Dizer idiotices, nos dias que correm em que todos dizem reflectir
profundamente, é o único meio de provar que temos um pensamento livre e
independente.
O silêncio guardado pelos políticos em momentos delicados para a vida da
cidadania nacional, não passa de uma ficção que tem por fim a mistificação das
realidades que se vivem no país.
Com todo esse silêncio – que de estrondoso faz doer os tímpanos – tentam apresentar-nos
um mundo que é ao mesmo tempo estranho e familiar, uma vez que já ninguém
consegue enganar seja quem for, tentando, todavia e por razões bem conhecidas,
apresentar-nos uma parte do planeta que se torna inabitável a cada dia que
passa, a não ser para alguns que se limitam a gerir favoravelmente as suas
vastas fortunas.
Vive-se um tempo irreal, parte experiência e parte narrativa ficcional,
traçando rasgos que a nossa civilização deixa para trás, numa inversão da
história, como se tivessemos regressado à Idade Média, ao feudalismo e ao
fascismo ao mesmo tempo.
De entre todas essas “esculturas, slides e pinturas” que nos apresentam diariamente,
sempre novas e velhas ao mesmo tempo, tentam mostrar-nos a estática sublime
actual, desenho no espectáculo de desastres sociais e ambientais e todo esse
colapso económico, flagelo do início do século XXI em Portugal, que trouxe
consigo todo o desemprego que tanto aflige a sociedade.
Dentro da tradição do género paisagem vvista a partir de uma perspectiva
mais que velha, certos grupos tentam, a todo o custo e dizendo-se antagónicos,
pretendem fazer-nos ver vantagens onde só existem desastres activos que se
prolongam desde há anos, que usam todos os dias, assim como guardam os resíduos
para criar – dizem!
Trabalhar hoje em Portugal tornou-se um luxo digno de apenas alguns no seu
país natal, que começa a mais parecer um deserto urbano completo, onde as
pessoas são expostas como “fósseis” da nossa sociedade de consumo.
Enchem a boca com a palavra “Povo” que, para eles, pouco mais significa que
toda uma população que apenas sobrevive e assim vai vegetando quotidianamente,
povo que sofre as inclemências causadas pela desfaçatez e desprezo com que é
tratado, pois todos esses grupos se limitam a adorar o “deus” capitalismo,
roubando ao povo o que lhe pertence.
Depois, se instados pelos incansáveis perguntadores – os jornalistas – sobre
o que se vai passar a seguir, sorridentes, limitam-se a “explicar” que ainda é
cedo para poderem responder correcta e cabalmente às suas perguntas.
Convém-lhes que se mantenha esse miserável silêncio vil, uma vez que de
modo algum lhes convém “alertar a caça”, uma vez que para eles as ruas das
cidades do país são mais belas desertas e sem esses clamores dos que sofrem
devido aos roubos de que foram vítimas.
E, como se nada fosse, continuam a gastar o que tanta falta faz ao povo
seja em viagens ou como entendem, enquanto afirmam estar a tratar da “salvação
nacional” em conversas da treta, que visam apenas dar ainda maior protecção aos
capitalistas e aos partidos do auto-designado “arco da governança”.
Mas, hipocritamente, continuam a fazer afirmações sobre a soberania do povo, a quem preferem
ignorar totalmente.
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