Desemprego
a atingir 18,5% em 2014 e contracção nos destinos de exportação contribuem para
nuvens mais negras.
A Comissão Europeia voltou esta sexta-feira a rever em baixa as
previsões para a economia portuguesa, antevendo agora uma contracção do PIB de
2,3% em vez dos 1,9% esperados em Fevereiro.
Este maior
pessimismo nas previsões resulta da deterioração do mercado de trabalho – com o
desemprego a subir para 18,2% da população activa este ano e 18,5% em 2014
– e dos desenvolvimentos negativos nos mercados destinatários das
exportações portuguesas.
Para 2014, Bruxelas antevê um
crescimento positivo de 0,6%, em resultado da "retoma gradual" da
actividade económica que é esperada por volta do fim do ano, sob o impulso das
exportações, do investimento e da inversão da tendência do consumo privado. A
confirmar-se esta previsão, 2014 será o primeiro ano de crescimento positivo da
economia, depois de três anos seguidos de recessão.
Segundo a Comissão, a transição para
um crescimento económico mais assente nas exportações está a fazer-se a bom
ritmo, de tal forma que a balança corrente deverá ser positiva em 2013 e pela
primeira vez em "mais de 40 anos". Bruxelas salienta, no entanto, que
as suas previsões voltam a ser marcadas por riscos negativos, como sucedeu,
aliás, nos anos anteriores, em que a contracção do PIB foi muito além do
esperado.
Os riscos agora resultam
nomeadamente das economias que o país terá de efectuar para compensar o chumbo
pelo Tribunal Constitucional, no início de Abril, de várias normas do Orçamento
do Estado para este ano, no valor de 1326 milhões de euros (0,8% do PIB). A
retoma está igualmente dependente dos "desenvolvimentos" que
"permanecem frágeis" na frente comercial e dos mercados financeiros.
A reforçar os riscos que pesam sobre as previsões, Bruxelas reconhece que
eventuais "tensões na zona euro têm o potencial de afectar Portugal"
pela via comercial, dos mercados financeiros e da confiança.
A nota positiva, afirma a
Comissão, é que o facto de Portugal ter vindo a recuperar gradualmente o acesso
ao mercado para se financiar poderá melhorar as condições do crédito para o
sector privado.
O défice orçamental em Portugal
será de 5,5% do PIB este ano e de 4% em 2014, tal como o previsto no programa
de ajustamento revisto que acompanha o pacote de assistência financeira da zona
euro e FMI. Estas previsões poderão, no entanto, agravar-se em caso de
"inesperada deterioração do ambiente macroeconómico" ou de eventual
inadequação de algumas medidas de corte das despesas à luz do último acórdão do
Tribunal Constitucional.
Para a zona euro, Bruxelas prevê
um crescimento negativo de 0,4%, que se segue a uma contracção do PIB de 0,6%
no ano passado. Para o conjunto da União Europeia (UE) a recessão será mais
suave, de 0,1% este ano, depois de menos 0,3% em 2012.
A taxa de desemprego continuará a
subir para 12,2% da população activa na zona euro (contra 11,4% em 2012) e para
11,1% na UE (10,5% em 2012).
=Público=
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