigados a aceitar tudo quanto os
políticos decidiam, sem nos dar satisfações, viviamos como que encafuados num
mundo diferente, pois se existiam, as instituições eram apenas para inglês ver.
O ditador decidia, o povo cumpria, o presidente cortava mais umas fitas, as
instituições serviam para dar um ou outro tacho a este ou àquele amigo, as
forças policiais, especialmente a pide velavam pelo bom comportamento moral e
cívico da população.
Todos deviam frequentar as igrejas, sob pena
de serem apontados e denunciados por algum “amigo” como mais um comunista que
nem à missa ía. Era uma alegria tal, que alguns até choravam de tanto rir só de
verem parados os carros celulares junto a uma casa qualquer.
Naqueles tempos de ouro para a tirania em
Portugal, poucos compreendiam a não ser pela metade, mas todos pressentiam que
tudo aquilo era essencial para a manutenção do Estado Novo.
Alguns cidadãos, que por vezes eram apontados
como comunistas que não frequentavam as igrejas, quando sabiam que andavam a ser
seguidos por um pide, entravam na igreja, mostravam ao filho o altar e o
tabernáculo, em voz alta para que ele ouvisse também, ajudavam o filho a fazer
uma oração, para que ele sentisse que estava na presença de “outra coisa”, que
havia “um além”, confuso para ele, mas sobre o qual possuia noções precisas.
Aquela atitude sugeria ao pide que, afinal era ele mesmo quem precisava de
aprender muito sobre a religião, largava a perseguição, fazia um relatório e o
bufo era advertido.
Ora, nos tempos de hoje e sob as batutas quer
do senhor Pedro quer do senhor Silva, as coisas tomaram um cariz muito similar
no respeitante aos medos vividos pelas populações em geral e, lentamente
começaram a sentir – as populações – que abusavam delas, que tal como outrora
eram espoliadas dos seus bens, pois como alguém inventou uma crise tremenda
económica, necessário se tornava, para os que infelizmente governam ainda o
país, ou afirmam governar, o faziam ao sabor dos interesses do mundo
capitalista, causando e espalhando a fome e a miséria por todo o país, sobre as
classes menos favorecidas.
Os “notáveis” do maior partido da coligação,
ou os tais “históricos” e considerados seguidores do actual presidente da
República, desencadearam e lançaram-se numa verdadeira cruzada contra quem os
colocou na “prateleira do esquecimento”, e tal como os sapadores ou mesmo as
toupeiras, tudo têm feito – e valha-nos isso – para abrir os olhos a um
presidente que adora os seus prolongados silêncios mas que, após tanta pressão
nas ruas das cidades de Portugal, de tantos comentários feitos nas televisões,
nas rádios e nos jornais, cedeu e resolveu convocar o Conselho de Estado, para
analisarem em conjunto a actual e mais que crítica situação que se vive em
Portugal.
Certamente que isso não será do agrado do
senhor Pedro, como do senhor Silva que, todavia, se viu encostado à tal parede
de que tanto se fala, outra solução não tendo senão convocar e ouvir o que têm
a dizer os conselheiros de Estado.
O povo já não aguenta mais e também mais não
pode dar, como pretende exigir o senhor Pedro, de acordo com o senhor Vitor,
esse tecnocrata sem alma e sem o menor respeito pela cidadania nacional.
E, antes que a “bomba estoure”, talvez
pretendam evitar o que consideram uma desgraça maior, muito possivelmente uma
revolta popular que iria colocar portugueses contra portugueses com
consequências trágicas, uma vez que praticamente não há um só dia que o actual
governo não cometa mais uns cortes e mais uns roubos aos portugueses.
E se o CE tomar a decisão prevalecente na
esmagadora maioria da população, se for decidido dissolver a AR e convocar
eleições antecipadas, penso que se acalmarão os ânimos e que os únicos a
saírem bem na fotografia, serão os conselheiros e até certo ponto, o próprio
presidente da República, embora não possa disfarçar algum incómodo.
Viva Portugal!
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