Se você já se perguntou o que é swap, é
provável que tenha imaginado um instrumento financeiro complexo e difícil de entender.
Fique tranquilo!
Swap é um derivativo pouco
comum entre os investidores pessoa física, e provavelmente você nunca terá que
declarar swaps como
declara ações no imposto de renda, mas com este artigo você
finalmente entenderá.
Definição de Swap
Um swap nada mais é do que
uma troca de riscos entre duas partes.
Na definição mais formal,
swap consiste em um acordo para duas partes trocarem o risco de uma
posição ativa (credora) ou passiva (devedora), em data futura, conforme
critérios preestabelecidos.
Essas trocas (swaps) são
bastante comuns com posições envolvendo taxas de juro, moedas e
commodities. Apesar de muitos autores de livros didáticos considerarem o swap
uma evolução, sua estrutura é bastante semelhante à dos antigos contratos a
termo.
No entanto, não adianta
saber o que é swap, se você ainda não sabe para o que servem.
Então vamos lá:
Para
que servem os Swaps
Os swaps são um importante
instrumento financeiro para diminuir riscos. São bastante utilizados por
empresas, bancos e instituições de investimento.
Vamos utilizar um exemplo
fictício:
1) A empresa Embraer (EMBR3) exporta
seus produtos recebendo toda sua receita em dólares (US$), porém grande parte
de seus custos de produção foram pagos em reais.
2) Uma outra empresa
importadora, a “ImportUS”, recebe toda sua receita em reais (R$), porém usou
dólares para comprar os produtos importados. Se nada mais for feito,
qualquer variação cambial neste meio tempo, afetará diretamente o resultado
dessas duas empresas, para bem ou para mal.
Como ambas as empresas já
têm preocupações o suficiente em seus negócios e não querem ficar expostas ao risco
de câmbio, elas decidem realizar uma operação swap.
Ambas acordam que trocarão
o risco das moedas, de modo que quando ocorrer uma variação no câmbio nenhuma
delas estará exposta e não sofrerá grandes variações em seu lucro, sejam elas
boas ou más.
Como funciona uma operação de swap
No mercado de swap, você
negocia a troca de rentabilidade entre dois bens (mercadorias ou ativos
financeiros), a partir da aplicação da rentabilidade de ambos a um valor em
reais.
Vamos ver um exemplo
prático: swap de ouro × bovespa.
o que é swap: a
troca de riscos entre duas partes
No vencimento do contrato,
se a valorização do ouro for inferior à variação do Ibovespa negociada entre as
partes, receberá a diferença a parte que comprou Ibovespa e vendeu ouro.
Nesse exemplo, será a
instituição A.
Se a rentabilidade do investimento em ouro for superior à variação do Ibovespa,
receberá a diferença a parte que comprou ouro e vendeu Ibovespa.
No caso, a instituição B.
Cálculo da variação do swap
Imagine que a empresa
Petrobras (PETR4)
possui um ativo de R$10.000.000, prefixado a 17% ao ano, para receber em 21
dias úteis.
A empresa que deseja
transformar o indexador deste ativo para dólar + 10% ao ano, sem ter que fazer
movimentações de caixa.
Para isso, contrata um
swap, ficando ativa em dólar + 10% e passivo em 17%.
Ao mesmo tempo em que o
banco Itaú (ITUB4),
que negociou o swap com a empresa, fica ativo a uma taxa prefixada em 17% ao
ano e passivo em dólar + 10% ao ano.
No vencimento do contrato,
sobre o valor referencial, serão aplicadas as variações dos indexadores,
conforme demonstrado:
Supondo que, no período, a
variação cambio foi de 2%.
Posição
original: (ativo
em taxa pré) R$ 10.000.000,00 × (17/100 + 1) 21 / 252 = R$10.131.696,11
Swap: (passivo em
taxa pré) R$ 10.000.000,00 × (17/100 + 1) 21/252 = R$10.131.696,11
Swap: (ativo em dólar) 10.000.000,00 ×
1,02 × [(10/100 × 30/360) + 1] = R$10.285.000,00
Pode-se concluir que a
Petrobras receberá do banco um valor líquido de R$153.303,89 (resultado de
R$10.285.000,00 – R$10.131.696,00), pois a variação cambial mais 10% ficou
acima dos 17% estipulado pela taxa pré.
Tipos de Swaps
Existe inúmeros tipos de
swaps, veja os mais comuns a seguir:
Swap com taxa de juro
Swap com taxa de juro
Contrato em que as
contrapartes trocam indexadores associados a seus ativos ou passivos e que uma
das variáveis é a taxa de juro.
Exemplo:
Swap taxa de DI × dólar: Trocam-se
fluxos de caixa indexados ao DI por fluxos indexados à variação cambial mais
uma taxa de juro negociada entre as partes.
Swap cambial
Também chamado de swap de
câmbio, contrato em que se troca o principal e os juros em uma moeda pelo
principal mais os juros em outra moeda.
Exemplo:
Swap fixed-for-fixed de dólar
× libra esterlina: trocam-se os montantes iniciais
em dólares e em libras. Durante o contrato, são feitos pagamentos de juros a
uma taxa prefixada para cada moeda.
Swap de índices
Contrato em que se trocam
fluxos, sendo um deles associado ao retorno de um índice de preços (como IGP-M,
IPC-Fipe, INLPC) ou de um índice de ações (Ibovespa, IBrX-50).
Exemplo:
Swap Ibovespa × taxa de DI: trocam-se
fluxos de caixa indexados ao retorno do Ibovespa mais uma taxa de juro
negociada entre as partes por fluxos indexados a uma variação ao DI, ou
vice-versa.
Swap de commodities
Contrato por meio do qual
duas instituições trocam fluxos associados à variação de cotações de
commodities.
Evolução do Swap
As transações de swap são
uma das inovações mais significativas dos últimos 20 anos no mercado
financeiro. Sua importância está no fato de o swap poder ser combinado com a
emissão de um título e, dessa forma, viabilizar a troca da natureza da
obrigação do tomador do empréstimo.
Para que você tenha idéia
do início dessas transações, volta-se aos anos de 1970, onde ninguém sabia o
que é swap.
Com o fim do acordo de
Bretton Woods, que decretou o fim do padrão-ouro (determinação de que a
quantidade de dinheiro em circulação deveria ter lastro em ouro), as moedas dos
países tornaram-se muito voláteis, dificultando as transações comerciais.
Com a introdução dos swaps
de moedas, o comércio internacional passou a ancorar-se em moedas mais fortes,
permitindo o fluxo dos negócios.
Os
"swaps" são (só) uma arma?
No caso dos "swaps" só há, para já, uma certeza. Os
contribuintes são quem, no final da linha, terão de suportar as perdas geradas
por mais um episódio de má gestão dos dinheiros públicos, um furo adicional no
passador em que o Estado se transformou e por onde se escoa o dinheiro dos
portugueses e dos credores.
L. A. V.
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