“Estamos todos responsabilizados quanto à necessidade de
encontrar propostas alternativas na eventualidade de discordarmos delas.” A
frase foi proferida pelo vice-presidente do PSD e coordenador das autarquias,
Jorge Moreira da Silva, na passada sexta-feira quando os jornalistas o
questionavam sobre a posição de Paulo Portas em relação aos cortes nas pensões.
Mas, neste
sábado, o dirigente social-democrata fez questão de frisar que o alvo do
seu desafio não fora o líder dos centristas. Ao PÚBLICO reiterou a convicção de
que é “legítimo e normal que o CDS torne públicas as suas posições”.
E manifestou ainda a
disponibilidade do PSD para trabalhar em conjunto com o CDS para encontrar as
alternativas ao corte nas pensões. Disse -o antes de assinalar a “natureza
aberta do documento” que avançou com as medidas necessárias para emagrecer a
despesa pública em mais de quatro mil milhões de euros.
A posição do vice-presidente do
PSD surgiu poucos dias depois de o presidente do CDS e ministro dos Negócios
Estrangeiros, Paulo Portas, ter assumido ser “politicamente incompatível” com
os cortes nas pensões. Foi depois de questionado se esta divergência poderia
representar o fim da coligação que Moreira da Silva remeteu para o “parceiro da
coligação” para se perceber a “razão pela qual entendeu fazer essa declaração”.
O dirigente social-democrata
assegurou também que o PSD estava “totalmente comprometido na coesão e
estabilidade do Governo”.
E lembrou depois os objectivos
essenciais do Governo, a saber, “concluir o memorando de entendimento o mais
depressa possível”, o regresso aos mercados e a criação de um modelo de
desenvolvimento.
Para que tais objectivos se
atingissem, sublinhou, “os portugueses não podiam ser convocados para questões
laterais”, cabendo aos dirigentes partidários demonstrar que eram capazes de
“colocar o interesse nacional acima do interesse partidário”.
No seio do partido parceiro da
coligação, no entanto, a declaração de Moreira da Silva não foi entendida como
um recado.
João Almeida, porta-voz do partido
liderado por Paulo Portas, lembra que o mais recente Conselho de Ministros
extraordinário serviu, precisamente, para o Governo, em conjunto, encontrar as
alternativas à “TSU dos pensionistas”. Lembrou a decisão de avançar com “cortes
adicionais nos ministérios e nos consumos intermédios”, ou seja, nas estruturas
e nas despesas em consultorias e viagens.
O eurodeputado Diogo Feio confirma
também a convicção de que a procura de alternativas é “em primeiro lugar uma
obrigação do Governo”, como um todo.
E disse estar “convencido” que
será “feito um esforço por quem quer que seja necessário” para encontrar as
alternativas, explicando que as “críticas que vêm de dentro do Governo em
relação aos cortes nas pensões não se limitam a membros do CDS”.
Certo para o CDS é que a polémica
medida anunciada por Pedro Passos Coelho não vai avançar. Diogo Feiro reiterou
isso mesmo ao reiterar a posição de Paulo Portas sobre cortes nas pensões.
“Essa medida é incompatível com o CDS no Governo”, reafirmou ao PÚBLICO.
O CDS e o seu líder nunca foram
referidos por Moreira da Silva. O social-democrata preferiu depois apontar para
outro lado, deixando um desafio ao líder do PS, António José Seguro:“Espero que
ele possa dizer qual a estratégia para o equilíbrio orçamental, para o
crescimento sustentável.”
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