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domingo, 5 de maio de 2013

«O NOVO FEUDALISMO NO MUNDO»

O feudalismo atacado com a ajuda da democracia e da igualdade, por intermédio do cidadão, a industrialização posta  em causa pelo socialismo e pela democracia, por intermédio do trabalhador, apenas estavam à espera do capitalismo criticado segundo o princípio libidinal e libertário, por intermédio do indivíduo, cuja data de nascença é, incontestavelmente, Maio de 1968.

Com esse mês mítico e com os seus característicos acontecimentos, a mística de esquerda completa e termina a formulação do seu empreendimento da descristiananização, inaugurada pela Revolução Francesa.

O século de Proudhon quis acabar com a caridade dos católicos que a pobreza sempre satisfaz, pois ela permite-lhes praticar uma das virtudes teologais que a Igreja apostólica e romana convida a exercer.

Contra o que não era ainda caritativo, mas que, no fundo, se lhe assemelhava estranhamente, os socialistas quiseram promover, se não a justiça, pelo menos a equidade, a saber, aquilo que diz respeito às leis naturais quando a justiça pressupõe o que cabe a cada um, mas segundo o direito positivo.

Preciso aqui que as leis naturais designam aquilo que parece impor-se de si mesmo, com toda a evidência, desde que se disponha de um mínimo de humanidade.

Segundo o princípio de Antígona, essas leis querem, de maneira ética e absoluta, o que é justo segundo a ordem da alma e não do código civil.

Alojar os sem-abrigo, dar trabalho aos danados, tornar mais viável a condição dos explorados, humanizar a existência sob todas as suas formas, eis obrigações políticas de esquerda que provêm de princípios éticos hedonistas.

Longe das dissertações filosóficas ou das divagações doutorais sobre os méritos comparados das justiças comutativa ou distributiva, sobre a relação mantida entre a caridade e outras virtudes teologais do género da fé ou da esperança, com as quais nada podemos fazer, o princípio de Antígona quer a equidade segundo a ordem humana.

A sua especificidade, definição e quinta-essência, supõem ser preferível tudo o que nos afaste do animal, da besta.

Da igualdade e da humanidade até à fraternidade e à equidade, efectua-se um trajecto que conduz à liberdade e ao desfrutar de si próprio. Maio de 68 ofereceu a oportunidade de um momento histórico no qual se cristalizou a mística de esquerda.

Será que passados 45 anos, hoje portanto, se tornou conveniente fazer dos acontecimentos de então um epifenómeno, uma festa, um  rebuliço, um desfile barulhento de estudantes, sem consequências?


Não! Não pode ser, pois se então, em França nada estava bem, ou muito pouco, hoje em Portugal tudo se encontra nas ruas da amargura, sendo necessário e urgente travar toda a agressividade de um governo “louco” e sem o menor sentido de solidariedade.

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