Há anos, bastantes anos mesmo, conheci um
certo PS, que combatia ferozmente as desigualdades, através dos seus “militantes”
que, por vezes, foram detidos e enviados para as prisões da Pide, sendo dali
enviados, em demasiados casos, para o “Tarrafal” ou Guiné, onde até podiam
apodrecer se, entretanto, não pudessem escapar ao desterro.
Nesse tempo, em Portugal, as autoridades não
faziam qualquer distinção entre socialistas e comunistas: sabiam apenas
tratar-se de pessoas que lutavam contra a ditadura, contra as arbitrariedades,
contra a falta de justiça, contra a falta de liberdade a que todo o ser humano
tem direito.
Reuniam-se ora no Porto, ora em Viana do
Castelo, ora em Braga – no norte do país – e nessas reuniões no Porto, por
exemplo, em casas de ruas bem conhecidas da cidade, como em Viana do Castelo ou
em Braga, situadas mesmo nas “barbas da PSP”, não mostrando medo de serem
detidos.
Havia pessoas desde as mais humildes às
consideradas influentes socialmente que, dedicavam o seu tempo livre a preparar
acções que conduzissem, a médio ou longo prazo, à almejada liberdade que não
existia.
Muitas dessas pessoas vinham de fora do
Porto, como no cumprimento de um dever cívico, o de libertar os portugueses do
obscurantismo em que os obrigavam a viver, injectando-lhes o fado, o futebol e
Fátima, a famigerada triologia dos “efes”.
Nessas reuniões privadas não se fazia a
diferença entre aqueles que se sabia serem comunistas e os socialistas; afinal,
ambos lutavam arduamente contra a ditadura, contra o regime
salazarista/marcelista.
Em telefonemas que se faziam para outras
localidades, usavam-se códigos que nem a Pide conseguia decifrar, sempre de
cabines públicas, já que era sabido que os telefoes particulares estavam todos,
sem excepção, sob escuta, e até as cabines sofriam do mesmo mal.
Os socialistas de então trabalhavam de mãos
dadas com todos os que se dedicvam a combater seriamente o regime instalado no
país.
Quando se deu o 25 de Abril de 1974, logo se
criou uma separação entre os anteriores parceiro de luta anti-fascista,
assistindo-se lenta e progressiva de uma viragem à direita por parte do PS, ao
ponto de, no primeiro governo constitucional, ter sido feita uma coligação
entre PS e CDS, partido esse que foi
mandado criar pelo general Spínola, para tentar evitar que os comunistas
continuassem a “viver”.
Logo se criou também o PPD, tendo como cabecilha
um ex-deputado pela União Nacional, que pretendia dar-se ares de democrata de
longa data.
Também progressivamente, o PS decidiu
enterrar o socialismo, que tinha sido fundado para preencher o espaço vazio
entre o comunismo e os ditos partidos do centro e centro-direita, PS que se
enamorou da boa vida e da vida boa, do capitalismo, relegando para segundo ou
terceiro plano os reais interesses da Nação e de seu povo tão martirizado que
foi, que continua a ser.
Ssistiu-se então a uma completa rotação do
PS,rotação essa de cerca de 360 graus, quando o socialismo, entes de ser
enterrado foi metido numa profunda gaveta, como convinha aos interesses
americanos, expressos pelo Frank Carlucci, que hvia deixado a liderança da CIA
para se tornar embaixador em Portugal.
Também os americanos estavam habituados a ver
Portugal obediente aos seus desejos e anti-socialista e anti-comunista, aquele
Portugal salazarista/marcelista.
Nos dias de hoje, o PS mais não é que uma
sombra de si mesmo, mais uma via… que Tony Blair se lembrou de inventar par os
trabalhistas ingleses e que,como macacos de imitação, alguns logo seguiram o
seu exemplo, nocivo que foi para Portugal e os portugueses.
E hoje? Que temos? Uns fantoches que
continuam a afirmar-se socialistas democráticos, como se a democracia deva
impor sempre mais austeridade e deveres unicamente aos mais débeis cidadãos do
país.
Que faz Seguro? Nada! Razão pela qual deveria
ter vergonha e demitir-se do lugar que ocupa. E, indo mais longe, permitir que
as várias tendências existentes no seio do actual PS eclodissem de uma vez por
todas, já que se importam apenas dos
seus interesses político-partidários e até pessoais.
Será que com semelhante comportamento esperam
os votos de um povo que ajudam a martirizar?
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