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sexta-feira, 3 de maio de 2013

«MECANISMOS DE DEFESA EM ACÇÂO»

O amor-próprio, ou, tecnicamente, a auto-estima – a imagem de si próprio que cada indivíduo ama e respeita – é dos mais valiosos bens mentais que possuímos.

Sem ele, nunca conseguiríamos ter aquilo que os filósofos e cientistas têm designado de muitas maneiras: um ego sólido, uma psique intacta, uma personalidade saudável, um eu realizado ou simplesmente um espírito sensato.

Não admira, portanto, que o ser humano possua um grande número de defesas para proteger a sua auto-estima.

As ameaças surgem sob muitas formas, desde a angústia, a culpabilidade, a vergonha, consequentes de conflitos entre dois ou mais impulsos ou emoções ou entre estes e as regras morais e sociais que os condicionam.

Por vezes, fazemos conscientemente face a estas ameaças. Mais frequentemente, reprimimo-las automaticamente, relegando-as para o inconsciente.

Os mecanismos de defesa eram antigamente olhados como neuróticos, mas actualmente considera-se que eles são, por vezes, soluções necessárias, para conservação da auto-estima e do equilíbrio psíquico.

O que acontece quando se reprimem sem elaboração impulsos considerados indesejáveis pelo eu e o supereu é que eles podem reaparecer.

Uma criança, por exemplo, reprime a ira causada pela angústia devido ao comportamento imprevisível do pai ou da mãe – e, ao chegar a adulta, essa ira pode vir a irromper sob a formaa de rebelião contra toda a autoridade.

Freud e os seus seguidores identificaram dezenas de mecanismos de defesa, começando com a repressão.

A projecção transfere para outra pessoa os nossos próprios pensamentos e sentimentos.

A racionalização justifica e explica comportamentos duvidosos, de modo a torná-los correctos.

A formação reactiva é o agirmos de modo exactamente oposto àquilo que sentimos, porque os nossos sentimentos reais nos assustam ou intimidam.

Freud pensava que um dos mecanismos de defesa, a sublimação, era uma poderosa força construtiva: consiste na repressão dos impulsos indesejáveis, mas aproveitando a sua energia para actividades criativas e bem aceites pelo sujeito e pela sociedade.

Os mecanismos de defesa são, por definição, inconscientes, embora, por vezes, os resultados práticos da utilização de um determinado mecanismo e de uma decisão tomada conscientemente pelo sujeito sejam semelhantes.

Cerca de uma pessoa em seis tem uma personalidade “repressiva” que parece sofrer pouco de stress. Os scans ao cérebro de alguns destes indivíduos revelam uma particularidade: as informações perturbadoras não são transmitidas entre os dois hemisférios tão rapidamente como nos não-repressivos.

No entanto, este atraso parece ser um resultado, e não uma causa, da capacidade de ocultar as emoções, talvez adquiridas na infância.


Muitas destas personalidades "repressivas” desenvolvem, porém, alterações psicossomáticas (por exemplo, hipertensão) ou dificuldades de relacionamento interpessoal.

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