Figura tutelar do projeto de “compromisso de
salvação”, o Presidente da República fez de madrugada um intervalo no recato
para sublinhar, a bordo da fragata Vasco da Gama e a rumar às Selvagens, que “nada está
acordado enquanto tudo não estiver acordado”. Mas Cavaco Silva falou também de
“sinais muito positivos”. Mesmo que, na véspera, tenha sido noticiada uma
irritação socialista com os cortes no Estado. Brecha que uma nova nota conjunta
de PSD, PS e CDS-PP tratou de conter, ao sugerir que tudo decorre “sem
intransigência”. As negociações são hoje retomadas. Em dia de debate da moção
de censura do PEV.
A quarta ronda de conversações tripartidas
seguia o seu curso na São Caetano à Lapa quando, já perto do final da tarde de
quarta-feira, uma fonte socialista ouvida pela Antena 1 apontou o dedo a PSD e
CDS-PP, queixando-se de uma intransigência “absoluta” dos partidos da maioria
parlamentar em levar por diante cortes de 4,7 mil milhões de euros na despesa
pública. Posição mantida, segundo a mesma fonte do Rato, desde a hora zero do
processo negocial.
Os trabalhos seriam interrompidos pelas 21h30 e posteriormente retomados cerca das 22h30. Os ponteiros dos relógios aproximavam-se da 1h00 desta quinta-feira quando as delegações deram a reunião por concluída.
Os trabalhos seriam interrompidos pelas 21h30 e posteriormente retomados cerca das 22h30. Os ponteiros dos relógios aproximavam-se da 1h00 desta quinta-feira quando as delegações deram a reunião por concluída.
A interrupção das conversações da última noite foi justificada com a necessidade de “aprofundar o estudo dos contributos [escritos] entregues pelos três partidos”.
Emitido durante o intervalo das discussões, um comunicado subscrito pelos três partidos tratara já de contrariar a notícia da tarde, sublinhando que “as negociações, embora exigentes”, estariam “a decorrer sem intransigência e com espírito de abertura”.
Com o observador de Belém David Justino em permanência à mesa das negociações, Cavaco Silva, promotor do entendimento de médio prazo que batizou de “compromisso de salvação nacional”, quis entretanto deixar uma nota de otimismo, ao falar de “sinais muito positivos”. Parte dos quais de “significado histórico”, nas palavras do Presidente da República. Que mostrou ainda agrado com a “discrição notável” das forças políticas envolvidas no processo.
Em conversa informal com os jornalistas que o acompanham na deslocação às Ilhas Selvagens, Cavaco não deixou, todavia, de enfatizar que “nada está acordado enquanto tudo não estiver acordado”.
Um dia político
A quinta reunião do “arco da governabilidade”, que se impôs um prazo de sete dias para chegar – ou não - a acordo, vai assim realizar-se num dia pleno de acontecimentos políticos. Desde logo o debate, a partir das 15h00, já depois do Conselho de Ministros, de mais uma moção de censura ao executivo de Pedro Passos Coelho. Desta feita pela mão do Partido Ecologista “Os Verdes”. É a quinta moção a visar o derrube do XIX Governo Constitucional. E é a quarta da corrente sessão legislativa. Tal como as anteriores, terá reprovação garantida à direita.
A iniciativa dos parceiros do PCP na CDU, único partido que ainda não esgotara a possibilidade de apresentar uma moção de censura, foi anunciada na última sexta-feira, durante o debate do estado da nação. Dirigindo-se a Heloísa Apolónia, o primeiro-ministro recorreu então à ironia para dizer que a moção era “muito bem-vinda” e que a deputada do PEV saberia que “este governo tem uma maioria coesa no Parlamento a apoiá-lo”.
No texto da moção, que conta à partida com os
votos favoráveis de socialistas, comunistas e bloquistas, “Os Verdes”
consideram “fundamental trocar o memorando da troika pela
renegociação [da dívida], de modo a encontrar uma forma de pagamento que não se
incompatibilize com o crescimento económico do país e que, pelo contrário,
tenha nele o parâmetro adequado de nivelação de pagamento”.
Ao dar por confirmado o apoio à investida do PEV, o líder parlamentar socialista afirmava no domingo, primeiro dia das negociações impostas por Belém, que o PS, dois meses depois de ter apresentado a sua própria moção de censura, votaria a favor “com toda a normalidade”. Carlos Zorrinho sustentaria em seguida que não é com o atual governo que o maior partido da oposição está a negociar, estando antes envolvido “num processo de diálogo com todos os partidos políticos” que se mostrassem disponíveis.
À noite haverá reuniões dos órgãos nacionais de PS e PSD. Os socialistas reúnem pelas 21h00 a sua Comissão Política Nacional, sendo que António José Seguro já havia garantido que qualquer acordo dependeria de uma decisão dos órgãos nacionais. Os social-democratas reúnem à mesma hora o seu Conselho Nacional, órgão máximo entre congressos - da agenda dos trabalhos constam a análise do atual quadro político e a ratificação das contas do ano passado.
Ao dar por confirmado o apoio à investida do PEV, o líder parlamentar socialista afirmava no domingo, primeiro dia das negociações impostas por Belém, que o PS, dois meses depois de ter apresentado a sua própria moção de censura, votaria a favor “com toda a normalidade”. Carlos Zorrinho sustentaria em seguida que não é com o atual governo que o maior partido da oposição está a negociar, estando antes envolvido “num processo de diálogo com todos os partidos políticos” que se mostrassem disponíveis.
À noite haverá reuniões dos órgãos nacionais de PS e PSD. Os socialistas reúnem pelas 21h00 a sua Comissão Política Nacional, sendo que António José Seguro já havia garantido que qualquer acordo dependeria de uma decisão dos órgãos nacionais. Os social-democratas reúnem à mesma hora o seu Conselho Nacional, órgão máximo entre congressos - da agenda dos trabalhos constam a análise do atual quadro político e a ratificação das contas do ano passado.
RTP/Notícias
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