O facto terá sérias repercussões no futuro…
O governo quer contratar médicos brasileiros
e cubanos, também espanhóis para trabalharem nas áreas mais carentes do país.
Por sua vez, o Brasil também pretende
recrutar médicos cubanos e ou portugueses que se sintam descontentes e não
realizados em Portugal.
É preciso chamar a atenção para o seguinte,
no respeitante a Cuba e a Portugal.
Cuba é um país muito pequeno, sendo fácil
ajustar a formação profissional às necessidades da sociedade, tornando-se, no
mínimo estranho que haja tantos médicos desocupados, a ponto de responderem
favoravelmente aos apelos que lhes são dirigidos.
Quanto a Portugal, não se pode compreender
que todas as fornadas de jovens médicos que se licenciam todos os anos,
permaneçam comodamente instalados nas grandes cidades, especialmente Lisboa,
Porto e Coimbra, mas também Braga, Viana do Castelo, Portalegre, Castelo Branco
e Évora ou Faro, Madeira e Açores…
Mas, vendo tudo quanto tem sido feito com os
serviços de saúde, que têm sido encerrados por questões puramente
economicistas, também é difícil compreender como é possível que se sinta falta
de médicos em Portugal, fora dos grandes centros.
Logo que aconteceu o 25 de Abril de 1974,
foram criadas disposições legais que obrigavam todos os médicos, após o
internato e a especialização, a instalar-se na dita província, recebendo um
suplemento juntamente com o seu salário, o que permitia às populações do
interior, hoje quase ao abandono, recorrer ao médico sem ter de percorrer
muitos quilómetros, até porque o único carro que muitas pessoas conheciam, era
o de bois ou de burros, dependendo da área geográfica.
Não se trata de qualquer teoria conspirativa;
o assunto é gravíssimo, pelo que peço seja apreciado com toda a atenção.
Não se trata de qualquer rebelião xenófoba,
apenas de ter em conta a qualidade de formação desses profissionais e compará-la
à dos nossos médicos, estando abaixo da crítica. Note-se que o destino dessas
pessoas será o Portugal mais profundo, menos desenvolvido do país, onde todos
os serviços prestados pelo governo já são péssimos, praticamente inexistentes,
sobretudo nas questões de segurança em todas as suas vertentes.
Ora, se vierem para cá esses médicos, após
terem militado pelo período de tempo estabelecido e aceite, é perfeitamente
compreensível que queiram oportunidades noutros locais, como os grandes
centros, é aí, o governo português ver-se-á, seja qual for, em palpos de aranha
em relação aos licenciados nas faculdades nacionais, que pretenderão os lugares
ocupados – hipoteticamente – pelos cubanos, espanhóis e brasileiros, sem terem
de ir fazer o «estágio» na província.
Razão pela qual a vinda desses senhores e
senhoras deve ser abortada, até porque já existem demasiados problemas no
sector da saúde. Por outro lado e apesar de apresentarem os diplomas, quem
garantirá que se trate de médicos reais? No respeitante a Cuba, por exemplo,
como pode garantir o seu sistema de saúde e exportar tantos médicos? Quanto aos
espanhóis e brasileiros, que o governo daquele país já fez saber que não
exportará nem mais um, se uns são nuestros hermanos e os outros nossos irmãos
do lado de lá do Atlântico, são também necessários nos seus países.
Nada me move contra os cubanos e até admiro
bastante a “Ilha” e a sua forma de estar no mundo, mas com todos os diabos,
para quê e porquê importar médicos estrangeiros se basta um decreto ou uma
portaria para que os nossos façam o que não querem fazer, ou seja, dar o seu
saber aos seus concidadãos, sobretudo esses do “cisma grisalho”, que tanto
precisam de apoio na sua solidão de velhice, uma vez que por todos foram
abandonados a uma sorte um tanto macabra.
Por Portugal e S. Jorge – como diria alguém –
e com a inspiração de Nossa Senhora de Fátima – mobilizem os médicos nacionais –
para darem assistência aos cidadãos que a não têm e que gastam todos os seus
cêntimos em taxis para percorrerem os quilómetros que os separam de uma receita
médica mensal, mesmo se desdobrada em três; os problemas medicamentosos não
surgem apenas nas cidades e depois de anos a tomar a mesma coisa, por vezes
acontecem as rejeições que podem ser graves.
Acorda Portugal! Acordai Portugueses!
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