Primeiro-ministro
diz que está na hora de construir o futuro pós troika. "Estamos mais perto de um ponto de não
retorno à situação de Maio de 2011".
Debate
quinzenal com o primeiro-ministro, uma semana depois do anúncio ao país de mais
medidas de austeridade
Resgatar a autonomia orçamental e garantir investidores
"normais" no mercado são objectivos para começar a trabalhar desde
já, disse o primeiro-ministro nesta sexta-feira de manhã no arranque do debate
quinzenal no Parlamento.
Num debate
sobre medidas estruturais de médio e longo prazo e estratégias para a economia
e o emprego, Pedro Passos Coelho admitiu que o Governo está a ponderar
avançar com cortes nas pensões dos reformados.
“Estamos a falar da convergência
das pensões que estão a pagamento”, disse Passos Coelho depois da insistência
do socialista António José Seguro em saber se na carta enviada à troika – sobre esta medida – “há ou
não retroactividade” e se iria “retirar parte das pensões aos reformados”.
Perante a confirmação do chefe do
Governo, o líder socialista, António José Seguro, perguntou “qual é o
montante desse corte” nas pensões, assumindo desde logo a oposição do PS.
Passos Coelho acrescentou ainda que essa “contribuição” servirá para enfrentar
o “défice da segurança social”.
No arranque do debate, Passos
afirmou que a sétima avaliação da troika está praticamente concluída e que o
país está já em condições de começar a preparar o seu futuro pós-troika. Passos insistiu na
necessidade de os partidos contribuírem para uma estratégia de crescimento e
sustentabilidade das finanças públicas, referindo os encontros que terá na
tarde desta sexta-feira com o PEV, o BE e o CDS. As reuniões com PS, PSD e PCP
estão agendadas para quarta-feira.
Após a intervenção do
primeiro-ministro, o secretário-geral do PS confrontou Passos com os números do
desemprego, acusando o Governo de ser responsável pela destruição de 459 mil
postos de trabalho. "E depois dizem que estão no caminho certo?",
perguntou o socialista.
"O PS propôs a avaliação do
programa de ajustamento e ela não foi feita", disse Seguro. Mas o momento
de maior tensão viria logo de seguida, com Seguro a insistir numa resposta de
Passos Coelho sobre as alterações nas pensões.
Emprego e
despedimentos
"Como é que vai criar empregos com despedimentos na função pública?", interpelou, por sua vez, Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP.
“O Governo o que faz é promover por decreto os despedimentos. Vem aí mais um novo e brutal ataque aos portugueses. Estão definidos os montantes, os objectivos e as vítimas. Mais uma vez , os do costume, quem trabalha e quem já trabalhou é que vai pagar a factura”, disse o líder comunista.
"Como é que vai criar empregos com despedimentos na função pública?", interpelou, por sua vez, Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP.
“O Governo o que faz é promover por decreto os despedimentos. Vem aí mais um novo e brutal ataque aos portugueses. Estão definidos os montantes, os objectivos e as vítimas. Mais uma vez , os do costume, quem trabalha e quem já trabalhou é que vai pagar a factura”, disse o líder comunista.
Na resposta a Jerónimo de Sousa, o
chefe de Governo retorquiu que “o emprego não é criado por decreto, mas pela
economia" e “pelos efeitos do ajustamento”.
A mesma questão foi colocada pela
coordenadora do BE, Catarina Martins, que defendeu que o Governo ao gerar
“desemprego no sector público, gera desemprego no privado”.
A líder do BE perguntou
assim ao primeiro ministro como é que vai haver
crescimento com o despedimento de 30 mil funcionários públicos. A
deputada criticou ainda o aumento da idade da reforma, na medida em
que "prejudica velhos e jovens da mesma forma", acrescentando
que Passos governa com uma estratégia de divisão entre os
sectores público e privado, jovens e velhos, os que têm emprego e os que
estão desempregados.
"Quando a economia está mal,
está mal para todos", disse Catarina Martins, antes de criticar a
expressão utilizada esta semana pelo ministro das Finanças, Vítor
Gaspar, a propósito do “ajustamento bonito” do país. E rematou com a situação
de “crise política”, pedindo, mais uma vez, a Passos Coelho para
"sair".
Na mesma linha, deputada
Heloísa Apolónia, de "Os Verdes", acusou Passos de utilizar o
argumento da crise para cumprir o seu "sonho" de destruição dos
serviços públicos: “O senhor primeiro-ministro não tem legitimidade para
destruir o Estado em Portugal, ninguém lhe deu esse mandato”.
=Público=
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