Ex-presidente
do PSD avisa que reformas do Estado podem ser "bomba política, social e
jurídica" por causa sobretudo das taxas sobre as pensões.
O ex-presidente do PSD Luís Marques Mendes afirmou neste sábado
que Vítor Gaspar não deverá sair do Governo antes de Junho de 2014, mas nessa
altura poderá ser o nome indicado pelo Governo para o lugar de comissário
europeu.
"Vítor
Gaspar tem desde o início um compromisso com Passos Coelho – o compromisso de
cumprir os três anos do período de resgate. Não acredito que este compromisso
seja violado – nem por uma parte nem por outra", afirmou Marques Mendes,
para explicar as razões pelas quais o actual ministro das Finanças não é
remodelável.
Mas quando terminar o programa de
ajustamento em curso, Mendes considera "muito provável" que Vítor
Gaspar "possa ser indicado por Passos Coelho para comissário
europeu". Um processo que coincide com as eleições europeias de Junho de
2014 e o fim do mandato de Durão Barroso na Comissão Europeia.
No seu comentário semanal na SIC,
Marques Mendes avisou também o Governo para os riscos da reforma do Estado, em
especial a taxa prevista para onerar as pensões da função pública, mas também
pelas novas regras da mobilidade dos funcionários do Estado.
"O pacote da chamada “Reforma
do Estado”, sobretudo pelo momento em que vai ser executado (quando já há no
país uma enorme fadiga de austeridade) é uma bomba política e uma bomba social",
disse. Política devido ao risco ruptura da coligação, dada a oposição do CDS.
Sobre a instabilidade social,
Mendes criticou a forma como o Governo fala de cortes nas pensões. "É
chocante", qualificou o comentador, que está contra o uso de expressões como
“não há dinheiro”, “não há alternativa”, “temos de reduzir o défice”.
"Parece que o Governo trata os pensionistas como cobaias" e "tem
prazer em fazer mal aos pensionistas".
Em seu entender, trata-se de
"um duplo assassínio: um assassínio político e um assassínio social":
"O Governo mata a sua autoridade moral para governar (é muito firme com os
fracos mas não com os fortes); e mata a confiança e a sensibilidade de um dos
sectores mais vulneráveis da sociedade", analisou.
Mendes alertou também para a possibilidade
de se tornar uma "bomba jurídica" porque "chumbam de caras no
Tribunal Constitucional". "Em matéria constitucional, convém que não
volte a brincar com o fogo. Um terceiro chumbo no TC seria dramático para o
Governo", sublinhou.
=Público=
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