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quarta-feira, 17 de julho de 2013

«A SUBVERSÃO SOCIALISTA»

 A ideologia estruturou uma malha cerrada da qual não se pode sair sem danos. Daí, o sentido e a necessidade do derrube de um platonismo o que, metaforicamente, equivale a um convite a rasgar essa rede metafísica. De que é constituída?

De um certo número de crenças propostas no  absoluto, intocáveis e apresentadas sob a forma de fetiches que se devem adorar a fim de possibilitar essa “religião” filosófica consensual.

Da origem do pensamento à su expansão contemporânea, os pontos fixos permanecem os mesmos.

Em primeiro lugar, está a promoção de uma alma separada, princípio federativo e governamental que organiza e deseja o corpo, a carne, os desejos e os prazeres submetidos ao seu domínio.

Mesmo quando definida de maneira heterodoxa enquanto matéria, tanto como substância extensa como pensante, envelope do corpo ou princípio energético, a alma lá está, como um vigia tomando conta do conjunto do corpo assimilado ao que resta.

Informadora, ela recebe a informação através do princípio divino que a origina e que lhe transmite ordens. Enquanto alma, intercede como auxiliar espiritual e fornece a oportunidade de uma encarnação que permite o animal material conhecer o sopro ideal.

Em seguida, em consequência dessa alma actuante, a consciência aparece como condição para possibilitar julgamentos claros e distintos, estáveis e estabelecidos, dedutivos e apodícticos.

Semelhante a um máquina de guerra destinada a produzir verdade, a consciência é elevada à dignidade de mecanismo eficaz, operatório e incontestável.

Soberana na ordem dos julgamentos, ela confessa uma submissão à ordem da verdade.

Tendo o conjunto como finalidade a edificação e a legitimação das certezas úteis ao social – vale mais a pena dizer, `s mentiras de grupo – a consciência torna-se moral, o que possibilita e justifica tanto mais o remorso,  culpabilidade, a lembrança do erro.

Daí a genealogia da responsabilidade, necessária aos empreendimentos disciplinares construídos sobre o castigo e por ele legitimados.

Finalmente, também era preciso que este indivíduo, dotado de uma alma e de uma consciência, espiritualmente enriquecido por uma razoavelmente gratificado por outra, fosse decretado livre, para que o bom ou o mau uso desses instrumentos pudesse constituir um prova contra ele ou a seu favor.

Aí surgem as técnicas disciplinares, as lógicas normativas e outros mecanismos destinados a produzir verdade, melhor dizendo: a do social.

Interiormente dotado de plenos poderes, o indivíduo encontra-se limitado no seu uso pelos imperativos sociais que se erguem continuamente contra a sua soberania.

O presidente falou num governo de salvação nacional. Pois! Mas, para salvar quem? Mas o PS, mesmo sabendo o que se vive e viverá no seio do povo, prefere também desviar os olhos da triste realidade que em Portugal se vive!


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