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sexta-feira, 19 de julho de 2013

«AS MUITAS DIMENSÕES DA COR»

Se fixarmos uma mancha verde durante algum tempo e olharmos imediatamente a seguir para um papel branco, veremos uma mancha “fantasma” vermelha. A este fenómeno chama-se imagem persistente negativa e deve-se ao modo como o sistema visual mistura e combina as cores.

Neste sistema, cada cor tem uma cor complementar. Por exemplo,  cor complementar do encarnado, e a do amarelo, é o azul.

Ao fixarmos a mancha verde, excitamos os neurónios “que vêem verde”; mas quando olhamos para o papel branco, todos os neurónios foram excitados porque o branco, enquanto composição de cores, contém todas elas. Só que os neurónios “verdes” estão fatigados por fixarem a mancha verde e não conseguem equilibrar, completamente, os neurónios “que vêem vermelho”. Daí, a mancha encarnada.

As pessoas com visão cromática normal parecem ver as mesmas cores. Mas, a intensidade de certa cor ou a distinção subtil entre dois tons da mesma cor, variam, provavelmente, de indivíduo para indivíduo.

Nunca, porém, o saberemos ao certo, a não ser que a ciência nos proporcione a possibilidade de vermos pelos olhos de outra pessoa – possibilidade essa ainda no domínio da ficção científica.

É quase impossível negar que as cores afectam o humor. Mas, a ciência não sabe explicar o facto, talvez porque a reacção às cores é extremamente subjectiva e depende muito da nossa experiência cultural e pessoal. Uma cor que nos parece tranquilizante pode elevar a tensão arterial de outra pessoa.

Um estudo feito sobre esta questão apontou como factor o poder de sugestão: as pessoas reagiram negativa ou positivamente a certas cores de acordo com insinuações subtis feitas pelos entrevistadores.

Outros estudos feitos a crianças (na esperança de minimizar as respostas aprendidas) mostram que a maioria escolhe cores como o amarelo para representar a felicidade e o castanho para representar a tristeza.

No entanto, não se prova qualquer simbolismo universal da cor, porquanto mesmo crianças muito pequenas têm experiências culturais e pessoais que podem influenciar a escolha.

As pessoas desejam que as coisas tenham as cores que se espera que tenham, especialmente os alimentos: uma maçã pode ser vermelha, amarela ou verde – mas não roxa.

Em determinada experiência, psicólogos alteraram as aparências, fazendo incidir luzes com filtros especiais sobre uma mesa com comidas deliciosas – e as pessoas verificaram que não lhes apetecia carne cinzenta, leite vermelho, salada púrpura ou ervilhas pretas.

Por isso, aqueles que processam e embalam os alimentos prestam especial atenção às cores que usam. Nos supermercados, a competição é intensa para chamar a atenção do comprador.

Uma empresa pode, por exemplo, gastar milhões para alterar a cor da embalagem dos seus produtos, na esperança de cativar novos compradores.

E nem só a indústria alimentar presta atenção às cores. Os fabricantes de automóveis, de vestuário e de milhares de artigos de uso diário gastam enormes quantidades de dinheiro em estudos de mercado consumidor par saber quais as cores que tornam os seus produtos aceitáveis pelo público.

Por outro lado, os peritos de grupos de defesa do consumidor podem, por razões contrárias às expostas, usar luzes com filtros nos seus testes – fazendo-os sob luz neutra, procuram eliminar as cores como factores de decisão de compra por parte dos consumidores.


Imagine-se o espanto que senti ontem quando as redes televisivas entrevistaram o senhor Silva na ilha e se apresentou com uma camisa verde vestida e, ao desviar a vista olhando a parede branca da sala, recebi a sensação de que afinal aquela seria vermelha. Como podia esperar uma cor de laranja, fiquei seriamente admirado, sendo devido a tal fenómeno que decidi fornecer estas explicações a quem as pode não conhecer.

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