Se fixarmos uma mancha verde durante algum
tempo e olharmos imediatamente a seguir para um papel branco, veremos uma mancha “fantasma” vermelha. A este fenómeno chama-se imagem persistente negativa e
deve-se ao modo como o sistema visual mistura e combina as cores.
Neste sistema, cada cor tem uma cor
complementar. Por exemplo, cor
complementar do encarnado, e a do amarelo, é o azul.
Ao fixarmos a mancha verde, excitamos os
neurónios “que vêem verde”; mas quando olhamos para o papel branco, todos os neurónios
foram excitados porque o branco, enquanto composição de cores, contém todas
elas. Só que os neurónios “verdes” estão fatigados por fixarem a mancha verde e
não conseguem equilibrar, completamente, os neurónios “que vêem vermelho”. Daí,
a mancha encarnada.
As pessoas com visão cromática normal parecem
ver as mesmas cores. Mas, a intensidade de certa cor ou a distinção subtil
entre dois tons da mesma cor, variam, provavelmente, de indivíduo para
indivíduo.
Nunca, porém, o saberemos ao certo, a não ser
que a ciência nos proporcione a possibilidade de vermos pelos olhos de outra pessoa – possibilidade essa ainda no domínio da ficção científica.
É quase impossível negar que as cores afectam
o humor. Mas, a ciência não sabe explicar o facto, talvez porque a reacção às
cores é extremamente subjectiva e depende muito da nossa experiência cultural e
pessoal. Uma cor que nos parece tranquilizante pode elevar a tensão arterial de
outra pessoa.
Um estudo feito sobre esta questão apontou
como factor o poder de sugestão: as pessoas reagiram negativa ou positivamente
a certas cores de acordo com insinuações subtis feitas pelos entrevistadores.
Outros estudos feitos a crianças (na
esperança de minimizar as respostas aprendidas) mostram que a maioria escolhe
cores como o amarelo para representar a felicidade e o castanho para
representar a tristeza.
No entanto, não se prova qualquer simbolismo
universal da cor, porquanto mesmo crianças muito pequenas têm experiências
culturais e pessoais que podem influenciar a escolha.
As pessoas desejam que as coisas tenham as
cores que se espera que tenham, especialmente os alimentos: uma maçã pode ser
vermelha, amarela ou verde – mas não roxa.
Em determinada experiência, psicólogos
alteraram as aparências, fazendo incidir luzes com filtros especiais sobre uma
mesa com comidas deliciosas – e as pessoas verificaram que não lhes apetecia
carne cinzenta, leite vermelho, salada púrpura ou ervilhas pretas.
Por isso, aqueles que processam e embalam os
alimentos prestam especial atenção às cores que usam. Nos supermercados, a
competição é intensa para chamar a atenção do comprador.
Uma empresa pode, por exemplo, gastar milhões
para alterar a cor da embalagem dos seus produtos, na esperança de cativar
novos compradores.
E nem só a indústria alimentar presta
atenção às cores. Os fabricantes de automóveis, de vestuário e de milhares de
artigos de uso diário gastam enormes quantidades de dinheiro em estudos de
mercado consumidor par saber quais as cores que tornam os seus produtos
aceitáveis pelo público.
Por outro lado, os peritos de grupos de
defesa do consumidor podem, por razões contrárias às expostas, usar luzes com
filtros nos seus testes – fazendo-os sob luz neutra, procuram eliminar as cores
como factores de decisão de compra por parte dos consumidores.
Imagine-se o espanto que senti ontem quando
as redes televisivas entrevistaram o senhor Silva na ilha e se apresentou com
uma camisa verde vestida e, ao desviar a vista olhando a parede branca da sala,
recebi a sensação de que afinal aquela seria vermelha. Como podia esperar uma
cor de laranja, fiquei seriamente admirado, sendo devido a tal fenómeno que
decidi fornecer estas explicações a quem as pode não conhecer.
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