Todos entendem que os trabalhadores mais
velhos devem reformar-se e dar o lugar aos novos. Foi este o motivo que levou o
chanceler alemão Otto von Bismarck, a instituir, em 1881, o sistema de pensões
para as pessoas com 65 anos.
A reforma aos 65 anos foi a regra durante
muitos anos, mas actualmente encara-se a questão com maior flexibilidade.
Apesar disso, são cada vez em maior número os trabalhadores que se reformam
cedo. E embora muitos descubram que os hobies só entretêm nos primeiros meses,
outros concordam com o autor de uma carta publicada na revista Modern Maturity,
um reformado que, aos 73 anos, escreveu: «Se soubesse que era tão bom, tinha-me
reformado há 70 anos.»
A escolha depende do indivíduo e do trabalho
que executa. O trabalho monótono raras vezes é suficientemente satisfatório
para conservar no emprego aqueles que se podem permitir largá-lo sem prejuízo
financeiro.
Em contrapartida, os empresários e os
trabalhadores por conta própria, por exemplo, continuam durante anos bem
agarrados ao trabalho, pois pretendem enriquecer mais um bom bocado.
E os espíritos criativos não têm reforma - a arte não tem idade, embora em áreas de
investigação, como matemáticas e física, as grandes descobertas tenham sido
quase exclusivamente feitas por jovens cientistas.
Os psicólogos, sociólogos e psiquiatras,
elaboraram uma escala de personalidades agrupadas segundo a respectiva adaptação
aos «reorganizadores», que descobrem
facilmente novas actividades de que tiram prazer e realização.
Os directores de empresa e s profissionais
acostumados a planear a sua actividade entram geralmente nesta categoria.
Mas – a menos que tenham programado
antecipadamente as suas reformas – os executivos podem, apesar de tudo,
ressentir-se da súbita perda de poder e prestígio inerente ao regresso a casa.
Noutra categoria de pessoas que se adaptam
facilmente encontram-se os “desprendidos”, que apreciam uma vida menos activa.
Em vez de se lastimarem, adaptam-se bem a uma vida menos exigente e mais
contemplativa.
Aqueles que estão acostumados a um trabalho
físico violento poderão sentir-se frustrados quando a falta de força os obriga
á reforma ou limita a sua actividade.
E, curiosamente, pessoas que se submeteram à
tirania do relógio de ponto durante 40 anos sentem-se perdidos quando deixam de
ter essa obrigação.
Entre as coisas agradáveis mais
frequentemente citadas pelos reformados, figuram: mais tempo para a família e
amigos, uma relação mais profunda com o cônjuge, a concretização de sonhos há
muito desejados.
Os reformados descobrem também que gostam de ser os seus próprios patrões e que o tempo voluntariamente dedicado a uma causa ou a uma obra de caridade é uma das compensações de se ter deixado de trabalhar.
A compensação porventura mais valiosa foi
descrita num engraçado artigo de um antigo executivo, George Nelson, no New
York Times.
Lera qualquer coisa sobre a necessidade de se
planear cuidadosamente uma reforma. No seu primeiro dia de reforma, estabeleceu
um horário bem preenchido, que consistia num passeio de 3 km, dois cursos de
arte e literatura e colaboração em duas organizações de beneficência.
Será que qualquer trabalhador português pode
programar a sua reforma do mesmo modo que Nelson?
E, também, as doenças físicas e mentais, como
a demência ou mesmo a doença de Alzheimer tão alastrada hoje nas pessoas com
mais de 55 anos, poderá permitir-lhes continuar a exercer as suas funções
profissionais?
É totalmente aconselhável submeter-se a
exames médicos precoces a partir dos 55 anos que detectem sinais de demência,
geralmente diagnosticadas como tratando-se de Alzheimer, mas quem o faz em
Portugal?
Muitas vezes, quando se começam a verificar
os primeiros sintomas, é já demasiado tarde para a retardar o mais possível, em
parte devido à vida solitária dos cidadãos mais velhos, e, por outro lado,
porque embora se digam maravilhas do Serviço Nacional de Saúde se torna
necessário mentalizar os neurologistas e psiquiatras a abrirem as suas
consultas a toda uma cidadania precocemente envelhecida devido a todas as
adversidades da vida em Portugal. E, cada vez será pior, devido a todas as
péssimas políticas nesse e noutros sentidos.
Será que pretendem que se vá trabalhar na
velhice e se ocupem os lugares que deverão ser ocupados por jovens, ou
mantê-los no desemprego e a ganhar vícios por aí?
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