Examinando aprofundadamente o “doente”, pode
traçar-se um prognóstico completo acerca do seu estado-geral.
Tomando por doente o país que é Portugal,
pode verificar-se o seguinte: tem demasiados médicos, que na maioria dos casos
são mais curandeiros que outra coisa, e, ao que parece, mentirosos.
Por exemplo, o senhor Pedro: começou por
enfiar barretes aos cidadãos, mesmo antes de ser eleito, já que prometeu coisas
que nunca cumpriu, pelo contrário. Como ele, toda a sua equipa, o que realmente
prova haver coesão, forte coesão entre eles.
O seu “rei mago das finanças”, que sempre
falava muito pausadamente, com muito pragmatismo, decidiu formar uma equipa de “magos
e magas”, que falando desenvoltamente, decidiram fazê-lo faltando à verdade,
uma vez que se tornava necessário inculcar na opinião pública que todos os males
provinham do anterior elenco.
Mas, daí a afirmar que se trata de
irresponsáveis, vai muita distância. São totalmente imputáveis por todos os
actos praticados. É preciso dizer que todo o diagnóstico deverá procurar
determinar a parte de responsabilidade que a cada um incumbe, num determinado
caso, pois na exacta medida em que ela exista é que há “mérito” e, portanto, que deve haver ou não lugar a uma
sanção.
A primeira coisa a fazer é indagar de onde
procede, exactamente, a crise “sapeira”, isto é, dos “swaps”, considerada como
indisciplina financeira, muito perigosa par todos os pequenos contribuintes,
uma vez que são sempre eles a pagar pelos erros cometidos pelos grandes ou
assim considerados ou designados.
Sabemos que a indisciplina é um fenómeno de
compensação. Mas, o que compensa? Só uma análise minuciosa poderá esclarecer a
esse respeito.
Sim é, por exemplo, que ela pode ser uma
manifestação de hostilidade, por parte de actual detentora da pasta, madame
Maria Luís, de seu nome, de ciúme, de inveja, e dizer respeito a todo o
complexo social nacional.
Pode relacionar-se ao domínio intelectual. Desprezo
ou desdém por uma ideia, pela verdade, um sistema de princípios, um conjunto de
tradições. Pode ser uma reacção sentimental ou imaginativa. Uma afeição
desprezada, por exemplo, provocará quase fatalmente a insubmissão ou a falta de
respeito, como tem acontecido ao obrigarem a senhora deslocar-se a comissões de inquérito na Casa
da Democracia.
Isso significa que a verdadeira causa da
crise, no mais das vezes, permanecerá oculta.
Bem sagaz é aquele que, sem a confissão do
interessado, neste caso no feminino, consegue apreendê-la com exactidão. Mas, o
que é certo é que ela procede, ela confissão, evidentemente, de uma das camadas
mais profundas da personalidade, visto que, no fundo, é constituída pelo
protesto de determinado indivíduo contra o dano sofrido pela sua aspiração
pessoal
E, na maioria das vezes, esse protesto
compensador exerce-se, como é evidente, num sentido completamente diferente
daquele que seguia o impulso reprimido.
Tudo se passa como se, não podendo afirmar-se
de determinada maneira, e sendo vital a necessidade de afirmação, se afirmasse
de outra maneira.
Como diagnóstico final, o doente não poderá,
assim, apresentar melhorias no seu estado-geral e corre mesmo o risco de piorar,
como diz o sábio povo português, a olhos vistos.
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