Embora em virtude do seu nascimento algumas
mulheres tenham exercido o poder e deixado a sua marca na História, a maioria
passou ignorada os anos da sua vida. penas as reformas do século XX começaram a
trazer-lhes igualdade em relação aos
homens, havendo, todavia, ainda muito a fazer nesse sentido.
A maternidade tem sido o principal obstáculo
à independência das mulheres.
Até à transformação da obstetrícia e ao
controlo da natalidade, no século XX, as mulheres passavam grande parte das
suas vidas grávidas. O parto era perigoso e a mortalidade infantil elevada. A
preocupação das mulheres com a criação dos filhos é responsável, em grande
medida, pelo seu relativamente menor papel na História. No entanto, antes de
conseguirem obter a igualdade de direitos, tiveram também de ultrapassar
preconceitos profundamente inculcados.
O filósofo grego Pltão classificava as
mulheres com os filhos e os escravos como seres sem raciocínio. Considerava que
a sua natureza era inferior à dos homens “na capacidade para a virtude”. Esta
atitude era um lugar-comum no mundo antigo e persistiu durante séculos em quase
todas as sociedades.
A maior parte das sociedades antigas eram
patriarcais. As mulheres eram donas-de-casa, sem poderem manifestar a sua
opinião sobre os assuntos importantes das suas vidas. Uma mulher era um mero
bem móvel, tal como o poeta Hesíodo observou quando emitiu o seguinte conselho
aos seus compatriotas: “Em primeiro lugar, arranja uma casa e uma mulher e um
boi com o qual lavrar.”
As mulheres nunca eram livres de escolher um
marido e podiam ser passadas de um par outro, tal como aconteceu à primeira
mulher do estadista ateniense Péricles. O Código de Manu, um código jurídico
sânscrito, estabelecia que as mulheres indianas estavam sob o domínio absoluto
dos homens.
O dever de uma mulher era venerar o seu
marido como um deus, mesmo que ele fosse um tirano. As mulheres persas viviam
em estrito isolamento dentro do harém, não vendo quaisquer homens, excepto os
seus maridos, filhos e os eunucos que cuidavam delas.
Quando a bela rainha Vashti, da Pérsia,
rejeitou a exigência do seu marido de se exibir em frente dos seus companheiros
de bebida, os homens recearam que tal rebelião pudesse ser transmitida também
às suas mulheres.
Nos primeiros tempos da Igreja Cristã, as mulheres eram quase tão zelosas como os Apóstolos a espalhar o Evangelho. Algumas exerciam a função dos sacerdotes nas primeiras igrejas e tomaram parte em cultos públicos.
Mas, nos livros mais recentes do Novo
Testamento, como as Epístolas de S. Paulo a Timóteo, as mulheres são vistas como
inaptas par ensinar ou para deter autoridade sobre os homens só pelo facto de
ter sido um mulher, Eva, a introduzir o pecado no mundo.
A Igreja Católica decretou mais tarde que as
mulheres não deveriam receber as ordens e baniu-as de ministrarem no altar.
Quando a Igreja se tornou politicamente
influente, garantiu que não fossem concedidas às mulheres direitos civis que
pudessem ser contrários à sua doutrina. Opôs-se particularmente a maiores
direitos par mulheres casadas e preferiu a lei romana, que mantinha s mulheres
sob protecção dos seus pais e mais tarde
de seus maridos.
Quando a leitura e a escrita foram
desenvolvidas na Suméria e na Babilónia no segundo milénio antes de Cristo, foi
negada às mulheres a possibilidade de as aprenderem.
Durante milhares de anos os seus descendentes
possuíram pouca escolaridade formal: o objectivo da educação era visto como a
preparação dos homens par a liderança.
Mas as mulheres não eram totalmente
desprovidas de educação. Não existiram escolas para raparigas até ao século
XVI, mas nos séculos anteriores as famílias ricas empregavam um tutor para
educar as suas filhas ou pagavam um dote para que fossem educadas num convento.
Na Europa, após o século XIII, a educação
das mulheres decaiu para o estudo do misticismo. O crescimento das
universidades, que apenas admitiam homens, minou o uso dos conventos como
centros de aprendizagem.
A persistência das mulheres levou, no
entanto, a que se desse início a uma “igualdade” que, ainda nos dias de hoje
peca por pequena ou mínima, apesar do que possa ser afirmado nas actuais
sociedades que, como se sabe, são lideradas por homens que ocupam os poderes
decisórios na esmagador maioria dos países.
Homem e mulher foram criados um para o outro,
dentro do máximo respeito entre ambos, pois, do ponto de vista intelectual, não
existe qualquer diferença.., a não ser, talvez, em favor da mulher. O que
também acontece graças a toda a sua beleza e complementação do homem.
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