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sábado, 4 de maio de 2013

«PEDRO, O FALSO PASTOR…»

Há cerca de dois anos e uns meses, vindo das bandas do país do sul desolador da Europa, quase de repente, surgiu um indivíduo que de imediato começou a proclamar desejar ser pastor, até porque era urgente mudar, para melhor, a vida das ovelhas, carneiros e cordeiros, conduzir o rebanho para novas paragens e pastagens.

Esse novo aspirante a pastor era, na sombra, aconselhado por um seu igual, de nome Miguel que, às escondidas de todos os membros do rebanho tinham já tudo combinado sobre a melhor forma de arrasarem com tudo o que fosse benéfico para o rebanho.

Que pretendiam eles? Que os cordeiros crescessem e pudessem dar lã, para depois serem todos, ovelhas, carneiros e borregos tosquiados a seu bel prazer, proporcionando-lhes, e aos seus amigos mais próximos do ponto de vista da cor deles, fabulosos lucros, ao mesmo tempo que fariam compreender ao rebanho quem mandava, quem dava as ordens, quem decidia o que e onde pastar.

Mas, vivia-se uma época em que o rebanho estava bastante dividido e em que ambos se viam à nora para juntar ao seu lado a parte do rebanho que lhes garantisse a “propriedade” da sua maioria. Ora, os membros do rebanho pareciam gagos, pois só conseguiam, nas suas “vozes roucas” soletrar o início de uma palavra: ficavam-se quer as ovelhas, quer os carneiros quer os cordeiros por um “Méééé”, já que lhes era impossível conseguir articular o resto da dita, “rda”.

Dos lados de Belém tudo era silêncio, como de costume, embora ali para os lados de S. Bento a coisa fervilhasse, sendo para lá que Pedro e Miguel resolveram enviar os seus mastins e reunir todos os componentes da parvónia que neles confiavam e assim o expressaram, começando a segui-los por toda a grande aldeia da Lusitânia.

Enquanto os cordeirinhos se limitavam à sua irreverência, dando saltos e correndo de um lado para o outro, seus pais, ovelhas e carneiros, permaneciam, fiéis, junto do Pedro e do Miguel.

Um belo dia, como que se abriram as portas das tais novas pastagens, criando-se então uma espécie de aliança que permitiria congregar uma maioria confortável de ovelhas e carneiros, e seus cordeiros, num só grupo que, diziam o Pedro, o Miguel e também o Paulo, detentor das chaves das ditas portas dos currais, seguindo-se então uma contagem de unidades que preferiram a companhia desse trio maravilha.

Foram, pois, considerados os novos pastores do grande rebanho lusitano e, para poderem dominá-lo como lhes convinha, nomearam, de acordo com o professor de Belém, novos pastores e muitos subpastores, a quem deram a denominação de assessores, pois não podiam fazer tudo sozinhos, e muito era o que tinham a fazer pela sua frente.

Cedo, porém, demonstraram que a sua única intenção era a de obrigarem os membros todos do rebanho a darem tudo o que possuiam, toda a sua lã, mas também a sua carne para com ela se banquetearem.

Alguns carneiros e ovelhas começaram a mostrar o seu descontentamento pela negação das promessas por eles feitas, e pouco tempo depois podiam ver-se pelas ruas das cidades do país a quem já designavam por “Carneirolândia” do sul da Europa, aqueles que quer o Pedro, Miguel e Paulo, mas também o tal professor de Belém e muitos outros seus apaniguados, tinham, conseguindo-o através de todas as suas mentiras – e tantas que foram e continuam – iludir.

E como agora aquela que se arvora em “patroa” quer da Europa quer deles exige cada vez mais lã e mais carne, Pedro não se poupa a esforços para conseguir acalmá-la, nem que para tal tenha de sacrificar todo o rebanho lusitano.


«Quo Vadis, Lusitânia?»

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