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quinta-feira, 2 de maio de 2013

«A REFORMA DE QUEM TRABALHA»

Todos entendem que os trabalhadores mais velhos devem reformar-se e dar o lugar aos novos. Foi este o motivo que levou o chanceler alemão Otto von Bismarck, a instituir, em 1881, o sistema de pensões para as pessoas com 65 anos.

A reforma aos 65 anos foi a regra durante muitos anos, mas actualmente encara-se a questão com maior flexibilidade. Apesar disso, são cada vez em maior número os trabalhadores que se reformam cedo. E embora muitos descubram que os hobies só entretêm nos primeiros meses, outros concordam com o autor de uma carta publicada na revista Modern Maturity, um reformado que, aos 73 anos, escreveu: «Se soubesse que era tão bom, tinha-me reformado há 70 anos.»

A escolha depende do indivíduo e do trabalho que executa. O trabalho monótono raras vezes é suficientemente satisfatório para conservar no emprego aqueles que se podem permitir largá-lo sem prejuízo financeiro.

Em contrapartida, os empresários e os trabalhadores por conta própria, por exemplo, continuam durante anos bem agarrados ao trabalho, pois pretendem enriquecer mais um bom bocado.

E os espíritos criativos não têm reforma  - a arte não tem idade, embora em áreas de investigação, como matemáticas e física, as grandes descobertas tenham sido quase exclusivamente feitas por jovens cientistas.

Os psicólogos, sociólogos e psiquiatras, elaboraram uma escala de personalidades agrupadas segundo a respectiva adaptação aos «reorganizadores»,  que descobrem facilmente novas actividades de que tiram prazer e realização.

Os directores de empresa e s profissionais acostumados a planear a sua actividade entram geralmente nesta categoria.

Mas – a menos que tenham programado antecipadamente as suas reformas – os executivos podem, apesar de tudo, ressentir-se da súbita perda de poder e prestígio inerente ao regresso a casa.

Noutra categoria de pessoas que se adaptam facilmente encontram-se os “desprendidos”, que apreciam uma vida menos activa. Em vez de se lastimarem, adaptam-se bem a uma vida menos exigente e mais contemplativa.

Aqueles que estão acostumados a um trabalho físico violento poderão sentir-se frustrados quando a falta de força os obriga á reforma ou limita a sua actividade.

E, curiosamente, pessoas que se submeteram à tirania do relógio de ponto durante 40 anos sentem-se perdidos quando deixam de ter essa obrigação.

Entre as coisas agradáveis mais frequentemente citadas pelos reformados, figuram: mais tempo para a família e amigos, uma relação mais profunda com o cônjuge, a concretização de sonhos há muito desejados.

Os reformados descobrem também que gostam de ser os seus próprios patrões e que o tempo voluntariamente dedicado a uma causa ou a uma obra de caridade é uma das compensações de se ter deixado de trabalhar.

A compensação porventura mais valiosa foi descrita num engraçado artigo de um antigo executivo, George Nelson, no New York Times.

Lera qualquer coisa sobre a necessidade de se planear cuidadosamente uma reforma. No seu primeiro dia de reforma, estabeleceu um horário bem preenchido, que consistia num passeio de 3 km, dois cursos de arte e literatura e colaboração em duas organizações de beneficência.

Será que qualquer trabalhador português pode programar a sua reforma do mesmo modo que Nelson?

E, também, as doenças físicas e mentais, como a demência ou mesmo a doença de Alzheimer tão alastrada hoje nas pessoas com mais de 55 anos, poderá permitir-lhes continuar a exercer as suas funções profissionais?

É totalmente aconselhável submeter-se a exames médicos precoces a partir dos 55 anos que detectem sinais de demência, geralmente diagnosticadas como tratando-se de Alzheimer, mas quem o faz em Portugal?

Muitas vezes, quando se começam a verificar os primeiros sintomas, é já demasiado tarde para a retardar o mais possível, em parte devido à vida solitária dos cidadãos mais velhos, e, por outro lado, porque embora se digam maravilhas do Serviço Nacional de Saúde se torna necessário mentalizar os neurologistas e psiquiatras a abrirem as suas consultas a toda uma cidadania precocemente envelhecida devido a todas as adversidades da vida em Portugal. E, cada vez será pior, devido a todas as péssimas políticas nesse e noutros sentidos.


Será que pretendem que se vá trabalhar na velhice e se ocupem os lugares que deverão ser ocupados por jovens, ou mantê-los no desemprego e a ganhar vícios por aí?

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