Nada de mais perverso, na política, que
colocar os interesses privados e partidários acima dos mais convenientes à
nação como um todo.
Aliás, isso acontece por toda a Europa, e
talvez mesmo o mundo, revelando um grau de comprometimento social de cada
sector social que vive na e da política. Vendo bem as coisas, a direita, porque
elitista por natureza tem esse comportamento no seu ADN, embora certa esquerda
também tenha as suas faenas o que, de qualquer modo, esse comportamento seja um
péssimo serviço prestado á cidadania.
Desde há dois anos que vimos a assistir a
todo um conjunto de artigos, de comentários televisivos e radiofónicos que
analisam a situação do país, que não passa de uma triste realidade muito
similares ao que se passava há pelo menos quarenta anos e mais ainda, dando a
todos, mas sobretudo aos mais velhos, de uma repressão muito significativa e
que nenhum político poderá imputar à troika.
Dizem-nos que a inflação se mantém estável,
mas calam-se quando – e todos sabemos que andamos a ser constantemente roubados
pelas gasolineiras com as constantes subidas e descidas do preço dos
combustíveis, com todo esse desemprego e falta de estabilidade na economia,
como nas finanças familiares, com um governo que se limita a dar aos ombros ou
a rir-se, aconselhando mesmo a que se encostem os carros e se procurem os
transportes públicos, que ficam ainda mais caros, e, se há tempos atrás os passageiros
se sentiam como sardinhas enlatadas, hoje podem viajar sentados, pois uma
grande parte da população anda a pé.
E se alguém critica os meios utilizados pelos
governantes, de imediato levantam a sua voz para justificarem que se vive uma
crise terrível e ser necessários cada vez mais sacrifícios por parte da
população, a verdade é que a população sacrificada é a mais pobre, a de menores
recursos. Mas também apontando o memorando assinado coma tal troika, nem que
tenham de manipular dados.
Todavia, não prescindem dos seus carros topo
de gama, dos seus motoristas e de muitas mais benesses que gastam milhões
mensalmente, razão pela qual se dedicam a imaginar sempre novos e pesados
impostos, com a argumentação de que todos são iguais, apesar de se saber que
uns são mais iguais que outros.
Há o costume de dizer, quando os
acontecimentos assim o exigem, que Portugal é uma República bananeira, mas que,
pessoalmente, afirmo ser mais tomateira; em Portugal os tomates têm muita
aplicação, seja culinária ou não.
Frequentemente se ouve dizer que aquele não
os tem no sítio, que aquele os tem a mais, que há pessoas que nem os têm, nem
nunca os tiveram, que na sua maioria são cultivados para exportação e para a
confecção de compotas ou doce de tomates, que têm efeitos medicinais, ou seja,
os tomates são uma espécie de banha da cobra e que consumidos em salada são
divinais.
Só faltava agora que fossemos aconselhados a
comer tomates e cenouras, mesmo que diabéticos, ou que a própria senhora
ministra da agricultura consumia uma boa quantidade de tomates nacionais diariamente,
e que os governantes bebiam sumo de tomate em vez de água ou de uma bebida
espirituosa de vez em quando.
Porquê falar de tomates e de cenouras?
Trata-se de um simples exemplo das conversas e temas que mais convêm aos
políticos que se arvoram em defensores do produto nacional e que consumir
tomates faz bem à saúde, seja qual for a espécie de tomates que se consuma.
Mas, os portugueses preferem comer bacalhau,
carne de porco e de vaca, frango de vez em quando e uns carapaus ou sardinhas,
mas não lhes podem chegar devido ao preço e sobretudo à falta de dinheiro para
adquirir esses alimentos.
Por tais motivos, os portugueses são cada vez
mais indesejáveis, especialmente essa tal «peste grisalha», os mais velhos, que
tanto deram ao país e que hoje quase se limitam a receber insultos da parte de
alguns políticos, mas também todas as agressões constantes de toda essa idiotia
que dá pelo nome de políticos, pois esses mesmos velhos que trabalharam toda a
a vida e desde tenra idade, se tornaram um peso para o país que os viu nascer e
que eles tanto estimam.
E se não se calam, têm todo o direito de
gritar alto e bom som, as suas exigências em
defesa da sua dignidade como seres humanos que deram ao país o que nem
mil políticos conseguiram dar-lhe, pois a única coisa que sabem fazer é
roubá-lo com todo o descaramento.
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