O amor-próprio, ou, tecnicamente, a
auto-estima – a imagem de si próprio que cada indivíduo ama e respeita – é dos
mais valiosos bens mentais que possuímos.
Sem ele, nunca conseguiríamos ter aquilo que
os filósofos e cientistas têm designado de muitas maneiras: um ego sólido, uma
psique intacta, uma personalidade saudável, um eu realizado ou simplesmente um
espírito sensato.
Não admira, portanto, que o ser humano possua
um grande número de defesas para proteger a sua auto-estima.
As ameaças surgem sob muitas formas, desde a
angústia, a culpabilidade, a vergonha, consequentes de conflitos entre dois ou
mais impulsos ou emoções ou entre estes e as regras morais e sociais que os
condicionam.
Por vezes, fazemos conscientemente face a
estas ameaças. Mais frequentemente, reprimimo-las automaticamente, relegando-as
para o inconsciente.
Os mecanismos de defesa eram antigamente
olhados como neuróticos, mas actualmente considera-se que eles são, por vezes,
soluções necessárias, para conservação da auto-estima e do equilíbrio psíquico.
O que acontece quando se reprimem sem elaboração
impulsos considerados indesejáveis pelo eu e o supereu é que eles podem
reaparecer.
Uma criança, por exemplo, reprime a ira
causada pela angústia devido ao comportamento imprevisível do pai ou da mãe –
e, ao chegar a adulta, essa ira pode vir a irromper sob a formaa de rebelião
contra toda a autoridade.
Freud e os seus seguidores identificaram
dezenas de mecanismos de defesa, começando com a repressão.
A projecção transfere para outra pessoa os
nossos próprios pensamentos e sentimentos.
A racionalização justifica e explica
comportamentos duvidosos, de modo a torná-los correctos.
A formação reactiva é o agirmos de modo
exactamente oposto àquilo que sentimos, porque os nossos sentimentos reais nos
assustam ou intimidam.
Freud pensava que um dos mecanismos de defesa,
a sublimação, era uma poderosa força construtiva: consiste na repressão dos
impulsos indesejáveis, mas aproveitando a sua energia para actividades
criativas e bem aceites pelo sujeito e pela sociedade.
Os mecanismos de defesa são, por definição,
inconscientes, embora, por vezes, os resultados práticos da utilização de um
determinado mecanismo e de uma decisão tomada conscientemente pelo sujeito
sejam semelhantes.
Cerca de uma pessoa em seis tem uma
personalidade “repressiva” que parece sofrer pouco de stress. Os scans ao
cérebro de alguns destes indivíduos revelam uma particularidade: as informações
perturbadoras não são transmitidas entre os dois hemisférios tão rapidamente
como nos não-repressivos.
No entanto, este atraso parece ser um
resultado, e não uma causa, da capacidade de ocultar as emoções, talvez
adquiridas na infância.
Muitas destas personalidades "repressivas” desenvolvem,
porém, alterações psicossomáticas (por exemplo, hipertensão) ou dificuldades de
relacionamento interpessoal.
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