Muito antes de entrarem na escola, já as
crianças absorveram conceitos básicos de moral, fé, rectidão e desenvolveram o
gosto pelo convívio e participação na vida familiar e curiosidade pelo mundo
exterior.
Aprenderam a tomar decisões seguindo o
exemplo dos pais e imitam os mais velhos em tudo, desde o estar à mesa até ao
modo como se relacionam, das discussões ao fazer as pazes.
Este processo é designado por imitação lenta
e absorção dos padrões sociais por socialização ou enculturação.
É a socialização no seio da nossa própria
família quie estabelece a linha emocional que nos guiará na vida.
Tão poderosas são estas forças integradoras
que mesmo as pessoas empenhadas na rejeição dos seus padrões familiares podem continuar
a ser influenciadas por eles.
Por exemplo, quando educamos os nossos
filhos, tendemos, em muitos casos e muitas vezes inconscientemente e contra as
nossas intenções, para os tratarmos como os nossos pais nos trataram.
E assim se perpetuam nas famílias os sistemas
de recompensa-castigo, dos comportamentos permitidos ou inaceitáveis.
A Criança Adoptada
A adopção era tratada como um segredo de
família, a esconder da criança por tanto
tempo quanto possível. Os pais eram frequentemente aconselhados a não discutir
a situação enquanto a criança não fosse pelos menos adolescente: pensava-se
que, com a personalidade já mais madura, o jovem enfrentaria melhor o trauma
emocional provocado pela notícia.
Na prática, raramente se conseguia manter o
segredo. Invariavelmente, havia um amigo ou familiar que tocava ou fazia uma
insinuação sobre o assunto, levando frequentemente a criança a conhecer a
situação através de terceiros.
Hoje, é opinião quase unânime que a
informação da adopção e das circunstâncias em que ela ocorreu deve ser dada
muito cedo, embora sem esquecer que para as crianças muito pequenas os
pormenores são dispensáveis.
Um estudo orientado pelo psicólogo David
Brodzinsky, da Universidade Rutgers, que é considerado uma autoridade na
matéria, concluiu que a criança tem de ter pelo menos 6 anos de idade para
compreender a diferença entre pais naturais e pais adoptivos.
Outras investigações sugerem que para as
crianças mais novas a ideia de outra mãe, vivendo noutro local, pode ser mais
assustadora do que informativa.
Como dizer a uma criança que é adoptada?
Os pais adoptivos – falando de um casal
normal, formado por um homem e por uma mulher – são hoje aconselhados a não
confiarem na explicação antigamente recomendada: “Escolhemos-te porque eras
muito especial”.
Os especialistas – psiquiatras e psicólogos
acham que muitas conversas sobre ser-se especial apenas servem para realçar na
criança o facto de ela ser diferente – o que não é, necessariamente, uma
sensação reconfortante para a criança adoptada, carente de uma história
familiar mais banal mas mais securizante, como a dos amigos.
A adaptação da criança à ideia de ser
adoptada começa quando tal lhe é dito. É importante fazer-lhe sentir que o
assunto não é tabu, que pode sempre falar sobre ele e que os pais adoptivos
responderão a todas as perguntas.
Mas, como poderão os pais co-adoptantes, no
caso de a lei em Portugal ir avante e não se verificar um desejável veto
presidencial, tendo por pai adoptivo o Artur e por mãe adoptiva o José? Esses
senhores e senhoras deputadas já imaginaram o forte traumatismo mental, mas
também confusão, que pairará sobre as cabeças das crianças adoptadas por casais
homossexuais?
Aliás, nunca poderei concordar com essa de “casal”,
já que o termo exige, na sua significação, a presença do macho e da fêmea, ou
seja, do homem e da mulher, até para o equilíbrio mental ou psíquico da criança
No mundo das crianças, os acontecimentos são
sentidos e classificados como bons ou maus, segundo a sua lógica simplista.
Se a criança tivesse sido boa, a mãe teria
gostado dela e tê-la-ia guardado; como não o fez, a criança deve ter sido má.
Carregando estes sentimentos de culpa, a criança adoptada terá dificuldade em
se desenvolver saudavelmente e aceitar-se a si e aos outros.
A construção de uma identidade forte
envolverá um período difícil para os pais adoptivos, homem e mulher, pois a criança exprime os
seus receios de rejeição, provocando os pais adoptivos até aos limites, como se
tentasse medir o seu afecto e a sua determinação em não a abandonarem.
É imperioso que alguém evite a cabeçada dada
ontem na Assembleia da República, onde houve de tudo um pouco, até drama com as
lágrimas de alguém que desconhece por completo o mundo, o verdadeiro mundo das
crianças que deve ser totalmente respeitado, numa sociedade cada vez mais
devassa.
E se toda a criança merece viver numa
família, que esta seja normal e a forme, criando-a com amor, carinho e tudo
quanto ela merece, mas também mostrando-lhe que o mundo não é formado apenas por
uma parte homossexual.
Sem comentários:
Enviar um comentário