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domingo, 14 de julho de 2013

«A TENTATIVA DE SEQUESTRO DA DEMOCRACIA»

Para as ideias medíocres e os que nelas se comprazem, o alto designa a transcendência, o além, quando, a meu ver, ele significa a possibilidade, até aos limites conhecidos, os únicos, de uma orla qualitativa onde uma leitura puramente rasteira e linear implicaria o quantitativo.

A mística decorre dos postulados que a nossa alma nos constrói acerca dos quais não nos podemos impedir de pensar que guiam toda uma existência, uma ética e princípios, um pensamento e acções.

Ela quer que o império  que aspiram todas as energias atrevidas e propõe-se como única resposta possível par libertar os que vegetam nos três círculos infernais da miséria, e par realizar, no plano dos factos, o ateísmo que autorizaria poisar no chão o ídolo economicista.

Aliás, há dias foi dada uma demonstração, pelo senhor Silva de Boliqueime, cabal, de como deve realizar-se, executar-se o sequestro da democracia em Portugal, com a sua arrogância bem patente e seu discurso selectivo, arredando do caminho aqueles eleitos por uma boa parte dos portugueses, razão pela qual cito a mística de esquerda que, par ser susceptível dela – mística – supõe, portanto, uma translação ética do domínio horizontal – onde vai buscar metaforicamente o seu sentido – para um registo vertical.

Portanto não é, de modo algum, um programa para um partido ou uma plataforma com fins eleitorais, como não tende, aliás, a fazer o catálogo, tipo enumeração, do que foram as vitórias e os triunfos da esquerda.

A definição de uma mística de esquerda implica a busca da energia que a constitui. Uma busca e uma descoberta, pois em nada serviria de se obrigar  pesquisar se, por acaso, neste terreno, nos devêssemos contentar com uma espécie de teologia negativa como única maneira de nos aproximar ou de abordar regiões impossíveis, margens improváveis.

Decidiu o senhor Silva de Boliqueime demitir o governo a longo prazo, isto é, com um ano de prazo para tentar compor, consertar tudo qunto tem desarranjado na sociedade portuguesa.

Como todos sabemos, os discursos já nada ganham em pretenderem apoiar-se no objectivo, no racional, na verdade, na dedução, quando, disfarçados, permanecem todos fundamentalmente inspirados pelo visceral. E foi a um discurso mais que visceral a que pudemos assistir através das televisões, pretendendo impôr uma coligação  três, agora e até ao momento em que termine  presença dessa tal troika entre nós. Depois, sem mais delongas, realizar-se-iam eleições antecipadas, o que pretende dar tempo aos partidos da actual coligação a dois de se recompor aos olhos da cidadania.

Vozes se levantaram criticando-o por se ter propositadamente esquecido daquelas duas forçs políticas de esquerda, mobilizadoras da sociedade, uma vez que pretende a paz, nem que totalmente pôdre, social.

Em seu entender, ultrapassar-se-ia o propósito colocado `política ao fazer a psicanálise dos empenhamentos que decidem, para este e aquele, de se instalar radicalmente n direita ou na esquerda – excluo, evidentemente, os profissionais da renúncia, os renegados que vão de um lado par o outro, segundo os interesses que ora os conduzem aqui, ora acolá, tanto quanto os centristas, essa peste da política que acampa a igul distância daqueles a quem se venderá, desde que uns ofereçam mais que os outros.

Aliás, devemos-lhes um das desqualificações mais em voga do termo “esquerda”. Pelo que é preciso ver-se a sua vitalidade, pois se a direita e esquerda nada mais significam, se as duas categorias estão ultrapassadas, como firmam aqueles cujo espírito, no máximo das suas possibilidades, se encontra o psitacismo, então porque motivos só proferem semelhantes disparates na altura em que o sócio capitalista no poder está em cuidados para encontrar apoio noutro local, sempre ao centro, quando estão prontos par lho concederem em troca, apenas, da partilha das pastas ministeriais?


A recusa da partilha e da clivagem entre direita e esquerda é um facto dos homens de direita ou daqueles que são motivados unicamente pelo poder em si mesmo, o que ficou bem demonstrado pelas pretensões do senhor Silva de Boliqueime naquele seu discurso um tanto incoerente.

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