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segunda-feira, 6 de maio de 2013

«PORTUGAL… AO TRABALHO!!!»

Se o nosso país é o dos “brandos costumes” e foi, em tempos, o da “alegria de viver”, é também o dos bons vinhos e da boa carne de porco sobretudo, e quando me refiro aos vinhos, é sobretudo aos que recebeu o nome da cidade do Porto.

Será que algum dia houve um vinho de Lisboa» Se a actual capital recebe a gente “fina” estrangeira,  e se entre aqueles que se proclamam lisboetas, peneirentos porque se estabeleceram na capital e lá fizeram a sua vida, as gentes nortenhas em maioria esmagadora preferiram o Porto, cidade que deu o nome a Portugal juntamente com Gaia, é conhecida por capital do trabalho, que é mal pago e não corresponde aos salários pagos na zona da capital, como se no norte vivessem os portugueses de segunda categoria.

Isso tem desencadeado, ao longo dos anos, lutas sociais, em muitos momentos da nossa história, o que prova bem que nem eles, os “lisboetas” podem subsistir sem combate.

Do Portugal actual, alguns dos nossos mais conhecidos economistas afirmam que “mesmo depois de um século de evolução industrial, o país se mantém essencialmente uma nação de aldeões, de artesãos e de burgueses”.

Ora, isso até poderia ser verdade se se aplicasse quase exclusivamente ao norte e ao Porto em especial, concelho e distrito, onde existe um carácter colectivo e a disseminação através do seu território, muitas aldeias onde os naturais podem encontrar facilmente um carpinteiro, uma costureira, um pedreiro, alguns ferradores, mecânicos, o que se aplica também a Trás-os-Montes e Alto Minho, enquanto em Lisboa se encontram mais burgueses que talvez no resto do país.

Entenda-se que, assim, o país está dividido em dois, uma parte da nação que agrupa patrões e empregadores, “quadros” de toda a espécie, funcionários, comerciantes e, naturalmente, a maioria das pessoas que exercem profissões liberais, mas também os políticos com real influência no desenvolvimento do país.

Se se juntar que Portugal é um país que possui pouca indústria, foi preciso destruir uma boa parte dela para que a zona de Lisboa se elevasse em relação ao Porto e ao norte, sendo no norte onde também existe a maioria do desemprego, já que conta com uma população essencialmente operária de muitos milhares de pessoas.

Desta repartição em quatro camadas essenciais, que frequentemente se interpenetram, resulta que Portugal aparece como uma nação nada equilibrada, tudo por única culpa dos políticos que marginalizam as massas proletárias que se balançam na corda-bamba, ou o artesanato, se bem que em regressão em seguida à concorrência industrial, em que a burguesia, apesar do empobrecimento progressivo de alguns dos seus elementos, se mantém numerosa e florescente, na região de Lisboa.

Basta consultar alguns jornais dos últimos sessenta anos sobre a inspiração burguesa no seu conjunto, mas muito menos confinada ao norte e sobretudo ao Porto, numa análise dos caracteres gerais da humanidade, para constatar que todos os corpos profissionais e todas as classes sociais têm solicitado a devida atenção dos políticos bem instalados na capital.


Apesar de tudo há ainda quem fale de igualdade e de equidade, que na selva portuguesa não passam de meras palavras vãs.

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