Cabia aos escritores da Renascença colocar o
problema da educação nacional. Já Rabelais se levanta, no seu Pantagruel e no
seu Gargântua, contra a instrução toda livresca dos escolásticos.
Reclama em favor da observação e, declarando
que a “ciência sem consciência mais não é que a ruína da alma”, associa, na
educação, a honestidade e o saber, mas faz à memória uma parte excessiva e seu
aluno será sobretudo “um poço de ciência”.
Assim, o ideal de Montaigne parece o mais
próximo do nosso. E tudo pode atribuir-lhe o mérito de ter acabado sem a
nomear, a cultura, que é antes de tudo o desabrochar do pensamento e do
coração, em contacto com os melhores espíritos, como as plantas desabrocham por
uma paciente assimilação dos sucos que as alimentam.
Sempre fui contra a “carreira de deputado”,
melhor dizendo, “carreira de político”, sobretudo desses e dessas que não
possuem aquela experiência, tão necessária, da vida quotidiana da cidadania e
do país, verdadeiros imberbes que se limitam, geralmente, a adular o líder e
outros dirigentes do partido onde militam, sempre na busca de um melhor “tacho”.
A um “menino” burguês, a quem nunca faltou
nada na vida, a não ser a devida educação e a tolerância em relação aos cidadãos
comuns, que geralmente detesta, que procura as letras, não como profissão, nem
tanto pelas comodidades externas que pelas suas próprias e para enriquecer e
ficar lá dentro, tendo vontade de se tornar num hábil homem que um homem
sabedor, pessoalmente queria que houvesse honestidade e que se devia escolher
um condutor que tivesse a cabeça bem formada em vez de bem recheada, e que aprendessem
a respeitar sobretudo os mais velhos, em vez de se armarem em defensores dos
costumes e da inteligência, que deles fugiu a sete pés, que aprendessem a
conduzir-se e a comportar-se de maneira diferente.
Por vezes com aulas particulares e cursos
comprados por bom dinheiro, bem cedo demonstram que a inteligência nada tem que
a pague, e que, como se dizia no meu tempo de estudante, um burro nunca será
outra coisa que um burro, que jamais poderá aspirar a ser cavalo.
Os princípios de Aristóteles para essas “bestas
quadradas” nunca serão os seus princípios, não mais que os dos Estóicos ou
Epicuristas. Que lhe proponham esta diversidade de julgamentos; escolherá, se
puder, senão manter-se-á eternamente em dúvida e na ignorância. «Che, non men
che saper, dubiar m’aggrada.»
Pois se ele abraça as opiniões de Xénophon e
de Platão pelo seu próprio discurso, não serão as suas palavras, mas a dos
sábios da Antiguidade. Quem segue um outro, não segue nada.
Esses meninos não encontram nada. «non sumus
sub rege; sibi quisque se vindicet». Que saiba o que faz, pelo menos, mas
também o que diz e deixe de insultar os velhos de Portugal, que lhe deveriam
merecer toda a consideração e até todo o carinho.
A verdade e a razão são comuns a um qualquer,
não sendo de quem as disse em primeiro lugar que a quem as diz depois.
Também não é, segundo Platão que segundo eu,
já que ele e eu o entendemos e vemos como um parvo idiota com vontade de dar
nas vistas.
As abelhas pilham as flores daqui e dali, mas
depois fazem o mel que é todo delas; Assim as peças tomadas a outros, ele as
transformará e confundirá, para pelo menos tentar sobressair do anonimato em que
se encontra no seio dos deputados da nação, o que torna ainda mais urgente
diminuir ao seu número e passar por vários filtros os potenciais candidatos; o
seu julgamento, a sua instituição,o seu “trabalho” só visam formá-lo, dar-lhe o
que nunca terá.
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