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domingo, 12 de maio de 2013

«TEATRO EM PORTUGAL»

O acto teatral, em todas as suas manifestações – prosa, dança, ópera, circo… - é por natureza insubstituível. Produz-se, contempla-se e desenvolve-se. Por isso, uma característica essencial que distingue o teatro de qualquer outra arte de comunicação é o seu carácter físico. Realiza-se num espaço e num tempo determinados, uma cerimónia de desdobramento da realidade que é absolutamente irrepetível.

Por contraste, um filme é idêntico no ano 1950 ou no 2013, embora a forma de o ver, por parte do espectador, seja, logicamente, diferente. Até mesmo um filme tão unanimemente aclamado como Casablanca é visto hoje em dia, quando não se apela à simples nostalgia, partindo de pressupostos diferentes dos existentes à data da sua estreia. Mas a materialidade da obra artística é igual. Os mesmos actores, as mesmas situações, o mesmo grão da fotografia e a mesma música, que depois passa para o acervo da memória sempre em relação com a obra que o acompanhou.

Em contrapartida, o espectáculo teatral surge num momento concreto, num espaço determinado, como um jogo de tensões específico de cada representação e, como tal, não pode ser nunca recuperado no que constitui a sua essência: esse acto de comunicação espiritual, indefinível na consecução dos seus objectivos ou no fracasso alternativo. O acto teatral é assim, efémero e único.

Curiosamente, e por isso dedico estas linhas ao teatro que hoje se faz em Portugal, como ainda esta semana tivemos a ocasião de assistir, quando o deputado Carlos Abreu Amorim, candidato à Câmara de Gaia, “tomou a iniciativa”, que todos pensaram ser muito sua e só sua, acerca da manutenção, ou não, do actual ministro das finanças que, em “seu entender”, deveria ser substituído após ter atingido, tão brilhantemente, a sua meta – o regresso aos mercados.

Aí, logo se levantou a voz de Jorge Moreira da Silva, o vice de Passos Coelho no PSD, fazendo afirmações de que aquele deputado terá falado demais e em seu próprio nome, uma vez que não seria essa a opinião dos líderes do seu partido. Talvez não a dele, mas que hoje se confirmou ser a do líder do PSD e do governo, quando afirmou que manterá Vitor Gaspar no MF até à saída da troika, em meados de 2014.

Portanto, Carlos Abreu Amorim, afinal – será que recebeu instruções nesse sentido? – não se limitou a falar de cor nem por sua iniciativa própria, assim como deixou de ser credível a atitude de Moreira da Silva, a não ser que Passos coelho faça o jogo interno, no seu partido, do pau de dois bicos.

Ora, se o faz no seu próprio partido, como não o fazer no país também?

Não será legítimo que todos olhemos para este governo e este líder como uma ave rara, que não se limita a mentir aos portugueses em geral, fazendo-o mesmo no seio do seu partido, o que pode desencadear uma ruptura interna, desde que não se trate de mais um jogo da “berlinda”.

Mas, as grandes jogadas não se fazem apenas em relação ao ainda ministro das finanças, pois também nos foi dada a informação de que não existe um plano B para as candidaturas de Fernando Seara e de Luis Filipe Menezes, às câmaras de Lisboa e Porto respectivamente, quando se sabe que os tribunais já deram o parecer de que quer um quer o outro não poderão candidatar-se, pois já atingiram, em Sintra e em Gaia o limite de mandatos imposto pela lei vigente.

Sempre fui admirador do velho Teatro de Revista que, apesar de todas as amarguras da vida sob a ditadura, fazia rir o espectadores, que por cerca de duas horas esqueciam todos os tormentos que os esperavam à porta do teatro.

Mas, torna-se inadmissível que pessoas com toda a grande responsabilidade de governarem o país, passem a vida a mentir descaradamente aos cidadãos e se limitem a apresentar-lhes toda a espécie de peças teatrais que, devo dizê-lo claramente, já não pegam, ou seja, jã não colam, pois aconteceu e acontece diariamente, o mesmo que ao pastor que pedia socorro gritando: “acudam que é lobo” e depois se ria na cara dos que acorriam aos seus apelos, mas ao terceiro, em que era mesmo o lobo que atacava o seu rebanho, teve de fugir e perder as suas ovelhas, o seu rebanho.


Quem pode acreditar nestas encenações que nos oferecem, gratuitamente, os actuais políticos no poder? Será que disse políticos..?

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