Mais logo, quando for içada a bandeira
nacional no palácio de Belém, todos ficaremos a saber que já lá terá chegado
aquele que, todos o dizem, é o representante máximo da Nação, sendo o que muito
bem se constata em certos estratos sociais.
Trata-se do designado mais alto magistrado da
Nação, o presidente da República, talvez o político mais titubeante de que
tenhamos memória desde que o país “sonha” que vive em democracia.
Serão muitos a pensar assim; mas, que eles comam
tudo quanto lhes colocam na frente, e imediatamente, será problema deles.
Actualmente, no nosso país prepara-se não sei
que iguaria, não sei que farinha para crianças anémicas que ainda não pensam,
as coitadas, que, à força de receberem alimentos demasiado leves, não sentem
apetite. O que, em suma, é apenas um meio mal social nacional. O pior é que,
enfraquecida fisicamente, a cidadania, destituída de vontade, de enrijecimento,
se tornará também anémica moralmente.
Dizem os políticos dominantes que assistem a
um espectáculo instrutivo, reconfortante, já que sempre foi desejável que, como
disse alguém nos tempos da ditadura, “o povo para ser humilde e obediente, deve
passar fortes privações!”
Poderia encher várias páginas acerca deste
assunto e citando vários exemplos, preferindo, no entanto, ficar por aqui.
Porquê? Porque o abuso do conforto ocasionou a aversão e a falta de hábito do
esforço. E os portugueses devem viver sempre e cada vez mais esforçados.
Não falo apenas das costas arqueadas, dos
tórax encolhidos, dos ombros caídos, mas da flexibilidade da vontade, do
abandono, que é a sua fatal
consequência, e a mais grave, aliás.
Médicos falam da falta de resistência à
fadiga muscular e nervosa, da indolência, física, da falta de rigidez, mas não
se cuida muito do que são, igualmente, sinais de que é forçoso interpretar tudo
no plano mental.
E, paradoxalmente, é em momentos como estes,
que alguém tem a distinta honra de fazer anunciar que se vão racionar os
remédios, isto é, os medicamentos farmacêuticos, para melhor racionalizar o seu
consumo, nem que seja após a morte..!
Que mil raios me partam se compreendo
semelhante decisão, que a médio prazo causará a ruina física e mental de uma
grande parte da população nacional, sobretudo a dos velhos deste país, mas também de muitas
crianças que nascem debilitadas.
E, queira ou não, dou comigo a imaginar o
mundo em retrocesso de pelo menos 75
anos, quando surgiu aquele lunático chamado Hitler, que pretendia recriar a
raça ariana e mandar abater quem nascesse deficiente ou atingisse certa idade
com alguma doença.
Não deveremos ficar admirados que, qualquer
dia, comecem a racionar também os produtos alimentares, que seja criada uma
nova Direcção Geral da Intendência Nacional, que apenas os capitalistas possam
alimentar-se convenientemente – o que aliás já sucede – e que os mais pobres e
carentes sejam recolhidos já mortos pelas ruas das cidades portuguesas, quer
por falta dos medicamentos quer pela falta de alimentação.
Que ninguém me peça para manter a calma, já
que ver morrer os meus semelhantes sem qualquer apoio, sem o apoio desejado e
merecido por todo o ser humano, mas que o actual governo recusa apenas por
razões economicistas.
Não foi em vão que nomearam um economista
como ministro da saúde!
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