Presidente
da República encerrou ronda de três dias de audições com as duas maiores
centrais sindicais. CGTP pede eleições para a democracia "respirar",
UGT não se opõe.
Líder da
CGTP esta manhã em Belém
Cavaco Silva terminou o terceiro dia de audições aos partidos e
parceiros sociais nesta quarta-feira. Durante a tarde, o Presidente da
República poderá ainda manter mais alguns contactos não oficiais. Pelas 20h30
irá comunicar ao país o seu aval à remodelação governativa concertada entre
Pedro Passos Coelho e Paulo Portas. Mesmo que haja ajustes.
A ausência
da convocação do Conselho de Estado, passo indispensável para a dissolução da
Assembleia da República, indicia que o Presidente não usará a chamada "bomba
atómica".
A "democracia precisa de
respirar" e não pode ficar refém dos interesses partidários do PSD e do
CDS. Foi a mensagem transmitida ao Presidente da República pelo
secretário-geral Arménio Carlos, após um encontro esta manhã que durou cerca de
meia hora. Mais cauteloso, o líder da UGT, Carlos Silva, disse a Cavaco que a
central sindical não se opõe a uma antecipação do calendário eleitoral, mas qe
mais importante é mudar políticas.
O secretário-geral da CGTP,
Arménio Carlos, afirmou que não é possível dar o "benefício da
dúvida" a um Governo que trouxe o país a esta crise política e económica.
O líder sindical, que insistiu em
Belém na necessidade de serem convocadas eleições antecipadas, defendeu que a
“democracia precisa de respirar" e não pode ficar sujeita aos interesses
partidários do PSD e do CDS.
"A não convocação de eleições
é permitir que os que colocaram o país onde se encontra se mantenham no poder,
os que foram responsáveis por este processo profundo de instabilidade e crise
(...) É uma forma de descredibilizar a política e as instituições",
defendeu Arménio Carlos.
De seguida, o Presidente reuniu-se
com o secretário-geral da UGT, Carlos Silva, que, mais cauteloso, disse que não
defende a queda do Governo, mas também não se opõe à realização de eleições.
Importante, frisou, é mudar de políticas, independentemente "da dança das
cadeiras ou das caras".
Carlos Silva descreveu a semana
passada como "impensável" e sublinhou a importância da estabilidade
"governantiva, da coesão e da credibilidade. "A ligação do Governo
aos portugueses está fragilizada", disse Carlos Silva.
Os dois parceiros de coligação do
Governo levaram ontem até ao Palácio de Belém garantias de estabilidade e de
uma solução política "sólida e abrangente", dois adjectivos utilizados
pelo líder do CDS, Paulo Portas. Em sintonia, o vice-presidente do PSD, Jorge
Moreira da Silva, disse ter transmitido ao chefe de Estado que há "todas
as condições de estabilidade e de coesão" para governar. E que a
"precipitação de um acto eleitoral", em resposta ao PS, comprometeria
o resultado dos sacrifícios feitos pelos portugueses em dois anos.
As garantias deixadas pelos dois
partidos não convencem, no entanto, o líder do PS. Um quadro de maioria
parlamentar não basta para garantir estabilidade e é preciso um Governo com uma
nova legitimidade para renegociar com a troika, insiste Seguro.
Mas os presidentes das diversas
confederações patronais discordam. Antecipar eleições traria maior
instabilidade e contribuiria para "minar" ainda mais a "confiança",
esse "valor" indispensável às empresas e às famílias. E que, com
"irresponsabilidade", foi posto em causa com a crise política em que
repousa o país há uma semana. Foi esta a mensagem que António Saraiva,
presidente da CIP, transmitiu a Cavaco. Apelos à estabilidade também dos
presidentes das Confederações do Turismo e da Agricultura. Sem comentar o
"xadrez político", João Vieira Lopes, da Confederação de Comércio e
Serviços, sublinhou que o importante é que haja mudança de política económica.
=Público=
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