Comentador
da TVI diz que Governo é "fraquinho, fraquinho, fraquinho” e que já não é
"levado a sério".
Marcelo Rebelo de Sousa considerou neste domingo que o “drama”
em torno da nova taxa de sustentabilidade sobre as pensões deixou a troika e o Governo numa situação “muito
complicada” perante os portugueses, porque “nunca ninguém sabe que medidas vão
ser tomadas”.
“Politicamente
ficam todos mal neste filme”, afirmou o ex-líder do PSD no seu espaço de
comentário habitual aos domingos à noite na TVI, referindo-se ao clima de
tensão no Governo por causa daquela contribuição.
O líder do CDS-PP tinha dito que
não podia deixar passar a taxa de sustentabilidade sobre as pensões, mas esta
tarde acabou por aceitar, “excepcionalmente”, que a medida figure no acordo com
a troika como
facultativa. Caso não tivesse havido acordo “podia cair o Governo”, acredita
Rebelo de Sousa. Perante a solução encontrada, “o Governo aguenta mas é um
Governo fraquinho, fraquinho, fraquinho”.
Por um lado, “a troika com estas exigências acaba por
não mostrar sensibilidade às questões sociais”, criticou o comentador,
lamentando que o Governo ainda não tenha percebido que tem “espaço de manobra”
para negociar. E explicou: “A troika não pode, por razões técnicas,
desdizer o que já disse publicamente [sobre o bom comportamento de Portugal]. O
problema é que Vítor Gaspar, na dúvida, está sempre do lado da troika”.
Por outro lado, o Governo – e
particularmente o CDS – saem fragilizados, na opinião de Marcelo Rebelo de
Sousa. “As pessoas não os levam a sério”, considerou, sublinhando que “é
preciso que o primeiro-ministro fale em nome do Governo todo”.
Para o comentador, o líder do
CDS-PP fica “numa situação complicada, porque se pôs em bicos e berrou em nome
dos pensionistas, mas o PSD também fica porque sobra para todos”. Isto porque
além de tomar medidas “às pinguinhas”, o Governo comete o erro de não as
explicar, critica Rebelo de Sousa. E também porque não são claros os objectivos
do Governo em relação à função pública e à segurança social.
“Vem aí o relatório da OCDE com a
reforma do Estado. Corta-se antes de haver a reforma do Estado e depois faz-se
a reforma à medida do que já se cortou. O que é que o Governo quer da função
pública?”, questionou o comentador. Na segurança social, o problema repete-se,
faltando explicar aos portugueses o que podem fazer para assegurar a sua
reforma. "O que é que o Estado permite que as pessoas façam para
descontarem para elas?"
Sobre a questão da
constitucionalidade da nova taxa, Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que o
Tribunal Constitucional “pode, olhando para a solução concreta, dizer que esta
solução não é equilibrada, devia ser mais tempo, de forma mais gradual, não
devia ser tão intensa".
Marcelo Rebelo de Sousa criticou
ainda a "sensação de instabilidade dentro do próprio Governo".
"Agora é uma espécie de aposta. Cai nesta semana ou cai na
seguinte?", ironizou, caracterizando a governação como um autêntico "reality show". Ainda
assim, o social-democrata acredita que o executivo vai aguentar até Junho de
2014, embora com "momentos de crise", antevendo uma nova tensão antes
da apresentação do Orçamento do Estado para o próximo ano.
=Público=
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