Assumindo sempre o que digo, escrevendo estas
palavras, temo que sejam recebidas como censuras. Infelizmente, é uma
realidade, e da experiência quotidiana, que a maior boa-fé do mundo pode ser
surpreendida.
«A vossa, como dizeis, como foi? Como é? Que
é?» Falais verdade, confessando que não sabieis o que se tem passado no país
com as forças de direita no poder?
O mal está feito e o dever de o obviar é o
mais urgente. Por isso, informações que, por motivos fortuitos, não pensasteis
em solicitar, ireis procurá-las agora? Na conversa que ireis ter com os
partidos políticos, perguntareis claramente, lealmente: !Quem é fulano? Que
vale ele? Será que existe uma vontade séria que não responda aos interesses do
capital, dos benefícios concedidos a seus amigos? Haverá, real e efectivamente,
o interesse de proporcionar a democracia a todo o povo português? É esse, ou
melhor, são estes os primeiros pontos que é preciso esclarecer.
Desde há vários meses que lanço apelos a quem
possa ajudar os portugueses a sair do impasse em que foi colocado pelos
governos, actual e anteriores, apelando à criação de um verdadeiro governo de
Salvação Nacional que, sem qualquer receio ou distinção, englobe todos os
partidos com assento parlamentar.
Cedo reconheci a incapacidade e a
incompetência, verdadeira indigência
política que o ainda governo de Portugal nos oferecia; eram demasiadas as
amostras que diariamente nos davam dessas adjectivações mais que motivadas.
Mas, seria ele o único culpado pela miséria
galopante que se apossou do país e do povo português? A quem a culpa de termos
chegado ao ponto em que nos encontramos?
É evidente que alguém dirá que a culpa é dos
portugueses que votaram neles! Será assim, ou pelo contrário, será das campanhas
e propagandas mentirosas que fizeram a um povo ansioso, ávido de uma vida
melhor, especialmente os mais velhos, que já viveram os velhos tempos da
ditadura e do fascismo, que ajudaram a fazer Abril de 1974, para que seus
filhos e netos pudessem viver livres e melhor que eles viveram…
Portugal mais parece hoje um filme de terror,
mas um filme que o não é efectivamente, antes um pesadelo onde os oportunistas
tomaram conta de tudo, remetendo o povo para a mais profunda “miséria
democrática” de que possa haver memória.
Ora, dessa forma, os “realizadores” desse
filme deverão ser severamente punidos, pois além do mais até tinham antes o
Fado Português e, em vez dele, atiram-nos areia para os olhos e “achas para a
fogueira sempre acesa” que vai consumindo tudo o que pode e, sobretudo, deveria
ser pertencente a esse mesmo povo. Sim, nós!
Decidiram, esses “senhores dominantes” que
não! Que nós aguentaríamos tudo qunto decidissem fazer, quanto decidissem
roubar-nos, quanto decidissem impor-nos custasse o que custasse, pudessemos ou
não continuar a ser considerados “homens e mulheres e crianças” de Portugal,
com todos os direitos consagrados na Magna Carta dos Direitos Humanos! Direitos
que, diga-se, nunca foram respeitados em Portugal, o que foi causando o
desgaste que hoje se sente, que hoje se vive entre a cidadania nacional.
Porque eles dizem – e admira-nos tal
inconsciência – “as coisas apenas vistas, ou apenas lidas, são esquecidas”. Erro
profundo!, porque coisa alguma deixa de ser também sentida, vivida!
Portanto, e sempre esperei que não houvesse
qualquer acordo entre estes partidos e que o presidente da República se veja
obrigado a convocar eleições antecipadas, não á “la longue”, para dentro de um
ano, mas para dentro de pouco tempo, devolvendo assim a palavra aos
portugueses, únicos que podem e devem tomar as decisões que só a eles competem.
Estabilidade sim, mas não a qualquer preço.
Viva Portugal Livre!
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