Depois de ser preso político durante vinte e
sete anos e de ser considerado um terrorista, Nelson Mandela surge de cabeça
levantada e sem qualquer animosidade, para se tornar o presidente do seu país.
A dez de Maio de 1994, perante os olhares de
dezenas de milhares de espectadores em Pretória, aviões a jacto da força aérea
sul-africana desenhavam a nova bandeira do país, com as suas diferentes cores.
Se no passado a força aérea fora uma poderosa
arma do regime que tinha instaurado a supremacia da “raça” branca há quase 50
anos, agora esses mesmos aviões prestavam a sua homenagem a um negro, o presidente
recém-empossado Nelson Mandela.
Rolihla Mandela nasceu em 1918 na cidade de
Umtara, na costa leste da África do Sul. Era filho de um chefe da tribo dos
Tembus, falantes do dialecto dos Xosas.
Numa altura em que poucos negros conseguiam
frequentar qualquer tipo de estudos superiores, Nelson Mandela estudou Direito
nas Universidades de Fort Hare e d Witwatersrand.
Em 1944, Nelson Mandela aderiu ao Congresso
Nacional Africano (ANC), organização política que exigia o direito de cidadania
total para os negros sul-africanos, o direito de serem donos da terra e a
revogação da legislação discriminatória. As suas actividades políticas cedo
atraíram a atenção das forças policiais. Em 1952 foi preso por pouco tempo, mas
em 1056 voltou a ser detido, desta vez com o fundamento de alta traição.
Após a morte de quase 70 manifestantes negros
desarmados pelas forças policiais em Sharpeville, em 1960, Mandela convenceu-se
de que apenas a resistência armada surtiria qualquer efeito. Quando começou a
defender actos de sabotagem contra o regime do apartheid, foi forçado a passar
sozinho à clandestinidade, tendo
abandonado sua mulher, Winnie, e os filhos de ambos. Viajou por toda a África
do Sul sob diversos disfarces. Deu entrevistas e tentou reorganizar o ANC como
movimento clandestino, ao mesmo tempo que ajudava a formar a sua ala militar,
Umkhonto we Sizwe (Espada da nação). Ficou conhecido como o Pimpinela Negro,
pela sua capacidade de escapar á polícia.
Entre 1964 e 1982 Mandela esteve preso em
Robben Island, na costa da Cidade do cabo. Mas, longe de ser esquecido, Nelson
Mandela tornou-se o centro da uma campanha contra o apartheid que, na década de
80, alastrou para lá da África do Sul.
Finalmente, a 10 de Fevereiro de 1990, o
presidente F. W. de Klerk, reconheceu o
fim do apartheid e anunciou a libertação do mais famoso preso político do
mundo. No dia seguinte, perante as câmaras de televisão. Nelson Mandela saiu em
liberdade.
Em 1991 tornou-se presidente do ANC. A sua
estatura política era tal que não surgiram quaisquer opositores à sua
candidatura.
Durante três anos conduziu negociações do
partido com o governo na tentativa de elaborar uma nova Constituição.
Em Abril de 1994 realizam-se as primeiras
eleições em que toda a população podia votar e, em maio do mesmo ano, Mandela
assumiu a chefia da Nação.
Humildemente curvo-me e rendo homenagem a um homem ímpar no mundo.
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