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sábado, 11 de maio de 2013

«POR UMA CABEÇA BEM FORMADA EM VEZ DE CHEIA DE NADA»

Cabia aos escritores da Renascença colocar o problema da educação nacional. Já Rabelais se levanta, no seu Pantagruel e no seu Gargântua, contra a instrução toda livresca dos escolásticos.

Reclama em favor da observação e, declarando que a “ciência sem consciência mais não é que a ruína da alma”, associa, na educação, a honestidade e o saber, mas faz à memória uma parte excessiva e seu aluno será sobretudo “um poço de ciência”.

Assim, o ideal de Montaigne parece o mais próximo do nosso. E tudo pode atribuir-lhe o mérito de ter acabado sem a nomear, a cultura, que é antes de tudo o desabrochar do pensamento e do coração, em contacto com os melhores espíritos, como as plantas desabrocham por uma paciente assimilação dos sucos que as alimentam.

Sempre fui contra a “carreira de deputado”, melhor dizendo, “carreira de político”, sobretudo desses e dessas que não possuem aquela experiência, tão necessária, da vida quotidiana da cidadania e do país, verdadeiros imberbes que se limitam, geralmente, a adular o líder e outros dirigentes do partido onde militam, sempre na busca de um melhor “tacho”.

A um “menino” burguês, a quem nunca faltou nada na vida, a não ser a devida educação e a tolerância em relação aos cidadãos comuns, que geralmente detesta, que procura as letras, não como profissão, nem tanto pelas comodidades externas que pelas suas próprias e para enriquecer e ficar lá dentro, tendo vontade de se tornar num hábil homem que um homem sabedor, pessoalmente queria que houvesse honestidade e que se devia escolher um condutor que tivesse a cabeça bem formada em vez de bem recheada, e que aprendessem a respeitar sobretudo os mais velhos, em vez de se armarem em defensores dos costumes e da inteligência, que deles fugiu a sete pés, que aprendessem a conduzir-se e a comportar-se de maneira diferente.

Por vezes com aulas particulares e cursos comprados por bom dinheiro, bem cedo demonstram que a inteligência nada tem que a pague, e que, como se dizia no meu tempo de estudante, um burro nunca será outra coisa que um burro, que jamais poderá aspirar a ser cavalo.

Os princípios de Aristóteles para essas “bestas quadradas” nunca serão os seus princípios, não mais que os dos Estóicos ou Epicuristas. Que lhe proponham esta diversidade de julgamentos; escolherá, se puder, senão manter-se-á eternamente em dúvida e na ignorância. «Che, non men che saper, dubiar m’aggrada.»

Pois se ele abraça as opiniões de Xénophon e de Platão pelo seu próprio discurso, não serão as suas palavras, mas a dos sábios da Antiguidade. Quem segue um outro, não segue nada.

Esses meninos não encontram nada. «non sumus sub rege; sibi quisque se vindicet». Que saiba o que faz, pelo menos, mas também o que diz e deixe de insultar os velhos de Portugal, que lhe deveriam merecer toda a consideração e até todo o carinho.

A verdade e a razão são comuns a um qualquer, não sendo de quem as disse em primeiro lugar que a quem as diz depois.

Também não é, segundo Platão que segundo eu, já que ele e eu o entendemos e vemos como um parvo idiota com vontade de dar nas vistas.


As abelhas pilham as flores daqui e dali, mas depois fazem o mel que é todo delas; Assim as peças tomadas a outros, ele as transformará e confundirá, para pelo menos tentar sobressair do anonimato em que se encontra no seio dos deputados da nação, o que torna ainda mais urgente diminuir ao seu número e passar por vários filtros os potenciais candidatos; o seu julgamento, a sua instituição,o seu “trabalho” só visam formá-lo, dar-lhe o que nunca terá.

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